Caio Bonfim conquistou a medalha de prata na marcha atlética das Olimpíadas de Paris 2024 em uma conquista inédita e histórica para o atletismo do Brasil. O atleta de 33 anos, natural de Sobradinho (DF), vai ganhar o prêmio de R$ 210 mil pela conquista, segundo valores definidos pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
LEIA MAIS: Quadro de medalhas das Olimpíadas 2024
Disputando sua quarta Olimpíada, Caio Bonfim é um dos esportistas contemplados pelo bolsa-atleta, programa de incentivo promovido pelo Governo Federal.
De acordo com uma portaria do Ministério do Esporte publicada em abril, Caio Bonfim se encaixa na categoria pódio e recebe uma bolsa de R$ 16,6 mil por mês.
A medalha de prata é a vitória deste atleta que, desde que começou a treinar, teve que lidar com a desconfiança e dificuldades em conseguir patrocínio, além do preconceito contra os praticantes deste esporte. Na marcha atlética, o corredor não pode tirar um dos pés do chão, então para conseguir atingir uma boa marca tem de aumentar o ritmo das passadas com muito jogo de quadril.
“Tem que ter muita coragem de viver de marcha atlética. E hoje sou medalhista olímpico!”, desabafou Bonfim em entrevista para o repórter João Barretto, da Cazé TV, logo após ganhar a medalha de prata nesta quinta-feira (1º). “Você tem que lidar com tantas dores. Eu senti a mão de Deus comigo.”
O que é o Programa Bolsa Atleta?
O programa Bolsa Atleta foi lançado em 2005 para beneficiar atletas de alto desempenho que obtêm bons resultados em competições nacionais e internacionais de sua modalidade. Segundo o Ministério do Esporte, o programa “garante condições mínimas para que se dediquem, com exclusividade e tranquilidade, ao treinamento e a competições locais, sul-americanas, pan-americanas, mundiais, olímpicas e paralímpicas”.
Os atletas podem receber de acordo com seis categorias.
São seis categorias de bolsa oferecidas pelo Ministério do Esporte, desde o atleta de base ao que já disputa pódios.
A partir da assinatura do termo de adesão, os contemplados recebem o equivalente a 12 parcelas do valor definido em cada categoria.
No fim de junho, o governo federal anunciou um reajuste de 10,86% no valor da bolsa para todas as categorias — o primeiro em 14 anos. Veja abaixo:
- Atleta de Base: R$ 410/mês
- Estudantil: R$ 410/mês
- Nacional: R$ 1.025/mês
- Internacional: R$ 2.051/mês
- Olímpico/Paralímpico: R$ 3.437/mês
- Pódio: até R$ 16.629/mês
Os atletas olímpicos e paralímpicos são beneficiados com a bolsa “pódio”. Para isso, precisam estar entre os 20 melhores do ranking mundial ou de uma prova específica. O Ministério do Esporte diz que mais de 9 mil atletas são beneficiados atualmente, sendo 359 deles na categoria Pódio. O investimento total chega a R$ 347 milhões.
Dezenas de atletas que também estão nas Olimpíadas e são contemplados pelo Bolsa Atleta. Veja a lista abaixo com alguns deles e os valores recebidos, segundo o decreto publicado pelo governo em dezembro de 2023:
- Abner Teixeira (boxe) – R$ 8.869
- Ana Marcela Cunha (maratona aquática) – R$ 12.195
- Ana Patrícia (vôlei de praia) – R$ 16.629
- Ana Sátila (canoagem) – R$ 12.195
- Augusto Akio (skate) – R$ 16.629
- Bárbara (vôlei de praia) – R$ 16.629
- Beatriz Ferreira (boxe) – R$ 16.629
- Bia Haddad (tênis) – R$ 8.869
- Caio Bonfim (atletismo) – R$ 16.629
- Duda (vôlei de praia) – R$ 16.629
- Filipe Toledo (surfe) – R$ 16.629
- George (vôlei de praia) – R$ 16.629
- Guilherme Costa (natação) – R$ 12.195
- João Chianca (surfe) – R$ 12.195
- Kahena Kunze (vela) – R$ 12.195
- Kelvin Hoefler (skate) – R$ 8.869
- Keno Marley (boxe) – R$ 12.195
- Luana Silva (surfe) – R$ 12.195
- Luisa Stefani (tênis) – R$ 8.869 cada)
- Marcus D’Almeida (tiro com arco) – R$ 16.629
- Martine Grahel (vela) – R$ 12.195
- Mayra Aguiar (judô) – R$ 16.629
- Pâmela Rosa (skate) – R$ 8.869
- Rebeca Andrade (ginástica artística) – R$ 16.629
- Tatiana WestonWebb (surfe) – R$ 16.629
- Willian Lima (judô) – R$ 12.195
LEIA MAIS: Judô se consolida como o esporte com mais medalhas do Brasil em Olimpíadas
Mãe e treinadora
Caio Bonfim é atleta do Centro de Atletismo de Sobradinho (Caso Atletismo), um projeto social fundado pelos pais dele, João e Gianetti Bonfim. A mãe dele foi campeã sul-americana da marcha atlética, obteve índice olímpico para disputar as Olimpíadas de Atlanta em 1996, mas não pode ir por falta de apoio. Hoje, Gianetti é a treinadora do medalhista olímpico.
Caio disse que prometeu aos pais que seria medalhista olímpico e agora comemora sua conquista do pódio aos pés da Torre Eiffel, em Paris. “Corri os últimos 4 km com um pace abaixo de 3min40. Eu ando mais rápido do que muita gente que corre por aí!”
Ele também é sargento da Força Aérea Brasileira (FAB) e faz parte do Programa de Atletas de Alto Rendimento (PAAR) da Comissão de Desportos da Aeronáutica (CDA). O programa é uma iniciativa do Ministério da Defesa, em parceria com o Ministério do Esporte, e abrange 543 atletas atualmente. Eles recebem salário, 13º, férias, assistência médica (incluindo nutricionista e fisioterapeuta), além de todas as instalações esportivas militares adequadas ao treinamento, nos centros da Marinha, Exército e Aeronáutica.
Além de Caio Bonfim, outros 97 atletas são patrocinados pelo Ministério da Defesa.
Prêmio pela medalha de prata
Com o pódio inédito conquistado, o atleta ainda vai ganhar R$ 210 mil do Comitê Olímpico Brasileiro pela medalha de prata.
Para os jogos de Paris-2024, o COB estipulou uma série de prêmios para cada “cor” de medalha conquistada pelos atletas do Brasil.
Os valores são divididos por categorias: individual, equipes de 2 a 6 atletas e times com 7 atletas ou mais.
LEIA MAIS: Como funciona o bônus do COB para medalhistas brasileiros
Veja também
- Após boom-olímpico, França sofre ressaca com alta da incerteza econômica
- Medalhas: num ranking balizado por PIB per capita, Brasil ficaria à frente dos EUA
- O que funcionou e o que não funcionou nas Olimpíadas de Paris 2024?
- Quando começam as Paralimpíadas de Paris 2024?
- COB vai pagar R$ 5,39 milhões pelas medalhas do Brasil nas Olimpíadas