pandemia – InvestNews https://investnews.com.br Sua dose diária de inteligência financeira Tue, 19 Sep 2023 15:52:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://investnews.com.br/wp-content/uploads/2024/03/favicon-96x96.ico pandemia – InvestNews https://investnews.com.br 32 32 ‘Caneta azul’: Ozempic abre debate sobre consumo após pandemia https://investnews.com.br/geral/caneta-azul-ozempic-abre-debate-sobre-consumo-apos-pandemia/ Tue, 19 Sep 2023 15:26:01 +0000 https://investnews.com.br/?p=527299 A Novo Nordisk tornou-se no início deste mês a empresa mais valiosa da Europa, com um valor estimado em mais de US$ 430 bilhões, superando a LVMH. Talvez você nunca tenha ouvido falar da farmacêutica dinamarquesa e esteja se perguntando como a empresa desbancou a varejista de luxo que tem em seu portfólio as marcas Louis Vuitton e Dior

O segredo da empresa de Lars Jørgensen está na “caneta azul”, como é conhecido o Ozempic. O remédio surgiu com o propósito de combater o diabetes tipo 2, mas o medicamento auto injetável tornou-se popular devido aos efeitos de perda de peso, viralizando entre as pessoas que querem emagrecer.

Ozempic (Foto: Joel Saget/AFP/Getty Images - Via Bloomberg)
Ozempic (Foto: Joel Saget/AFP/Getty Images – Via Bloomberg)

Embora a prescrição médica não seja essa, um dos efeitos colaterais da semaglutida, o princípio ativo do Ozempic, é a perda de apetite. Daí então porque o uso fora da recomendação da bula (off label) se popularizou. Seja como for, o sucesso do remédio entre o público geral agrada os investidores e desponta no mundo pós-pandemia. 

Ozempic x covid-19

Só em 2023, as ações da Novo Nordisk subiram 40%. Em cinco anos, já dispararam cerca de 300%. Para se ter uma ideia, a farmacêutica que mais se valorizou durante a pandemia da covid-19 foi a Moderna, com valorização de 495%. 

Logo da Novo Nordisk em máquina de café na Dinamarca 5/2/2020 REUTERS/Jacob Gronholt-Pedersen/Arquivo

O período oficial vai desde 11 de março de 2020 até 5 de maio de 2023, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A segunda ação que mais se valorizou nesse intervalo foi a BioNTech (B1NT34), com quase 230%, seguida da AstraZeneca (A1ZN34), que subiu “apenas” 67,05% em pouco mais de três anos.

Já a Pfizer (PFIZ34), que desenvolveu até a dose pediátrica contra a covid-19, e a Johnson & Jonhson (JNJB34), dona da vacina da Janssen, tiveram alta inferior a 20% entre o início e o fim do contágio global do novo coronavírus

Ou seja, a variação da ação da dona do Ozempic se compara ao desempenho dos papéis de empresas diretamente ligadas à vacina contra a covid-19 durante a pandemia. Fica claro, então, porque o Ozempic tornou-se um dos principais assuntos, sobretudo com o fim das medidas restritivas, quando as pessoas tiveram de voltar aos escritórios. 

Disrupção no mercado

O sucesso se dá até mesmo na China, onde os consumidores preocupados com a imagem estão deixando de comprar bolsas e perfumes caros, passando a recorrer a cambistas e prescrições falsas em busca da caneta azul. Até por isso a LVMH é agora a segunda empresa europeia mais valiosa, com um valor de mercado abaixo de US$ 410 bilhões. 

Com isso, aqueles que realmente dependem do medicamento para controlar o nível de açúcar no sangue estão tendo dificuldades em encontrar o remédio. Mesmo quem encontra o produto de forma regular tem que desembolsar uma grande quantia. No Brasil, uma caixa de Ozempic custa em torno de R$ 1 mil nas principais redes de varejo. 

Assim, o aumento da demanda pelo remédio não é uma questão apenas de saúde pública, com a quebra de patentes tornando-se uma queda de braço entre a farmacêutica e a indústria de genéricos. Basta olhar o que o Ozempic está fazendo com a indústria de alimentos, em especial a dietética.  

E se…?

O alerta vem do professor de relações internacionais da Universidade de Harvard, Stephen M. Walt. Em coluna na Foreign Policy da semana passada, ele indaga se a indústria está preparada às mudanças de hábito dos consumidores, em meio às transformações no mundo, com a Inteligência Artificial (AI) e outras inovações tecnológicas criando disrupções de grande alcance no mercado. Afinal, quem aqui se lembra de como costumava fazer as coisas na era pré-digital?

“E se as mudanças climáticas tornarem as viagens a jato proibitivamente caras, ambientalmente insustentáveis ou simplesmente demasiado perigosas devido ao aumento da turbulência atmosférica? E se grandes áreas do planeta – que atualmente abrigam dezenas de milhões de pessoas – se tornarem inabitáveis?”, indaga.

“Estaremos preparados para o dia em que os satélites dos quais dependem as comunicações globais sejam destruídos por uma colisão em cascata de lixo espacial, por um hacker malévolo ou pela ação deliberada de uma potência hostil?”, continua. Para Walt, é preciso dedicar mais tempo e esforço para se preparar para um mundo que será radicalmente diferente daquele conhecido no passado – e mais cedo do que se pensa. 

“O que quero dizer é que, em um mundo de disrupções cada vez mais rápidas e interligadas, algumas das verdades, princípios e hábitos podem não ser tão úteis”

professor de relações internacionais da Universidade de Harvard, Stephen M. Walt

Nestas circunstâncias, o que importa é a capacidade de abandonar ideias antigas e de inventar novas formas de satisfazer as necessidades públicas. 

Leia a bula

Até porque as investidas da farmacêutica com sede na Dinamarca não param por aí. Outro medicamento da Novo Nordisk que vem chamando cada vez mais a atenção do mercado é o Wegovy. O remédio funciona da mesma forma que o Ozempic. A diferença é que foi desenvolvido especificamente para tratar a obesidade.

REUTERS/Daniel Becerril

O Wegovy foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em janeiro deste ano e a expectativa é de que o produto seja comercializado no Brasil até o próximo ano. No entanto, nos países onde já circula, como Estados Unidos e em parte da Europa, o remédio já é bastante requisitado e ganhou os holofotes entre celebridades. 

Neste caso, o medicamento de uso subcutâneo não é contra indicado para quem quer emagrecer. Basta consultar um médico e ler a bula. 

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Após SP-Los Angeles, Delta e Latam preparam rota de RJ a Nova York e Atlanta https://investnews.com.br/negocios/apos-sp-los-angeles-delta-e-latam-preparam-rota-de-rj-a-nova-york-e-atlanta/ Fri, 04 Aug 2023 10:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=514640 Após inaugurar a primeira rota entre São Paulo e Los Angeles, as companhias Latam e Delta já se preparam para os próximos destinos em parceria, em uma joint venture estratégica para as duas empresas que buscam elevar opções para os consumidores num momento em que o setor continua dando sinais de retomada. As companhias devem lançar nos próximos anos rotas sazonais entre Galeão e outros locais norte-americanos: Nova York e Atlanta. 

O primeiro voo direto de Guarulhos (SP) com destino a Los Angeles operado pelas duas companhias em parceria aconteceu nesta quarta-feira (2). Já os voos entre Galeão (RJ) e Atlanta e Nova York (aeroporto JFK) devem operar de dezembro desde ano a março de 2024. 

Avião da Latam (Foto: Divulgação)
Avião da Latam (Foto: Divulgação)

Foi o que disse ao InvestNews o gerente de vendas Brasil da Delta Air Lines, Danillo Barbizan, acrescentando que, apesar de serem voos sazonais, para a empresa norte-americana passar a operar no Galeão é um marco. “Hoje a gente só opera em Guarulhos”. 

A parceria entre as empresas deve lançar mais voos entre outros locais, não incluindo apenas o Brasil. Entre as próximas rotas operadas pela joint venture estão voos de Medellín (Colômbia) para Miami (EUA) e de Atlanta (EUA) para Cartagena (Colômbia). 

Há ainda uma rota estratégica para as empresas, de Lima (Peru) para Atlanta (EUA), que deve começar a operar a partir de outubro de 2023. O novo voo inclui, assim, os centros de conexões das duas companhias (Atlanta é o hub da Delta e Lima, um dos hubs da Latam). 

“É uma conexão muito importante entre dois grandes hubs”, diz Aline Mafra, diretora de vendas e marketing da Latam Brasil. “Quando você traz um avião da Latam pousando no hub principal da Delta, acho que é uma mensagem que fala o que a JV veio trazer”, complementa Barbizan.

A estratégia do voo Guarulhos-Los Angeles

Barbizan conta que “a Delta já há algum tempo vinha perseguindo Los Angeles.” Há cerca de 4 anos, a empresa começou uma empreitada para ser a primeira companhia no local, investindo cerca de US$ 3 bilhões no aeroporto “num terminal super moderno, o que ajuda a fazer uma pressão de colocar mais voos lá”. 

Antes da parceria com a Latam, a tentou operar voo do Brasil para Los Angeles – sem sucesso até então. “A gente teve uma experiência de voar em 2009 e 2010 do Brasil direto para Los Angeles. A gente não conseguiu parar de pé esse voo porque faltava capilaridade nos dois pontos de venda. Faltava toda essa alimentação que a Latam faz até Guarulhos.”

Funcionários do 1º voo da Latam de Guarulhos para Los Angeles (Foto: Victor Takayama/ Divulgação/Latam)
Funcionários do 1º voo da Latam de Guarulhos para Los Angeles (Foto: Victor Takayama/ Divulgação/Latam)

Já para a Latam, a escolha de Los Angeles veio após uma análise de dados mostrando que havia demanda de brasileiros para o local, mas a companhia tinha dificuldades em marcar presença na Costa Oeste dos Estados Unidos até então. 

“A gente lançar isso ou estar na Costa Oeste não era tão simples. É o 4º destino nos EUA para os brasileiros. A gente teve a coragem de falar ‘agora vamos’ quando a gente fez a joint venture”, diz Mafra.

“Porque era uma segurança adicional saber que a gente ia poder contar com toda a alimentação doméstica do Brasil e toda a distribuição dentro dos EUA que a Delta poderia promover.”

Planos ambiciosos

Os executivos afirmam que a parceria elevou consideravelmente o número de passageiros para as duas companhias. A ideia é aumentar a disponibilidade de destinos para os clientes e, ao mesmo, tempo unir serviços como programas de fidelidade e impactar a experiência do cliente. 

“As concorrentes não têm a mínima chance de chegar nem próximo disso.”

gerente de vendas Brasil da Delta Air Lines, Danillo Barbizan

“A grandiosidade de poder colocar passageiro com bilhetes da Delta no voo da Latam e passageiros Latam no voo Delta, isso amplifica muito as nossas oportunidades de oferta de assentos e rotas”, diz Barbizan.

O executivo diz que, para a Delta, é “uma bomba ter a parceria com a Latam”, devido ao volume de passageiros adicionados à operação da empresa. Isso, segundo ele, está levando a resultados acima das expectativas anteriores. 

Terminal C da Delta Airlines no Aeroporto LaGuardia, em Nova York 01/06/2022 REUTERS/Mike Segar

“A gente volta (após a pandemia) com realmente uma JV instaurada e colocando muito passageiro entre os dois lados. Então, para a gente está sendo muito legal essa retomada, de muito valor”, diz ele. 

A fala vai em linha com declarações recentes do presidente-executivo da Delta Air Lines, Ed Bastian, que afirmou que o mercado vive um boom da demanda por viagens em um “fenômeno de vários anos”. 

A declaração foi feita em julho em entrevista à agência Reuters, horas depois que a companhia elevou sua perspectiva de lucro anual pela segunda vez em menos de um mês. A Delta registrou no 2º trimestre os maiores ganhos trimestrais de sua história, com resultado operacional recorde de US$ 2,5 bilhões. 

A Latam também comemora bons resultados. A empresa teve lucro líquido de US$ 145,25 milhões no segundo trimestre, com os executivos da companhia esperando um resultado recorde em 2023 após os resultados mais fortes.

Perspectivas

Nesse cenário, Aline Mafra comenta o retorno mais rápido que o esperado da demanda por voos após a pandemia, embora as viagens corporativas ainda não tenham retomado o patamar anterior. 

“O turismo se recuperou mais rápido que o corporativo”, diz ela, apontando que a demanda por viagens de lazer está inclusive acima do patamar pré-pandemia, enquanto o segmento corporativo da Latam está perto da casa dos 90% – o que representa, de qualquer forma, uma retomada mais rápida que o esperado. “O corporativo sempre é uma demanda muito importante e os produtos são muito desenhados para ele também.”

Aline Mafra, diretora de vendas e marketing da Latam Brasil (Foto: Divulgação Latam)
Aline Mafra, diretora de vendas e marketing da Latam Brasil (Foto: Divulgação Latam)

Mafra conta que, em meio a esse movimento de retorno da demanda, outro fator foi determinante para a estratégia dos negócios (incluindo a estreia da parceria entre Latam e Delta com o voo de São Paulo para Los Angeles): o câmbio. Segundo ela, a desvalorização do dólar foi o que “mexeu o ponteiro” em diversos aspectos. 

“Era o que faltava. Porque, quando a gente escolheu Los Angeles porque geograficamente era o destino que fazia sentido, era o que o brasileiro queria, a gente ainda tinha fatores que poderiam ser negativos. Agora, a gente fica mais seguro e muito mais otimista, porque a gente junta o desejo do brasileiro com uma conjuntura econômica e operacional (falando dos riscos) muito mais favorável.”

Aline Mafra, diretora de vendas e marketing da Latam Brasil

Para a Delta, as operações entre Brasil e Estados Unidos também mostram um cenário promissor, segundo Barbizan. “A gente já quase belisca a mesma coisa que em 2019 em termos de passageiros voados. Em receita a gente já está melhor porque o ticket médio subiu um pouco mais.”

gerente de vendas Brasil da Delta Air Lines, Danillo Barbizan (Foto: Divulgação/Delta)
gerente de vendas Brasil da Delta Air Lines, Danillo Barbizan (Foto: Divulgação/Delta)

O acordo estratégico entre as companhias une os mais de 120 destinos sul-americanos atendidos pelo grupo Latam aos mais de 200 destinos norte-americanos atendidos pela Delta. Desde a implementação de sua joint venture, em outubro de 2022, as empresas aumentaram sua capacidade em 75%.  As aéreas já compartilham terminais em aeroportos como Nova York, Boston, Orlando, São Paulo/Guarulhos, Lima, Bogotá e Santiago.

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Boom pós-pandemia na aviação pode estar acabando https://investnews.com.br/economia/boom-pos-pandemia-na-aviacao-pode-estar-acabando/ Tue, 25 Jul 2023 11:18:05 +0000 https://investnews.com.br/?p=509127 A demanda reprimida após a pandemia impulsionou os gastos com viagens nos últimos tempos, mas a situação pode se reverter no segundo semestre do ano devido à alta inflação e o aumento das taxas de juros, alertou a Ryanair, a maior companhia aérea da Europa em número de passageiros.

“Estamos preocupados com o impacto dessas tendências macroeconômicas”, disse o CEO da empresa, Michael O’Leary, em um vídeo publicado na segunda-feira, 24. Segundo ele, isso pode “afetar os gastos do consumidor no segundo semestre do ano”.

As previsões de O’Leary contrastam com o anúncio de que a Ryanair reportou lucros no primeiro trimestre de 663 milhões de euros (cerca de R$ 3,13 bilhões), número quase quatro vezes maior do que no mesmo período do ano passado, quando o setor foi afetado pela invasão da Rússia à Ucrânia.

De acordo com os dados divulgados, as tarifas médias de voos na Ryanair aumentaram 42% no último trimestre, impulsionadas pela Páscoa e pela coroação do Rei Charles III. Porém, a empresa observou uma redução nas tarifas no final de junho e início de julho.

O’Leary afirmou que, com os gastos mais altos do consumidor devido à inflação, a companhia aérea pode precisar reduzir os preços das passagens para atender às metas de crescimento de passageiros. Porém o CEO se manteve confiante de que os preços mais baixos da “low cost” permitem crescimento mesmo em tempos de recessão.

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Como lidar com os riscos que surgem nos negócios? https://investnews.com.br/colunistas/coluna-do-samy-dana/como-lidar-com-os-riscos-que-surgem-nos-negocios/ Wed, 12 Jul 2023 09:30:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=503351 Foi necessária uma pandemia global para corrigir a antiga figura invulnerável do empresário, que assumia o risco sobre diversos fatores que não podia prever ou controlar. Pandemias são raras, mas não é incomum ver situações em que donos de empresas assumem as consequência das falhas de terceiros ou eventos imprevisíveis.

Além disso, em um mercado livre, toda empresa (exceto as ligadas ao estado) tem a pele em jogo e nenhuma garantia de vitória, correndo o risco de ser substituída a qualquer tempo. Mesmo não tendo controle sobre todos os meios, os empresários têm responsabilidades sobre todos os fins.

Suavizar riscos é importante, mas cada empresário sabe que é preciso avaliar o custo desta “mitigação”. Ter uma reserva de emergência, por exemplo, é altamente recomendado, mas o custo de oportunidade do dinheiro parado pode roubar o timing da empresa expandir e gerar ainda mais empregos. E nem sempre há “gordura” para tal, principalmente em tempos de margens apertadas. O empresário tem clareza de que é preciso tomar as decisões conhecendo não apenas os limites do que é possível controlar, mas do que vale a pena mitigar.

Consequência da pandemia ou não, os lojistas de shoppings centers ainda se encontram fragilizados – e o cobertor fica ainda mais curto. Quando aliviam de um lado, os custos apertam do outro. E, em cenários menos prováveis, mas ainda assim não incomuns, todos os custos apertam ao mesmo tempo – e a demanda não ajuda. Segundo o Censo divulgado pela Associação Brasileira de Shoppings Centers, no ano passado, o fluxo mensal de visitantes foi de 443 milhões, inferior ao período pré-pandemia, quando foram registrados 502 milhões em 2019.

Em contrapartida, o custo dos aluguéis no mesmo período chegou a apresentar aumentos de até 20%. Custos com folha de pagamento e custos de mercadorias vendidas também tiveram aumentos significativos no período. Talvez isso explique a rotatividade elevada de marcas nos Shoppings Centers. A abertura de novas operações pode dar ares de economia pujante, mas é preciso uma análise aprofundada, pois muitas vezes é só o “shelf life” das empresas que diminuiu – o que significa, pelo contrário, uma economia instável e negócios fragilizados. De qualquer modo, esperamos que 2023 seja mais generoso com os varejistas.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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A ‘Grande Renúncia’: o que esperar do mercado de trabalho pós-pandemia? https://investnews.com.br/colunistas/coluna-do-samy-dana/a-grande-renuncia-o-que-esperar-do-mercado-de-trabalho-pos-pandemia/ Fri, 07 Jul 2023 09:30:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=501316 Após a pandemia, um fenômeno conhecido como “Great Resignation”, ou Grande Renúncia, chamou a atenção, principalmente, no mercado de trabalho dos Estados Unidos. Esse termo refere-se ao aumento significativo de profissionais que optaram por deixar seus empregos em busca de novas oportunidades ou uma mudança de estilo de vida. A Grande Renúncia foi observada em diversos setores e países, e levanta questionamentos sobre o papel e o futuro do trabalho.

Uma das principais razões para a Grande Renúncia é atribuída ao impacto do isolamento social durante a pandemia e às incertezas econômicas causadas pela covid-19. Esses fatores levaram muitas pessoas a repensar suas prioridades e aspirações profissionais. Muitos profissionais perceberam a importância de equilibrar o trabalho com a qualidade de vida, buscando opções que oferecessem maior bem-estar e satisfação pessoal.

As transformações aceleradas pela digitalização e automação também influenciaram nesse cenário. Com o avanço da tecnologia, surgiram novas oportunidades de trabalho remoto, empreendedorismo e autogerenciamento de carreira. Essa mudança de paradigma permitiu que os profissionais buscassem mais flexibilidade e autonomia, optando por formas de trabalho que estivessem alinhadas com seus valores e objetivos individuais.

Em 2021, de acordo com o BLS, 47,7 milhões de pessoas deixaram seus empregos voluntariamente, registrando o maior número desde o início da coleta de estatísticas em 2001. Até o final de 2022, esse número aumentou para 50,5 milhões. Parece que os Estados Unidos estão superando essa tendência, uma vez que as taxas de “demissões a pedido” diminuíram drasticamente e agora estão praticamente no mesmo nível (apenas 0,1% acima) da taxa pré-pandemia de fevereiro de 2020. No entanto, ainda é possível encontrar inúmeras placas de “contrata-se” nas vitrines dos shoppings.

O legado da Grande Renúncia para os trabalhadores foi o aumento não apenas dos salários, mas também dos benefícios. Segundo Nick Bunker, diretor de pesquisa econômica do site de empregos Indeed, os salários tiveram um crescimento significativo em 2021, atingindo o pico em agosto de 2022. Vale dizer que isso gerou inflação uma vez que o aumento não foi acompanhado pela produtividade. No entanto, de acordo com os dados mais recentes do Federal Reserve Bank of Atlanta, o crescimento salarial ainda permanece alto, com um aumento de 6% em termos anualizados em maio de 2023, em comparação com maio de 2022.

Mal foi estabilizada a Grande Renúncia e já se fala em um fenômeno substituto conhecido como “Quiet Quitting”, ou Demissão Silenciosa. Esse fenômeno se caracteriza pela tendência dos trabalhadores de fazerem apenas o mínimo necessário para não serem demitidos. A retenção e motivação no mercado de trabalho sempre foram desafios, mas agora eles se tornam ainda mais complexos.

À medida que as pessoas buscam maior realização e equilíbrio entre vida profissional e pessoal, salários e benefícios já não são suficientes. É necessário discutir qualidade de vida e flexibilidade. Sem esses aspectos, o mercado de trabalho como um todo está destinado à mediocridade (sem contar à baixa produtividade), enquanto enfrenta o fenômeno da Demissão Silenciosa.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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Covid-19 não é mais uma emergência de saúde global, diz OMS https://investnews.com.br/geral/covid-19-nao-e-mais-uma-emergencia-de-saude-global-diz-oms/ Fri, 05 May 2023 14:01:48 +0000 https://investnews.com.br/?p=475000 A covid-19 não representa mais uma emergência de saúde global, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta sexta-feira (5), um grande passo para o fim da pandemia que matou mais de 6,9 milhões de pessoas, paralisou a economia global e devastou comunidades.

O comitê de emergência da OMS declarou pela primeira vez que a covid-19 representava seu nível mais alto de alerta há mais de três anos, em 30 de janeiro de 2020. O status ajuda a concentrar a atenção internacional na ameaça à saúde, além de reforçar a colaboração em vacinas e tratamentos.

Retirar a declaração é um sinal do progresso que o mundo fez nessas áreas, mas a covid-19 veio para ficar, disse a OMS, mesmo que não represente mais uma emergência.

A taxa de mortalidade diminuiu de um pico de mais de 100 mil pessoas por semana em janeiro de 2021 para pouco mais de 3.500 na semana até 24 de abril, segundo dados da OMS.

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3 fatos para hoje: Japão evita recessão; pandemia tirou renda da classe média https://investnews.com.br/geral/3-fatos-para-hoje-japao-evita-recessao-pandemia-tirou-renda-da-classe-media/ Tue, 14 Feb 2023 11:02:26 +0000 https://investnews.com.br/?p=435763 1 – Japão evita recessão mas recuperação no 4º tri é fraca

A economia do Japão evitou a recessão mas se recuperou muito menos do que o esperado no quarto trimestre uma vez que o investimento empresarial caiu, um sinal do desafio que o banco central enfrenta na eliminação gradual de seu programa de estímulo.

Embora o consumo privado esteja resistindo aos obstáculos do aumento do custo de vida, as incertezas sobre as perspectivas econômicas globais pesarão sobre a recuperação tardia do Japão em relação às cicatrizes da pandemia da Covid-19, dizem analistas.

A terceira maior economia do mundo expandiu uma taxa anualizada de 0,6% no último trimestre do ano passado, depois de ter caído 1,0% entre julho e setembro, mostraram dados do governo nesta terça-feira.

O aumento do Produto Interno Bruto (PIB) foi muito menor do que a expectativa do mercado de um crescimento de 2,0%, devido a uma queda nos gastos de capital e nos estoques.

“A partir de um crescimento negativo em julho-setembro, a recuperação não é muito impressionante”, disse Toru Suehiro, economista-chefe da Daiwa Securities.

“Podemos esperar que o consumo aumente à medida que os gastos com serviços se estabilizem. Mas é difícil projetar uma forte recuperação em parte devido à pressão da inflação crescente”, disse ele.

Os dados fracos destacam a delicada tarefa nas mãos de Kazuo Ueda, indicado pelo governo para se tornar o próximo presidente do Banco do Japão, conforme ele traça um caminho para normalizar a política ultrafrouxa do banco sem afetar a frágil recuperação econômica.

2 – Diretório Nacional do PT decide apoiar convocação de presidente do BC ao Congresso

Em mais uma investida contra a taxa de juros, o Diretório Nacional do PT decidiu apoiar uma convocação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre a política monetária, informou a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

Segundo Gleisi, o posicionamento do partido será formalizado em resolução do diretório, e pode ser convertido para um convite a Campos Neto, desde que ele se disponha a ir ao Parlamento.

“Tiramos o posicionamento do PT de chamar o presidente do Banco Central, convocar o presidente do Banco Central para fazer explicações ao Congresso Nacional”, disse Gleisi, argumentando que se Campos Neto tem se disponibilizado a entrevistas, pode também falar com os parlamentares.

“É importante que ele vá também ao Congresso Nacional, que é a Casa representativa do povo brasileiro. Então essa foi a nossa posição hoje no Diretório Nacional.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva trouxe para o centro do debate a taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano, e questiona a razoabilidade do patamar em comparação a outros países.

Segundo Gleisi, no debate interno do PT “todos” concordaram com a posição de Lula.

“Achamos exagerado os juros que tem. Achamos importante rediscutir a meta da inflação”, afirmou a presidente do partido.

Mais tarde, em ato em comemoração de 43 anos da legenda, Gleisi defendeu que o debate econômico ocorra “sem medo”, seja sobre a política monetária, fiscal ou cambial.

“Está na hora de enfrentarmos esse discurso mercadocrata dos ricos desse país, que temos risco fiscal. Qual risco? De não pagar a dívida? Mentira. Nossa dívida é toda em reais, numa proporção razoável do PIB”, argumentou a presidente do PT, em discurso no ato partidário.

“Eles mentem, e o Banco Central, uma autarquia do Estado brasileiro, corrobora com a mentira, impondo um arrocho de juros elevados ao Brasil. Isso tem que mudar. Temos um mercado antiquado, atrasado que não percebeu ainda as mudanças internacionais.”

O Diretório Nacional do PT reuniu-se na segunda-feira pela primeira vez desde a eleição de Lula para discutir a atual conjuntura, assuntos internos e informes.

SINAIS

Já tramita, na Câmara dos Deputados, um requerimento apresentado pelo aliado PSOL para que Campos Neto tenha que explicar pessoalmente a condução da política monetária. O líder do PT na Casa, deputado Zeca Dirceu (PT-PR), já havia se antecipado e anunciado no Twitter ter assinado o pedido.

“Assinei o requerimento convidando o presidente do Banco Central, como qualquer autoridade, para vir à Câmara explicar, dar satisfação. Para mim, ele vai ter de explicar o inexplicável”, publicou o líder petista.

O requerimento precisa ser votado pelo plenário. Não há convocação, no sistema da Câmara, de sessões deliberativas para esta semana.

Na reunião do diretório desta segunda-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também criticou a taxa de juros, informou uma fonte, embora tenha admitido que não esperava qualquer mudança na política monetária na última reunião do Copom que decidiu não alterar a Selic. Haddad teria manifestado ainda a expectativa de que o BC sinalize uma redução das taxas até o fim do ano.

A autonomia do Banco Central também entrou no debate, mas ministros de Lula e lideranças aliadas têm, em diversas declarações, negado qualquer intenção de mexer nesse quesito.

O PSOL, no entanto, apresentou à Câmara um projeto que altera as regras de autonomia do Banco Central, que determinam, entre outros pontos, a não coincidência dos mandatos do presidente do BC e do presidente na República.

A lei da autonomia também prevê que o presidente do BC deve apresentar semestralmente, no Senado, relatórios de inflação e de estabilidade financeira explicando as decisões tomadas no período anterior.

3 – Pandemia tirou renda da classe média e aumentou desigualdade no Brasil, mostra FGV

Homem faz teste de Covid-19 em Porto Alegre 20/01/2022 REUTERS/Diego Vara

A desigualdade de renda no Brasil aumentou no Brasil durante a pandemia, mesmo com o pagamento do auxílio emergencial, por causa da perda de renda da classe média, mostra o estudo Mapa da Riqueza, preparado pela Fundação Getúlio Vargas.

Com base em dados do Imposto de Renda, os pesquisadores Marcelo Neri e Marcos Hecksher mostram que a desigualdade de renda no país é maior do que a calculada com os dados de renda do IBGE, coletados nas Pesquisas por Amostra de Domicílio (Pnad). Usando os dados da Pnad e do IR, o índice de gini – que mede a desigualdade de renda – chega a 0,7068 em 2020, contra 0,7066, bem acima dos 0,6013 calculado apenas com a Pnad, quando mostrava uma queda ante 0,6117 do ano anterior.

“Se a fotografia da distribuição de renda é péssima, o filme da pandemia também é. Neri e Hecksher (2023) mostram que, mesmo com o Auxílio Emergencial que preservou a renda dos mais pobres, a desigualdade não caiu em 2020, como se acreditava. Isso porque o ganho da classe média tupiniquim teve desempenho muito pior que o dos mais ricos”, aponta o estudo. “As perdas dos mais ricos (dos 1%+ foi -1,5%) foram menos da metade das da classe média tupiniquim (-4,2%), a grande perdedora da pandemia.”

O Mapa da Riqueza mostra, ainda, que o Distrito Federal continua sendo a unidade da federação com maior renda per capita do país – 3.148 reais – e patrimônio declarado – 94.684 reais -, enquanto Maranhão, com respectivamente 409 reais e 6.329, se mantém como o mais pobre.

Os dados do estudo mostram, no entanto, que uma grande parte da população não chega nem mesmo a alcançar renda suficiente para declarar o imposto de renda. Em 24 das 27 unidades da federação e 16 das capitais brasileiras, 80% ou mais da população não fez a declaração, mostrando que tem renda menor do que 2 mil reais.

Ao mesmo tempo, o estudo mostra bolsões de riqueza pelo país. No Distrito Federal, os moradores do bairro Lago Sul tem renda média próxima dos 40 mil reais, e o patrimônio em torno de 1,4 milhão de reais – maior do que a renda de qualquer município brasileiro.

Entre os 20 municípios mais ricos do país com população acima de 50 mil habitantes, todos são nas regiões Sul e Sudeste – Nova Lima (MG), com renda média de 8.897 está em primeiro lugar – enquanto os 10 mais pobres, também com população acima de 50 mil pessoas, ficam nas regiões Norte e Nordeste. Brejo da Madre de Deus (PE) tem a menor renda per capita, 659 reais.

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Número de pequenos negócios segue crescendo, mas alta desacelera em 2022 https://investnews.com.br/negocios/numero-de-pequenos-negocios-segue-crescendo-mas-alta-desacelera-em-2022/ Fri, 10 Feb 2023 08:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=431881 Com os efeitos da pandemia da covid-19 no mundo nos últimos anos, o número de pequenos negócios no Brasil, compostos por micro e pequenas empresas (MPE) e por microempreendedores individuais (MEI), cresceu 46,2% de 2019 a 2022, partindo de um total de 14,5 milhões para 21,2 milhões, segundo dados extraídos do portal da Receita Federal. No entanto, o aumento desacelerou em 2022, em meio ao cenário de recuperação do mercado de trabalho.

Em 2020, o número de novos pequenos negócios subiu 14,5%. No ano seguinte, a alta foi de 15,66%, enquanto que de 2021 a 2022 o crescimento foi reduzido a 10,41% – menor percentual observado nos anos da pandemia.

Os números coincidem com uma inversão da tendência das demissões e contratações do mercado formal de trabalho no país.

Em 2020, o número de demissões superou o de admissões, 15,8 milhões contra 15,6 milhões, totalizando um saldo de menos 192,5 mil pessoas em emprego formal, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

A partir de 2021, o cenário de demissões superiores a admissões foi revertido. No ano, o número de contratados no país foi de 20,9 milhões e o número de demitidos foi de 18,1 milhões, totalizando um saldo positivo de mais 2,7 milhões de pessoas com emprego formal.

Em 2022, o saldo de admitidos foi positivo mais uma vez, embora inferior a 2021. No ano passado, o número de admissões no país foi de 21,2 milhões e o número de demissões foi de 18,7 milhões, totalizando um saldo positivo de mais 2,4 milhões de pessoas com carteira assinada.

José Sarkis, professor do curso de Administração da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), comenta que o saldo negativo dos empregos formais no pior momento da pandemia pode ter sido um fator impulsionador para que as pessoas se envolvessem em algum modelo de pequeno negócio.

“Em nossa cultura, o empreendedorismo é muito apreciado. Entretanto, quando analisamos um dado de aumento de empreendedorismo, não devemos, por princípio, qualificá-lo como positivo sem entender as razões”, diz.

“É o chamado empreendedorismo por necessidade, aquele em que o profissional perde o seu emprego e sem a oportunidade de recolocação no mercado, constitui uma empresa, criando assim sua própria ocupação, o seu emprego como forma de componente de renda e subsistência.”

José Sarkis, professor do curso de Administração da FAAP

Isabella Vasconcellos, coordenadora da educação executiva na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), complementa que existe um conjunto de fatores que contribui para esse crescimento do número de pequenas empresas. 

O primeiro é que muitas empresas precisaram trocar, durante o auge da pandemia, as contratações do regime da CLT para Pessoas Jurídicas (PJ), porque assim tinham a chance de diminuir custos, segundo ela. 

“Em muitas empresas, houve a ‘pejotização’ de seus funcionários para evitar os custos da previdência. Assim elas deixaram de ter empregados e passaram a ter um fornecedores.”

Isabella Vasconcellos, coordenadora da educação executiva na EsPM

Para a especialista, outro fator impulsionador é que jovens vêm apresentando mais interesse em empreender nos últimos anos.

Atendimentos do Sebrae disparam

Embora a alta no número de novos negócios tenha desacelerado, o empreendedorismo segue crescendo. Assim, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) disparou em número de atendimentos. 

Em 2022, o Sebrae ultrapassou 20 milhões de atendimentos. No total, foi uma média de 56 mil atendimentos por dia e mais de 2,3 mil atendimentos por hora, em todo Brasil. Em 2021, o total foi de 17,4 milhões.

A marca histórica de atendimentos registra que, em apenas um ano, de cada quatro Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) no país, um foi atendido pelo Sebrae, consolidando uma cobertura de 25% dos pequenos negócios brasileiros.

O atendimento por canais digitais consagrou-se como uma das principais frentes de atuação da instituição. Das 20 milhões de empresas atendidas, 52% optaram pelas soluções online. As inscrições nos cursos online, por exemplo, cresceram 196% em 2022, quando comparado com 2018. Neste ano, o ensino à distância registrou 4 milhões de matrículas, contra 236 mil há quatros anos.

Por necessidade ou não, como começar a empreender? 

Um dos itens fundamentais para começar ou manter um negócio consolidado é contar com um planejamento estratégico – que serve para lidar com erros e acertos ao longo da jornada das micro e pequenas empresas –, segundo a Razonet, empresa de contabilidade digital. 

Para a organização, traçar metas de curto, médio e longo prazo, de acordo com a realidade do empreendedor, torna o futuro do negócio algo mais concreto e palpável. 

“Apesar de não saber o que o futuro nos reserva, não podemos ficar dependendo de mudança de governo ou outros fatores para determinar o futuro da empresa, caso contrário, viramos apenas passageiros”, aponta Valdenir Menegat, sócio da Razonet Contabilidade Digital. 

Após cuidar do planejamento, veja 4 dicas para empreender e ter sucesso, de acordo com a Razonet. 

1 – Gerir a equipe e o conhecimento

Para iniciar ou manter um negócio, é sempre importante alinhar a equipe e os sócios, assim como o conhecimento que cada um tem, com a finalidade de ter melhores resultados. 

“Enquanto gestor, é necessário avaliar quem é essencial e quem faz questão de participar do dia a dia da empresa. Essas sim são pessoas que o empreendedor deve buscar. Nessa reunião, as pautas serão aumento de vendas, expectativa de faturamento, estratégias de marketing, projeção financeira e outros pontos que julgarem importantes”, diz Menegat.

2 – Cuidar do financeiro

Para a Razonet, a contabilidade é um dos principais instrumentos do negócio, é “quem” leva a informação para o empreendedor, que deve se atentar aos números. O responsável do negócio deve estar a par de tudo que acontece para que sua tomada de decisão seja assertiva e próspera para o negócio.

O sócio da Razonet faz uma analogia com médicos e pacientes. “Como um médico traça o diagnóstico sem saber dos sintomas? Sem examinar? Não existe isso. O mesmo acontece com empresários que ignoram os números. Não há chance de prosperar sem analisar o financeiro”, finaliza.

3 – Alavancar as vendas

Vendas, lucro e fidelização do cliente, para a Razonet essas circunstâncias caminham juntas e merecem atenção para trazer os resultados desejados. 

“O empreendedor deve focar nas vendas porque só assim seu lucro vai aumentar. Nada adianta ter uma empresa bem estruturada se ela não consegue vender. Clientes satisfeitos recomendam seus produtos/serviços. Eles voltam e atraem outras pessoas junto deles – nada melhor do que uma propaganda boca a boca”.

4 – Autoanálise da gestão empresarial

O gestor, muitas vezes dono do negócio, deve saber quais são suas deficiências e quais aspectos deve melhorar, para assim poder trabalhar da melhor maneira. 

“Aprendi observando, ao longo de 30 anos, que todo empresário é um pouco arrogante. A liderança não está ali para fazer um favor para o cliente. A liderança é a que serve o cliente. O empreendedor deve ter a humildade de discernir a diferença e trabalhar para a melhoria constante”, reflete Menegat.

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Uber mira lucro em 2023 à medida que efeitos da pandemia diminuem https://investnews.com.br/negocios/uber-mira-lucro-em-2023-a-medida-que-efeitos-da-pandemia-diminuem/ Wed, 08 Feb 2023 15:16:57 +0000 https://investnews.com.br/?p=432942 A Uber (U1BE34) definiu nesta quarta-feira (8) meta de alcançar lucro este ano, após encerrar 2022 com resultados acima do esperado, já que um aumento na demanda por viagens para aeroportos e escritórios ajudou a empresa a se recuperar de efeitos da pandemia.

O presidente-executivo da Uber, Dara Khosrowshahi, disse que a empresa agora está focada em obter lucratividade este ano. “O impacto da pandemia em nosso negócio de mobilidade está verdadeiramente bem para trás”, disse.

A Uber previu Ebitda ajustado entre 660 milhões e 700 milhões de dólares no primeiro trimestre, bem acima da estimativa média dos analistas de 593,06 milhões, segundo dados da Refinitiv.

Sinal luminoso da Uber em Manhattan, Nova York (EUA) 17/11/2021 REUTERS/Andrew Kelly

A companhia, que opera em mais de 10 mil cidades em 70 países, disse que os produtos de transporte de passageiros, como pré-marcação de corridas, viagens compartilhadas, aluguel de carros e compartilhamento de carros impulsionaram a receita.

Khosrowshahi disse que os motoristas ativos na plataforma atingiram um recorde histórico no quarto trimestre e continuaram a crescer em janeiro, deixando para trás as preocupações com falta de trabalhadores no serviço.

“Nós nos separamos claramente de nossos concorrentes na preferência do motorista. Isso gerou ganhos significativos na posição da categoria globalmente, particularmente nos Estados Unidos, onde nossa posição está em uma alta de quase seis anos”, disse Khosrowshahi.

A receita total da Uber aumentou 49%, para 8,61 bilhões de dólares no quarto trimestre, superando estimativa de 8,49 bilhões de analistas. A receita com transporte de passageiros cresceu 82%.

O lucro líquido foi de 595 milhões de dólares, ou 0,29 dólar por ação, em comparação com 892 milhões, ou 0,44 dólar por papel, um ano antes.

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Retomada da China será complexa após reabertura, dizem economistas https://investnews.com.br/economia/reabertura-da-china-tera-desafios-para-retomada-economica-dizem-economistas/ Sat, 28 Jan 2023 08:00:00 +0000 https://investnews.com.br/?p=423002

Com o fim da rigorosa política “covid zero” na China, economistas consultados pelo InvestNews avaliam que o país voltará a apresentar melhora nos seus níveis de atividade econômica, fazendo com que o gigante asiático retome um ritmo de crescimento que atinja o seu potencial econômico. Eles alertam, no entanto, que a manutenção da presença chinesa no mundo e o controle da disseminação da covid, visando aquecer a economia, estão entre os principais desafios a serem enfrentados.

Área comercial de Xangai, China, 05/05/2021. REUTERS/Aly Song/File Photo

Após cerca de três anos, a China abriu travessias marítimas e terrestres com Hong Kong no último dia 8, encerrando a exigência de quarentena para os viajantes que chegam à região, colocando fim a um eixo final da política restritiva implementada no país asiático, que o isolou do resto do mundo, a chamada “covid zero”, marcada por testes em massa e quarentenas rigorosas.

Política de ‘covid zero’ ajudou?

A economista e especialista em mercado de capitais Ariane Benedito explica que a flexibilização da política de “covid zero” na China trouxe uma melhora considerável para os números da economia chinesa, principalmente nos níveis de atividade observados nos últimos meses de 2022, quando restrições começaram a ser relaxadas. 

Segundo Benedito, a segunda maior economia do mundo deve apresentar continuidade dessa melhoria econômica em 2023, conforme o aumento do otimismo do mercado sobre o cenário internacional.

Evandro Menezes de Carvalho, professor da FGV Direito Rio e coordenador do núcleo de estudos Brasil-China, alerta que o maior desafio que a China enfrenta será manter sua presença no mundo, com suas relações comerciais e expansão dos seus investimentos para o comércio internacional para atender o crescente mercado consumidor doméstico.

PIB da China desacelerou em 2022

Em 2019, no ano anterior ao início da pandemia, o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 6,1%, o ritmo mais lento desde 1990. Mesmo assim, foi atingida a meta de manter o PIB no intervalo de 6% a 6,5% naquele ano.

Já em 2020, a economia chinesa encerrou o ano com crescimento de 2,3%, sendo o único país entre as maiores economias do mundo que conseguiram evitar uma retração no primeiro ano da pandemia de covid-19.

Em 2021, por sua vez, o crescimento chinês foi 8,1% e, em 2022, o PIB da China cresceu 3%, abaixo da meta de 5,5%, registrando o segundo ritmo mais lento do crescimento econômico do país em quase cinco décadas. Confira o desempenho da economia chinesa nos últimos anos: 

O economista e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Vladimir Maciel, avalia que, em um primeiro momento, uma disseminação do contágio da covid-19 pode afetar o ritmo da atividade econômica de algumas regiões exportadoras da China. Todavia, segundo Maciel, não será muito diferente dos efeitos causados pela política de covid zero, que afetou negativamente também a atividade econômica.

Já Carvalho aponta que, com o fim da política de “covid zero”, a expectativa é que a economia chinesa volte a ter um ritmo que atinja o potencial de sua economia, com infraestrutura e logística muito bem preparadas para o comércio internacional e até para a economia interna.  

Para o professor da FGV, com o fim das restrições sanitárias, a China ganha uma  maior velocidade no restabelecimento da sua economia doméstica e também no seu comércio internacional.

“Apesar de o cenário internacional hoje ser diferente, com mais desafios, incertezas, como o conflito do país com Estados Unidos, guerra entre Russia e Ucrânia, e contexto de pandemia, esses fatores mexeram muito com o cenário internacional e têm impacto em todos os países. A China, no entanto, tem conseguido se manter como um ator importante na economia global”, explica o professor da FGV Direito Rio e coordenador do núcleo de estudos Brasil-China.

Desafios à frente

Com a reabertura das fronteiras na China no início deste ano, tem sido estimado que o pico da onda de covid-19 na China deve durar de dois a três meses e, em breve, se espalhará pelo interior do país e nas áreas rurais, à medida que pessoas viajam às suas cidades natais para o feriado do Ano Novo Lunar chinês.

Benedito diz acreditar que o desafio para a China ainda permanece nas questões de controle da covid, visando aquecer a economia para o crescimento, mas que as relações com o comércio internacional ganha relevância com a abertura da economia chinesa. 

“Desde de 2020, a China enfrenta uma relação turbulenta com Estados Unidos sobre as tratativas de Pequim e Washington no âmbito tecnológico. Há uma tentativa de barrar as gigantes de tecnologia chinesas, como medidas para obstruir o acesso e o desenvolvimento do setor de semicondutores na China. Além disso, o mercado imobiliário chinês é uma preocupação para o governo, que aumentou os esforços para o combate de uma possível recessão, após os acontecimentos com a Evergrande”, diz a economista e especialista em mercado de capitais. 

Já Evandro Menezes de Carvalho, professor da FGV, lembra que a China é parceira comercial de um pouco mais de 140 países no mundo, mas tem um adversário comercial, os Estados Unidos, sendo um dos obstáculos ao país asiático em meio à disputa pela liderança global com a economia dos Estados Unidos.

Mudança na rota econômica?

O presidente da China, Xi Jinping, foi reconduzido no final de outubro de 2022 ao seu terceiro mandato. Segundo economistas ouvidos pelo InvestNews, o novo governo, que vai durar por mais cinco anos, deve ser marcado pela ênfase doméstica, estratégia de poder no mundo e crescimento tecnológico.

Visitantes em frente a uma imagem do presidente chinês, Xi Jinping, em exposição na China. REUTERS/Florence Lo

Xi Jinping afirmou que, no seu novo governo, o país irá compartilhar as oportunidades do grande mercado chinês com o mundo, modernizar o comércio de mercadorias, acelerar a construção de um mercado interno forte e praticar parceria transpacífica e acordos de economia digital.

Ariane Benetido afirma que, se tratando de China, sempre é possível esperar qualquer mudança de cenário, devido ao controle governamental exercido. Ela destaca que o objetivo agora de Xi Jinping é o investimento em qualidade, políticas de inovação tecnológica, política industrial e as estratégias de segurança alimentar e energética.

Maciel lembra que a estratégia de crescimento do país está focada na tentativa de um certo equilíbrio entre a economia doméstica e  internacional, mas com foco, sobretudo, na economia interna.

“O setor de serviços tem um peso cada vez maior no PIB, respondendo por mais da metade, a tendência é que aumente. Há metas do governo chinês de dobrar a atual população que se situa na renda média, cerca de 400 milhões de pessoas, até 2035. O foco estará na economia doméstica, no desenvolvimento verde, que se tornou liderança nesse segmento, e um investimento maior em tecnologia, inovação, na evolução de áreas como a inteligência artificial, 5G”, explica Maciel.

Impactos do avanço chinês para o Brasil

A China é o principal parceiro comercial do Brasil, nação que mais recebe as exportações da segunda maior economia do mundo. A participação do país asiático na exportação brasileira foi de 26,8% no ano passado.

Benedito explica que as expectativas para o cenário chinês obtiveram melhoras entre analistas, o que é benéfico para o Brasil, uma vez que a China é o principal parceiro comercial. 

Segundo a economista, após as divulgações das projeções de um nível de atividade maior da China em 2023, o preço do minério de ferro retornou ao movimento de alta e replicou o otimismo nos ativos do setor. E que, além disso, expectativas positivas elevam os preços das commodities energéticas de modo geral. 

Para Evandro de Carvalho, o Brasil, naturalmente, irá se beneficiar dessa retomada da China, sobretudo, pois o país asiático necessita das commodities brasileiras, e o Brasil necessita da China como seu principal comprador  desde 2009.

Apesar disso, o professor defende que essa relação entre os países, mesmo sendo muito relevante para o Brasil, é de baixo perfil, ou seja, pois se concentra no comércio internacional de commodity por parte do Brasil e a China exporta produtos de maior valor agregado.

“O Brasil precisa criar políticas internas que façam com que a força econômica da China  se torne um vetor econômico  para o Brasil, não só da exportação, mas da sua industrialização, sobretudo, no campo da inovação e tecnologia. O Brasil poderia ampliar essas parcerias com a China e não ficar tão restrito somente ao comércio exterior, especialmente de commodities. Essa relação pode ser um trampolim para o Brasil desenvolver outros tipos de parcerias”, defende o professor da FGV.

O economista e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Vladimir Maciel alerta, no entanto, que uma eventual diminuição da oferta de alguns produtos importados da China pode impactar o Brasil negativamente, por causa da atividade econômica afetada pelas novas medidas. Segundo Maciel, isso não difere em termos práticos do que já vem ocorrendo nos últimos anos por causa da política de restrições sanitárias.

Relação da China com governo Lula

Em mensagem a Luiz Inácio Lula da Silva parabenizando-o pela vitória na eleição presidencial, Xi Jiping disse estar disposto a trabalhar com Lula para elevar, a partir de uma visão estratégica de longo prazo, a parceria entre as duas nações, de forma a trazer benefícios a ambos os países e seus povos.

Patricia Krause, economista da Coface, avalia que, apesar de o Brasil ter um novo presidente a partir de 2023, as relações entre os líderes não devem mudar muita coisa na economia, pois, mesmo em momento de atrito, ela se manteve forte, com fluxo de comércio e investimentos diretos que continuaram e crescendo.

Na mesma linha, Ariane Benedito avalia que, com Lula na presidência, as relações entre os dois países não deve mudar, pois, segundo ela, não foi apresentada, até o momento, nenhuma medida que estimule ou derrube os acordos comerciais com a China, que são muito importantes para a economia brasileira.

Já Maciel diz esperar uma mudança de retórica do tipo “relações mais equilibradas” do Brasil com China e Estados Unidos, e um discurso mais ameno, diferentemente do governo anterior, especialmente dos primeiros anos, mas que, na prática as relações continuarão bastante próximas.

 Evandro de Carvalho, professor da FGV, diz esperar que o governo Lula seja mais ativo na relação com a China, que proponha iniciativas conjuntas com o país asiático ou a partir do interesse brasileiro.

Carvalho também defende que é importante redimensionar as relações entre os países, tendo em conta os interesses do Brasil na América do Sul. Ele explica que a China expandiu sua presença na América Latina e na América do Sul e, como o governo do Brasil não deu atenção aos seus países vizinhos, o país asiático viu uma grande oportunidade.

“O Brasil precisa retomar essa relação com a China não apenas visando seu interesse nacional, no âmbito de suas fronteiras, mas, também, seus interesses de política externa que se direcionam para a América do Sul. A China é um ator-chave desse processo. É nesse sentido que as relações China e Brasil poderão ter uma série de mudanças qualitativas a partir desse governo Lula”, conclui o professor da FGV.

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