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Economia

Mesmo com dados fracos, PIB da China indica melhora em 2023, dizem especialistas

Apesar de 2° pior resultado em 50 anos, números vieram melhores que expectativas.

O crescimento da economia da China atingiu em 2022 seus piores níveis em quase 50 anos. Apesar da marca negativa, especialistas destacam que os números divulgados trazem boas pistas para 2023, especialmente pelos dados melhores do que o esperado pelo mercado. 

Segundo dados divulgados nesta terça-feira (17) pela Agência Nacional de Estatísticas, o Produto Interno Bruto (PIB) da China em 2022 cresceu 3%, após o salto de 8,4% em 2021. É o segundo pior resultado desde 1976, atrás apenas da alta de 2,2% após os primeiros impactos da pandemia na economia. 

“Se você falar que desacelerou de 8 para 3%, está desconsiderando que cresceu 8,1% porque era sobre uma base de 2021 muito fraca. Então, provavelmente os dados de PIB de boa parte do mundo vão ter essa leitura”

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

Os dados mostraram ainda que o PIB cresceu 2,9% no quatro trimestre de 2022 em relação ao mesmo período do ano anterior. Foi uma desaceleração em relação ao ritmo de 3,9% do terceiro trimestre, mas um número melhor do que as expectativas do mercado de um ganho de 1,8%.

Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais, destaca especialmente que “as vendas no varejo vieram com queda menor que as expectativas e a produção industrial veio melhor que as expectativas”. 

A produção industrial cresceu 1,3% em dezembro em relação ao ano anterior, diminuindo de um aumento de 2,2% em novembro, enquanto as vendas no varejo caíram 1,8% no mês passado, após queda de 5,9% em novembro.

A economia chinesa sofreu impactos negativos do mercado imobiliário e das rigorosas políticas de restrição ao funcionamento de diversas atividades para tentar controlar a disseminação do coronavírus. Essas medidas, no entanto, começaram a ser aliviadas no final de 2022, o que já ajuda a explicar os números melhores do que o esperado, segundo especialistas. 

“Vale destacar que os números vieram acima das expectativas do mercado por conta da flexibilização da política de controle do coronavírus no final do ano de 2022. Sem dúvida nenhuma, corroborou para esses números melhores”, diz Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos e especialista em renda variável.

O que esperar da economia da China 2023?

Idosos chineses fazem compras antes do Ano Novo Lunar, em Pequim, China 13/01/2023 REUTERS/Tingshu Wang

Após a divulgação dos dados de 2022, os olhares se voltam para o que se pode esperar dos números de 2023. Pesquisa da Reuters prevê que o crescimento irá se recuperar para 4,9% em 2023. Especialistas ouvidos pelo InvestNews apontam que os números divulgados nesta terça indicam que o crescimento pode, de fato, ganhar força em 2023. 

“Ainda existe uma luta por parte do governo chinês de recuperação do mercado imobiliário, muito investimento em infraestrutura, o que é uma característica da China. Mas a indústria chinesa já se mostra mais aquecida em comparação a outros momentos de estresse da economia chinesa, e isso deve causar competitividade para este ano”

Ariane Benedito, economista especialista em mercado de capitais

“Como o objetivo do governo chinês é qualidade e uma melhora de renda, esses dois setores devem continuar sendo bons contribuintes para o crescimento total do PIB: indústria e consumo no setor de varejo“, continua Ariane Benedito.

Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, concorda e acrescenta que a redução das restrições da política de “covid zero” devem continuar impulsionando a atividade. “A população estava receosa de sair de casa, de consumir serviços, varejo. Ela vai, em algum momento do ano, se sentir bem mais próxima ao que era antes da pandemia do que estava sendo nos últimos anos.”

No entanto, o aumento do número de casos de covid-19 após o relaxamento das restrições gera dúvidas. Nesse cenário, João Lucas Tonello, analista de investimentos da Benndorf Research, comenta que um movimento de aceleração da economia é esperado somente a partir do segundo trimestre. 

“Vemos a China em um caminho de retomada rumo ao segundo trimestre de 2023, visto que o primeiro trimestre é marcado pelo recorde de casos de covid e a maior onda de contaminações da pandemia”, diz ele. 

Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, pontua que “a reabertura sem uma vacina funcional contra a nova cepa da covid era considerada um dos elementos de maior impacto no crescimento chinês e pode ainda ser, caso o governo continue a fazer vista grossa ao fato de que, sem vacina, a situação não deve melhorar para atingir as metas de um PIB de 5% em 2023″.

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