Quando Rob Masters pôs à venda on-line 400 barris de bourbon de dois anos por US$ 900 cada, esperava que eles desaparecessem em poucos dias. Oito meses depois, os barris ainda estão lá. “Não estamos vendo nem o cheiro”, disse Masters, destilador-chefe da destilaria The Family Jones em Denver.

Apenas dois anos antes, Masters poderia ter arrecadado US$ 2 mil por barril semelhante. “Naquela época, conseguiria vende-los com dois telefonemas”, disse ele.

O boom do bourbon nos Estados Unidos acabou e empresas grandes e pequenas estão começando a sofrer, com destilarias cortando empregos e engavetando planos de expansão.

As vendas de bebidas alcoólicas dispararam durante a pandemia, quando os americanos cheios de dinheiro gastavam em bebidas, fazendo coquetéis em casa e bebendo com mais frequência. Agora os bebedores estão reduzindo o consumo, bebendo as garrafas que acumularam nos últimos anos e optando por marcas mais baratas. 

A crescente popularidade de medicamentos antiobesidade, da cannabis e das bebidas com baixo teor alcoólico ou sem álcool também está prejudicando cada vez mais as vendas. O cirurgião-eral dos EUA disse recentemente que o álcool deve ter rótulos de advertência contra o câncer, uma recomendação que, se promulgada, pode prejudicar as vendas de uma indústria que já enfrenta uma retração no consumo pelos mais jovens.

Os volumes de vendas de uísque dos EUA — incluindo bourbon, Tennessee e rye — caíram 1,2% em 2023, marcando a primeira queda desde 2002, de acordo com a IWSR, que monitora a indústria. Essa queda se acentuou no ano passado, com os volumes caindo 4% nos primeiros nove meses de 2024.