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Quer reduzir o risco de morrer? Dê seus passos em sessões de 15 minutos ou mais, em vez de em pequenos blocos ao longo do dia. Todo mundo sabe que caminhar faz bem, e muitos de nós contamos nossos passos diários. Mas é melhor fazer uma caminhada mais longa do que acumular um número semelhante de passos espalhados ao longo do dia?

Uma equipe multinacional de pesquisadores buscou essa resposta. Entre 2006 e 2010, eles recrutaram adultos de um grande banco de dados de saúde no Reino Unido, limitando o estudo a quem dava menos de oito mil passos diários. Era um grupo mais velho, de 40 a 79 anos, com média de 62, e relativamente sedentário, com mediana de 5.165 passos por dia. Os pesquisadores excluíram pessoas com câncer ou doenças cardiovasculares (DCV).

Os 33.560 voluntários que passaram pelo filtro usaram um acelerômetro por cerca de sete dias para registrar quanto caminhavam normalmente. Os participantes foram divididos em quatro grupos de acordo com o tempo das caminhadas: até 5 minutos; entre 5 e 10 minutos; entre 10 e 15 minutos; e mais de 15 minutos. Os cientistas acompanharam todos ao longo dos 9,5 anos do estudo e publicaram os resultados em outubro no annals.org, site dos Annals of Internal Medicine.

O principal achado: uma caminhada diária mais longa parece superar muitos passos incidentais — mas não há necessidade de caminhar por horas. Os participantes que caminhavam principalmente em sessões de pelo menos 15 minutos tinham um risco 83% menor de morrer do que aqueles cujas caminhadas ocorriam em blocos de menos de 5 minutos. O risco de doenças cardiovasculares, como infarto ou AVC, foi 68% menor entre aqueles que faziam caminhadas mais longas em comparação aos de sessões muito curtas.

O estudo encontrou benefícios mesmo entre pessoas sedentárias que aumentaram a duração de cada caminhada, sem necessariamente aumentar muito o total de passos.

“Tendemos a colocar toda a ênfase no número de passos ou no total caminhado e negligenciamos o papel crucial dos padrões”, disse Emmanuel Stamatakis, um dos autores do artigo e diretor do Mackenzie Wearables Research Hub, da Universidade de Sydney, na Austrália.

O estudo mostra “que mesmo pessoas muito fisicamente inativas podem maximizar os benefícios cardiovasculares ajustando seus padrões de caminhada para andar por mais tempo de uma vez, idealmente por pelo menos 10 a 15 minutos”.

Como sempre em estudos desse tipo, é difícil provar que caminhadas mais longas causaram os resultados observados (vidas mais longas e menos DCV). Afinal, é possível que quem já tende a caminhar mais tempo fosse mais saudável desde o início.

De fato, os participantes do grupo de menos de 5 minutos “eram mais sedentários, tinham maior prevalência de sobrepeso ou obesidade e eram menos propensos a ter diploma universitário”. Já os que faziam caminhadas mais longas “eram mais ativos, tinham peso normal e maior nível educacional”.
Mas os pesquisadores tomaram cuidados, por assim dizer, para verificar se a saúde melhor explicaria as caminhadas mais longas, e não o contrário.

Por exemplo, eles analisaram os dados excluindo voluntários frágeis ou com saúde apenas regular ou ruim — e os resultados permaneceram “consistentes com as análises principais”. Ajustes para ritmo de caminhada, ingestão calórica ou diversos biomarcadores também “não alteraram de forma significativa as associações observadas”.

Aiden Doherty, professor de informática biomédica no Nuffield Department of Population Health da Universidade de Oxford, disse que o estudo foi conduzido “por alguns dos principais pesquisadores de atividade física do mundo” e apresentou um conceito novo e interessante, mas que “os resultados precisam ser replicados em outros estudos, em outros países, para verificar se isso se deve a causalidade e não apenas correlação”.

Enquanto isso, ele recomenda que adultos busquem “ao menos 150 minutos de atividade física moderada por semana”, acrescentando: “Cada movimento conta!”

Traduzido do inglês por InvestNews