Isso fez com que um número crescente de pessoas olhasse além dos destinos tradicionais, como a Grécia e Portugal, a favor de coolcations — férias para partes do mundo com climas mais amenos. Quase metade dos consultores de viagens de luxo da Virtuoso já afirma que os clientes estão alterando os planos devido às mudanças climáticas.
Ondas de calor na Europa fizeram com que pontos turísticos como a Acrópole, em Atenas, e a Torre Eiffel, em Paris, fechassem neste verão, e a região deverá enfrentar uma crescente divisão no turismo devido ao impacto desigual das mudanças climáticas.
As regiões costeiras do norte provavelmente terão um aumento de mais de 5% na demanda durante o verão e o início do outono, enquanto partes do sul perderão quase 10% dos turistas de verão, de acordo com um estudo da Comissão Europeia.
Essa tendência provavelmente será replicada no mundo todo.
Temperaturas perigosamente altas reduziram números de visitantes no Tokyo Disney Resort, e o operador de parques temáticos dos Estados Unidos, Six Flag Entertainment, disse que o clima severo, incluindo ondas de calor, causou uma perda de quase US$ 100 milhões no segundo trimestre, ao reduzir a perspectiva de receita. Enquanto isso, lugares como a Antártida, a Noruega e a Islândia viram a popularidade aumentar.
De parques de gelo a oásis verdes nos centros das cidades, veja como o mundo tenta ajudar os turistas a escapar do calor.
Abu Dhabi: brisa canalizada
Abu Dhabi está combinando práticas antigas e tecnologia de ponta para combater o calor extremo que fez as temperaturas diurnas subirem para 51,8°C neste mês — quase um recorde.
A Cidade de Masdar já é uma das mais sustentáveis do mundo, com a maior parte das suas necessidades energéticas geradas por painéis solares nos telhados e uma central fotovoltaica local que compensa cerca de 15.000 toneladas de emissões de carbono por ano.
Além da tecnologia de ponta, Masdar buscou modernizar o tradicional túnel de vento de Barjeel, que canaliza a brisa para o centro da cidade. As ruas estreitas e sombreadas também ajudam a criar um microclima vários graus mais frio do que as áreas circundantes, e os edifícios são orientados para maximizar a sombra.
Harbin: clima ameno no inverno
Enquanto as metrópoles do sul da China sofrem com o calor escaldante, a cidade de Harbin, no norte, se destaca como um refúgio de verão com clima temperado. Mais conhecida pelos invernos rigorosos, com temperaturas que chegam a -25°C, a cidade agora traz o festival de gelo característico para os meses mais quentes.
O Harbin Ice and Snow World, o maior parque temático de inverno do mundo, permite que os turistas passeiem por esculturas de gelo em amplas instalações internas. A tecnologia avançada de fabricação de neve da atração pode até fazer nevar lá fora em temperaturas que excedam 20°C, de acordo com a Xinhua.
A cidade é representativa do impacto econômico desequilibrado das mudanças climáticas, já que áreas afetadas por ondas de calor cada vez mais frequentes perdem dinheiro do turismo e regiões mais frias se beneficiam do fluxo de visitantes. Um estudo com 280 cidades chinesas revelou que para cada aumento de 1°C na temperatura, a receita do turismo doméstico caiu 6%.
Sapporo: neve derretida e armazenada para o verão
Enquanto a umidade inebriante do verão paira sobre a maior parte do Japão, Sapporo, na ilha de Hokkaido, ao norte, é um refúgio cada vez mais popular para o coolcation.
As temperaturas mais amenas oferecem um alívio, mas a estratégia de mitigação de calor mais singular de Sapporo é algo que aproveita o recurso mais abundante do local: a neve.
A cidade implementou um sistema, inclusive no famoso parque de artes Moerenuma e em shoppings, que derrete a neve armazenada durante o inverno e utiliza a água gelada em sistemas de ar-condicionado.
Copenhague: banhos públicos e limpeza do porto
Enquanto algumas partes da Europa são abaladas pelos protestos antiturismo, Copenhague recompensa visitantes por ações favoráveis ao clima.
O programa CopenPay oferece excursões gratuitas e descontos para viajantes que pegam o trem para a cidade e ficam mais tempo, em um esforço para reduzir as emissões de transporte — que resultam no maior impacto climático na indústria do turismo.
Esforço de 3 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 468 milhões) de Copenhague para limpar o porto também renderam frutos e os banhos públicos viralizaram nas redes sociais.
Paris tem 800 ilhas frescas
Paris decepcionou os visitantes quando fechou a Torre Eiffel durante a recente onda de calor de julho e as temperaturas estão novamente ultrapassando 40°C em agosto.
A cidade combate o calor extremo com a criação de mais de 800 ilhas frescas – parques, florestas, piscinas e museus — ao longo de passarelas sombreadas para oferecer descanso aos turistas, e oferece um aplicativo interativo, o Extrema, que guia os usuários até os espaços frescos mais próximos.
Singapura aposta em jardins verticais e coletores de chuva
As icônicas Supertrees de Singapura são uma grande atração turística, mas também desempenham um papel importante como pulmão verde da cidade.
As estruturas de concreto que se estendem por até 50 metros de altura atendem a uma variedade de propósitos, desde jardins verticais até coletores de chuva, enquanto torres de entrada e saída de ar ajudam a controlar as temperaturas no amplo complexo Gardens by the Bay.
Além da principal atração turística, Singapura adotou projetos que utilizam pavimentos porosos e espaços verdes para absorver a água da chuva e manter a cidade mais fresca.
Também utiliza sistemas Airbitat em espaços públicos e em eventos como o Grande Prêmio de Fórmula 1 de Singapura, projetados para serem 80% mais eficientes em energia do que as unidades de ar condicionado convencionais.