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Nelson Mandela
Descubra a sua biografia e vida em meio ao apartheid, além de frases mais famosas e a sua importância para o mundo
Descubra a sua biografia e vida em meio ao apartheid, além de frases mais famosas e a sua importância para o mundo
Nome Completo | Nelson Rolihlahla Mandela |
Nascimento | 18/07/1918 |
Local de Nascimento | Mvezo, África do Sul |
Filhos | 6 |
Nacionalidade | sul-africano |
Formação | Universidade da África do Sul |
Fortuna | US$ 4 milhões (2014) |
Estado Civil | casou-se três vezes |
Nelson Rolihlahla Mandela foi o principal líder político da história da África do Sul e se tornou referência mundial da luta por uma sociedade igualitária. Mandela foi advogado e presidente da África do Sul de 1994 a 1999, ficou preso por 27 anos e ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 1993.
Ele lutou contra o regime racista e segregacionista do apartheid, presente em seu país entre 1948 e a década de 1990. Madiba, como era chamado, morreu em 2013, aos 95 anos em Pretória, África do Sul.
Mandela nasceu em 18 de julho de 1918 no clã Madiba, num vilarejo chamado Mvezo, África do Sul, no antigo território Transkei. A família dele era de “nobreza tribal”. O pai do líder sul-africano, Gadla Mphakanyiswa, era o chefe do vilarejo. Ele teve quatro mulheres e 13 filhos. Nelson Mandela era filho de Mphakanyiswa com a terceira mulher dele, Nosekeni.
Os primeiros anos de estudo de Nelson Mandela foram na escola primária do povoado de Qunu. Ele tinha sete anos e foi o primeiro da família a frequentar uma escola. O nome original dele era Rolihlahla Mandela. O “Nelson” foi ideia de uma professora, que seguiu uma tradição local de dar nome cristão às crianças. Ele teve influência cultural europeia e africana em sua formação intelectual. Seguindo a tradição Xhosa (grupo étnico) Mandela foi iniciado na sociedade aos 16 anos. Desta forma, nessa idade, foi estudar a cultura ocidental no Instituto Clarkebury. Nessa época Madiba praticava boxe e corrida.
Pouco depois ele foi para a Universidade de Fort Hare, na cidade de Alice, uma das mais antigas da África, e optou pelo curso de artes. Mas Mandela foi expulso por participar de protestos estudantis. Para completar os estudos ele escolheu a Universidade da África do Sul.
Ao término do curso na universidade, o rei Jongintaba Dalindyebo, que o acolheu em sua tribo, em 1927, quando o pai de Mandela, Gadla Mphakanyiswa, morreu, disse que ele deveria se casar. Mandela rejeitou a ideia e uma possível posição de liderança local e fugiu para Johanesburgo, em 1941.
Em seu novo destino, Madiba exerceu várias funções, como segurança de uma mina. Ele conheceu nessa época o corretor de imóveis Walter Sisulu e começou a se interessar mais por política. Sisulu seria seu grande amigo pessoal e líder do ativismo antiapartheid.
Foi quando o amigo o indicou para trabalhar como aprendiz num escritório de advocacia. Mandela decidiu se inscrever na faculdade de Direito de Witwatersrand. Ele conheceu muitos colegas que fariam parte da vida política na faculdade. Mandela passou a frequentar, informalmente, as reuniões do Congresso Nacional Africano (CNA), em 1942. Sisulu tinha presença cada vez mais marcante na vida de Mandela.
Em 1944 Madiba fundou a Liga Jovem do Congresso e se casou com a prima de Walter Sisulu. Ele teve quatro filhos com a enfermeira Evelyn Mase, duas meninas e dois meninos. Mas uma das meninas morreu quando ainda era criança.
Ainda sobre a faculdade: Mandela deixou o curso, em razão das notas baixas. O estudante chegou a retomar as aulas na Universidade de Londres (mas só se conseguiu se formar em 1989 pela Universidade da África do Sul).
O ativismo de Nelson Mandela e do CNA logo entraram em conflito com o apartheid, sistema de segregação racial entre negros e brancos. Esse sistema permaneceu no país africano entre 1948 e 1994. O apartheid determinava, levando a raça em consideração, onde os sul-africanos poderiam morar e trabalhar, o tipo de educação que poderiam receber e se poderiam ou não votar, entre outras atividades.
A população negra formava a esmagadora maioria na África do Sul. Existia, à época, a lei do passe, que determinava que as pessoas não brancas portassem documentos, que autorizavam a presença delas em locais considerados restritos, ou exclusivos para brancos. Se uma pessoa negra fosse abordada pela polícia, deveria mostrar esses documentos. Em 1952 Mandela teve um papel imprescindível em uma campanha que desafiou essa lei. Ele levantou a bandeira contra a violência como uma forma de protestar contra a discriminação racial, viajando por todo o país.
Ele começou a chamar a atenção das autoridades. As atividades políticas foram tomando conta da vida de Mandela e, em 1951, ele passou a ocupar a presidência do CNA. Um ano depois, abriu o primeiro escritório de advocacia para negros juntamente com o amigo Oliver Tambo.
Ao mesmo tempo foi escolhido líder da campanha de oposição. O governo reagiu e Mandela e 19 colegas dele foram presos e condenados a nove meses de trabalhos forçados, acusados sob a Lei de Supressão do Comunismo.
Em sua defesa, Mandela alegou que não era comunista. Mas o CNA tinha uma aliança histórica com o Partido Comunista.
Em 1955 Mandela ajudou a criar o Congresso do Povo. A influência dele era a política pacifista de Mahatma Gandhi. As ideias antiapartheid foram colocadas em um documento, a Carta da Liberdade.
Madiba e seus companheiros chegaram a mudar de tática e criaram um grupo armado dentro do CNA. Alguns acontecimentos motivaram a decisão: o aumento da repressão e o massacre de Shapperville, em que 69 pessoas morreram durante uma manifestação contra a obrigatoriedade de portar os cartões de identificação.
Julgamento por Traição é como passou à história a tentativa do governo da África do Sul, durante o período do apartheid, de esvaziar o poder da Aliança do Congresso e teve início em 5 de dezembro de 1956, com a prisão de 156 pessoas, dentre as quais Nelson Mandela. Quando terminou, em março de 1961, todos os réus tiveram suas acusações retiradas ou, no caso dos trinta finais, dentre os quais Mandela, foram absolvidos.
Em 21 março de 1960, Sharpeville foi o local onde 69 pessoas foram mortas e 186 ficaram feridas pelas forças do Estado na África do Sul. Em 1966 a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou a data como o Dia Internacional contra a Discriminação Racial, em memória às vítimas do massacre. Nesse dia, mais de 20 mil sul-africanos protestavam pacificamente e desarmados contra a lei do passe.
A ideia era fazer um ato pacífico, em que a população não portaria o documento, para que todos fossem presos, fato que causaria problemas às administrações locais, em virtude do grande número de pessoas que seriam colocadas atrás das grades. No entanto, um grupo de policiais decidiu abrir fogo contra os manifestantes.
Após o massacre, uma onda de protestos ganhou o país e teve grande repercussão na imprensa internacional. O apartheid, mas também os movimentos de luta, foram intensificados.
O governo africâner baniu qualquer organização política na África do Sul, levando à clandestinidade partidos como o Congresso Nacional Africano (CNA). Estava declarado o estado de emergência no país. Mandela abandonou os princípios da desobediência pacífica a partir da fundação do Umkhonto we Sizwe, braço armado do CNA (lança de uma nação). A luta armada foi intensificada. Em 12 de junho de 1964, Madiba foi preso.
Em 1966, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou a data como Dia Internacional contra a Discriminação Racial, em memória às vítimas do massacre.
Mandela foi preso juntamente com mais 155 ativistas, em decorrência da luta contra o regime racista e segregacionista. E foi mantido em cárcere por 27 anos, entre agosto de 1962 e fevereiro de 1990.
O Partido Nacional iniciou reformas no final da década de 1980: aboliu a proibição de casamentos inter-raciais e a obrigatoriedade de portar as credenciais de locomoção. No entanto, apenas na década de 1990 as medidas levariam ao fim do apartheid. O CNA foi tirado da clandestinidade e Nelson Mandela saiu da prisão, em 1990.
Mesmo com o fim do apartheid, nesse período da saída de Mandela da prisão, ocorreram diversas chacinas nos bairros negros. Em 1993 Mandela ganhou o Prêmio Nobel da Paz e, no ano seguinte, foi eleito presidente do país, após uma expressiva vitória nas urnas.
Um protesto de dez mil estudantes de Soweto – o grande gueto negro, que fica a 16 quilômetros de Johannesburgo, contra a política racista do governo, no dia 16 de junho de 1976, provocou a maior onda de violência no país desde o massacre de Sharpeville, em 1960.
Um policial atirou uma bomba de gás lacrimogêneo, outro achou que eram os manifestantes que tinham dado um tiro, e todos começaram a disparar contra a multidão. O primeiro a cair morto foi Hector Pieterson, de 12 anos. Pelo menos 23 pessoas morreram no primeiro dia do Levante de Soweto: duas delas brancas, favoráveis à integração racial.
Por três dias, em várias partes do país, houve tumultos, incêndios e saques, provocando cem mortes e ferimentos em mais de mil pessoas. A maior parte era de negros, que enfrentavam só com paus e pedras soldados em veículos blindados, com lança-bombas de gás, cães policiais e helicópteros. Contidas num primeiro momento, as manifestações continuaram estourando. No fim do ano eram 360 mortos e mais de mil no final de 1977.
Soweto era visitada todo ano por 15 mil brancos – com 256 escolas, um hospital com três mil leitos, 55 mil carros, advogados, médicos, comerciantes e até cinco milionários, mas enfrentava a falta de saneamento, eletricidade e água corrente para a maior parte dos mais de 700 mil negros que lá viviam, na maioria da tribo dos zulus. Além disso, os serviços médicos, colégios e livros escolares eram pagos, ao contrário do que acontecia nas cidades brancas.
O motivo da insatisfação, é que o africâner – dialeto holandês que os negros ligavam aos seus tradicionais opressores, havia sido adotado nas escolas. O estopim da revolta dos jovens, de 10 a 20 anos, foi justamente a intenção do governo separatista de forçar o aprendizado do africâner nas escolas, em lugar do inglês, que os sul-africanos de outras nove etnias usavam para se comunicar entre si.
A data 16 de junho passou a se chamar o Dia da Juventude, marcando o começo de uma série de manifestações que se prolongariam por 18 anos. Os protestos culminaram com a queda do regime segregacionista depois das eleições multirraciais e democráticas em 1994, vencidas pelo Congresso Nacional Africano, comandado pelo líder Nelson Mandela.
Nelson Mandela ficou 27 anos preso: 8 anos na ilha Robben, na costa da cidade do Cabo, e nove na Prisão Pollsmoor, no subúrbio da cidade do Cabo (transferência em 1982).
Durante o período em que ficou preso, sua reputação como líder negro cresceu e sedimentou a imagem de liderança do movimento antiapartheid. A partir de 1985, ele iniciou o diálogo sobre sua libertação com o Partido Nacional, que exigia que ele não voltasse à luta armada. Nesse ano, Mandela passou por uma cirurgia na próstata e, ao voltar para a prisão, passou a ser mantido em uma cela sozinho.
Em 1988, Mandela passou por um tratamento contra tuberculose e foi transferido para uma casa na Prisão Victor Verster, entre as cidades de Paarl e Franschhoek. Em 2 de fevereiro de 1990, o presidente sul-africano Frederik Willem de Klerk restituiu o CNA. No dia 11 de fevereiro de 1990, Mandela foi solto e, em um evento transmitido mundialmente, disse que continuaria lutando pela igualdade racial no país.
“O processo de extinção do Apartheid foi longo e só começou, efetivamente, em 1989, com pequenas reformas no governo de Frederik de Klerk, em diálogo com negros e negras. A presidência seguinte foi de Mandela (o primeiro presidente negro eleito na primeira eleição multirracial do país), que oficializou o encerramento definitivo do Apartheid, com mudanças constitucionais e tantas outras. Contudo, não foi isento de críticas.”
Em 1991, Mandela foi eleito novamente presidente do CNA. Ele e Frederik de Klerk dividiram o Prêmio Nobel da Paz em 1993, por seus esforços para trazer a paz ao país.
Mandela encabeçou uma série de articulações políticas que culminaram nas primeiras eleições democráticas e multirraciais da África do Sul, em 27 de abril de 1994.
O CNA ganhou com 62% dos votos, enquanto o Partido Nacional teve 20%. Com o resultado, Nelson Mandela tornou-se o primeiro líder negro do país e também o mais velho, com 75 anos. Ele tomou posse em 10 de maio de 1994. A gestão do presidente foi marcada por políticas antiapartheid, reformas sociais e na área da saúde.
Em 1999, não se candidatou à reeleição e se aposentou da carreira política. Desde então, passou boa parte do tempo em sua casa no vilarejo de Qunu, onde cresceu.
Após o fim da carreira política, o ex-presidente sul-africano se voltou para a causa de diversas organizações sociais e de direitos humanos. Participou de uma campanha de arrecadação de fundos para combater a Aids que tinha como símbolo o número 46664, que o identificava quando esteve preso.
Em 2008, a comemoração de seu aniversário de 90 anos foi um ato público com shows em Londres, que contou com a presença de artistas e celebridades engajadas na campanha. Uma estátua de Nelson Mandela foi erguida na Praça do Parlamento, na capital inglesa.
Em novembro de 2009, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou que o dia de seu aniversário seria celebrado em todo o mundo como Dia Internacional de Mandela, iniciativa para estimular todos os cidadãos a dedicar 67 minutos – 1 minuto por ano – a causas sociais.
Em 5 de dezembro de 2013, aos 95 anos, Nelson Mandela morreu em casa ao lado da família, em Joanesburgo. Ele faleceu após dois anos de tratamento para infecções pulmonares e outros problemas de saúde.
Nelson Mandela foi casado três vezes. A primeira mulher dele foi Evelyn Ntoko Mase, a segunda, Winnie Madikizela e a última, Graça Machel. Desses relacionamentos ele teve seis filhos.
“As pessoas são ensinadas a odiar e, se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, porque o amor é algo mais natural para o coração humano do que seu oposto”.
“Nascemos para manifestar a glória do Universo que está dentro de nós. Não está apenas em um de nós: está em todos nós. E conforme deixamos nossa própria luz brilhar, inconscientemente damos às outras pessoas permissão para fazer o mesmo”.
“Não se dirija ao cérebro. Dirija-se ao coração deles”.
“O bravo não é quem não sente medo, mas quem vence esse medo.”
“Sonho com o dia em que todos levantar-se-ão e compreenderão que foram feitos para viverem como irmãos.”
“Perdoem. Mas não esqueçam!”
Mandela escreveu “Longa Caminhada Até a Liberdade” (Long Walk to Freedom), uma autobiografia publicada em 1994. O líder sul-africano inspirou o lançamento de várias obras.
U2 – Ordinary Love.
Hugh Masekela – Mandela (Bring Him Back Home).
The Special Aka – Nelson Mandela.
Youssou N’ Dour – Nelson Mandela.
Public Enemy – Prophets of Rage.
Santana – Mandela.
Simple Minds – Mandela Day.
Tracy Chapman – Freedom Now.
Johnny Clegg – Asimbonanga.
2pac – Just A Breath of Freedom
Mandela: O homem por trás do mito (2019)
Mandela: longo caminho para a liberdade (2013).
Winnie Mandela (2011)
Invictus (2009).
Mandela: Son of Africa, Father of a Nation (1996).
Veja também: a trajetória de Luiza Trajano até o Magazine Luiza