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A empresa que se arriscou a vender coxinhas em Wall Street agora prepara expansão nacional nos EUA 

Criada por paulistanos, Petisco Brazuca exalta comida de rua brasileira e deve faturar US$ 2,5 milhões este ano

New York Loves Coxinha. A frase está no topo da caixa de delivery da Petisco Brazuca, marca nascida na cidade em 2013 e que, desde então, tornou-se referência da categoria de salgados brasileiros na cidade. Agora, a marca criada pelo casal Ricardo Rosa e Vanessa Oliveira se prepara para ganhar escala nacional nos Estados Unidos em meados de 2025, com a venda de produtos congelados.

A Petisco Brazuca tem produção mensal de 300 mil salgados, todos elaborados em uma cozinha industrial no bairro Bed-Stuy, no Brooklyn. Além das vendas online e da loja instalada em frente à sede, a marca opera em outros três pontos de vendas em pontos de alto tráfego de pedestres, como Wall Street e Times Square, em Manhattan, e no Dekalb Market, também no Brooklyn.

As vendas devem gerar um faturamento de US$ 2,5 milhões (R$ 14,2 milhões) em 2024.

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Entre os clientes, há uma diferença entre o público que compra os salgados na rua e aquele que faz encomendas online. “Na rua, cerca de 98% do nosso público é de americanos ou outras nacionalidades”, conta Ricardo ao InvestNews. Pelo site, a maior parte dos pedidos é para eventos de brasileiros – são caixas com 30, 60 ou 120 salgados. “Os brasileiros são os nossos maiores apoiadores, mas o negócio não se sustentaria apenas com o mercado da saudade”, explica Ricardo.

 “Os nuggets de frango são um dos itens mais consumidos pelos americanos. E isso faz com que eles se familiarizarem facilmente com esta novidade”, explica o paulistano, que chegou com Vanessa a Nova York em 2012 com o plano de fazer intercâmbio e estudar inglês. Ricardo, que em São Paulo atuava na área de publicidade e mídia, e Vanessa, que era bancária, tinham a ideia de ficar um ano na cidade. Apaixonaram-se por Nova York e decidiram ficar.

O início da empreitada

Para gerar renda, o pernambucano Ricardo e a paulista Vanessa começaram a vender coxinhas preparadas por eles na minúscula cozinha de casa. Além das horas dedicadas ao preparo do salgado, o casal passava horas no metrô fazendo entregas de porta em porta.

Ao notar que o negócio daria samba, Ricardo passou um ano trabalhando em restaurantes para entender os bastidores do setor de alimentação. O casal ainda se conectou a cozinhas incubadoras, onde se concentram empreendedores que trocam experiências, e contratou consultores para orientá-los sobre legislações do departamento sanitário e formas de construir uma cozinha industrial.

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Duas pessoas vestindo blusas de moletom pretas com o logotipo "Petisco Brazuca" segurando bandejas de salgados brasileiros, com representações gráficas de alimentos típicos ao redor.
Os empreendedores Ricardo Rosa e Vanessa Oliveira. Foto: Divulgação; Ilustração: João Brito

Em 2017, a produção deixou de ser manual: Ricardo e Vanessa investiram US$150 mil no negócio, incluindo o aluguel do primeiro ponto comercial e a importação de maquinário do Brasil. “De lá para cá, a popularidade destes equipamentos fez o preço cair de US$ 20 mil para US$ 4 mil”, conta Ricardo. As horas no metrô também são coisa do passado: hoje, as entregas de pedidos online são feitas com carros e vans da empresa.

Estratégia para ganhar os americanos

“A pronúncia de Petisco Brazuca não é fácil para estrangeiros”, admite Ricardo. “Mas se eles podem falar Le Pain Quotidien, em francês, eles podem arriscar o nosso nome”, diz, referindo-se à cadeia global do restaurante belga. 

Ricardo explica que o crescimento da marca foi dividido em duas etapas: o primeiro objetivo era tornar referência na categoria de coxinhas; o segundo, introduzir a novidade aos americanos, mas sem gastar rios de dinheiro para isso. Era preciso ir até o público, descobrir quais eram os eventos por onde circulavam aqueles abertos a novidades gastronômicas. 

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Para isso, o casal estudou os melhores pontos de Nova York para introduzir a “cosheenya”, grafia que eles usam para ensinar os locais. A estratégia deu certo: desde 2018, a marca está presente nas principais feiras de rua, como a Smorgasburg nos meses ensolarados e as feiras natalinas da Columbus Circle e Union Square, além do Winter Village do Bryant Park, que acaba de reabrir para a sua temporada de 2024.

“Para a seleção da Smorgasburg, o maior evento de comidas de rua do mundo, concorremos com mil candidatos. Ficamos entre seis finalistas. Apenas três foram aprovados: além de nós, a Viola Cucina, de irmãs venezuelanas, e a The Pizza Cupcake, marca que recebeu aporte de investidores do programa de TV Shark Tank”, diz Ricardo.

Ricardo, que criou a logomarca e toda a comunicação visual da empresa, comemora cada vez que é abordado na rua por americanos ao vestir o moletom estampado com a coxinha do Petisco Brazuca. Da rua, a marca vai agora para freezers de produtos congelados. Para isso, a Petisco Brazuca está em busca de uma cozinha industrial maior e já negocia com redes de supermercados nacionais. Por enquanto, Ricardo faz segredo sobre os nomes delas. 

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