Christina e Michael Kutzner passaram horas estudando as normas para levar o cachorro da mãe dela, de Las Vegas para Detroit, na primeira classe, em abril. Eles ligaram para a Delta, buscaram informações em fóruns sobre viajar com animais na cabine e tudo o mais.
Não foi suficiente.
O cachorro de 9 kg foi barrado no aeroporto por ser considerado alto demais para caber sob o assento, como exige a companhia. Christina e sua mãe tiveram que comprar passagens de última hora — e bem caras — na American Airlines para o dia seguinte.
Também precisaram comprar uma nova caixa de transporte para que Kona, um Shiba Inu, pudesse viajar no compartimento de carga. (A Delta não transporta mais pets no porão, exceto para alguns funcionários militares ou do Departamento de Estado dos EUA.) Além disso, tiveram que desembarcar em Chicago, em vez de Detroit, e alugar um carro. Foi, segundo eles, uma lição cara.
“Só queremos que as pessoas saibam que não há muitas informações claras por aí”, diz Michael Kutzner.
Viajar com animais nunca foi simples. E ficou ainda mais difícil e caro desde que as companhias aéreas dos EUA, com o apoio do Departamento de Transportes, proibiram animais de suporte emocional em 2021, após um aumento de incidentes. Hoje, só são permitidos na cabine animais de serviço com documentação adequada e pets pequenos em transportadoras aprovadas que caibam sob o assento.
A lista de regras e exigências para levar seu gato ou cachorro pequeno no avião parece o equivalente pet daquelas letras miúdas de passagem em classe econômica básica. E se a viagem for internacional, a situação fica ainda pior.
Saber se a sua bagagem de mão vai caber no medidor de bagagem da companhia aérea é fácil comparado a saber se sua caixa de transporte e o bichinho dentro dela vão ser aprovados para embarcar com você. As companhias têm seções completas sobre pets em seus sites, mas entender as regras nem sempre é simples, especialmente para quem está viajando com animais pela primeira vez.
No site da Delta, por exemplo, está escrito que o pet deve ser “pequeno o suficiente para caber em uma transportadora, com capacidade de se movimentar sem tocar ou ultrapassar os limites da caixa”. Já a American diz apenas que os animais devem ser “pequenos o suficiente para caber confortavelmente dentro da transportadora fechada”.
As regras mudam o tempo todo também. Na semana passada, a Alaska Airlines anunciou que não permitirá mais que os passageiros comprem um assento extra para o pet. Era a última companhia aérea dos EUA a oferecer essa opção, popular entre donos de cães de porte médio, que são grandes demais para ir debaixo do assento. Outras companhias que permitem comprar um segundo assento não deixam que a caixa de transporte fique sobre ele.
Há uma petição circulando para tentar reverter a decisão. A Alaska também reduziu o tamanho permitido das caixas de transporte sob o assento e disse que, a partir do ano que vem, não aceitará mais pássaros e coelhos. (Segundo a companhia, essas e outras mudanças visam alinhar suas políticas às da Hawaiian Airlines, com quem está em processo de fusão.)
Outro desafio para os viajantes: as taxas para pets agora podem ser mais caras que a própria passagem. Uma amiga me mandou uma mensagem semana passada reclamando dos US$ 300 que teria que pagar para levar o cachorro dela num voo da United, de Denver para Dakota do Sul. A passagem dela custou US$ 209.
A American e a United aumentaram suas taxas domésticas para transporte de pets para US$ 150 por trecho no ano passado. A Delta, que antes cobrava US$ 95, entrou para o “clube dos 150” em abril. A JetBlue e a Southwest cobram US$ 125 por trecho. A Alaska, US$ 100. Já o transporte de pets no compartimento de carga sai ainda mais caro. (Ainda assim, é mais barato do que fretar um voo privado ou voar pela nova BARK Air — um serviço de luxo para cães, com preços a partir de US$ 6.000 por trecho para o pet e seu humano, na rota Nova York–Los Angeles em julho.)
Até profissionais da área têm dificuldade para acompanhar as variações de políticas e preços entre as companhias.
“Fazemos o melhor que podemos para acompanhar tudo isso”, diz Christian Diaz, ex-comissário de bordo e fundador da Signature Pet Transport, empresa de San Diego que oferece desde consultoria por telefone até acompanhamento presencial para ajudar donos de pets a organizar viagens aéreas.
Diaz, que é colaborador regular do grupo “Flying with Dogs” no Facebook, sabe de cor quais companhias têm as maiores medidas permitidas para caixas de transporte (a Delta lidera entre as domésticas) e quais têm as menores (Hawaiian, American e agora Alaska).
Ele também destaca as diferenças entre raças de mesmo peso: um buldogue francês de 9 kg ocupa menos espaço do que um galgo italiano de mesmo peso, que tem pernas mais longas e provavelmente não passaria nas regras das companhias, explica Diaz, que também é criador e participa de exposições de cães.
Ele dá as seguintes dicas para reduzir as chances de problemas no aeroporto:
- Muito antes do dia da viagem, certifique-se de que o cachorro cabe confortavelmente na caixa de transporte. Treine bastante. Deixe o pet se acostumar, faça simulações, pratique, pratique, pratique.
- Se você acha que o tamanho do cachorro está no limite, não arrisque. (É só digitar no Google a política de pets de qualquer companhia aérea e uma das primeiras sugestões de pesquisa vai ser: “Essa companhia é rigorosa com pets?”)
- Imprima ou salve no celular as regras da companhia aérea e leve com você. A forma como os funcionários entendem (e aplicam) essas regras pode variar de um voo para outro, de um aeroporto para outro.
- Sempre tenha um plano B para o bichinho.
A história dos Kutzners teve um final feliz na American, mas eles gostariam de ter recebido orientações melhores da Delta ao longo do processo. A Delta pediu desculpas por qualquer falha de comunicação e disse que suas políticas para pets são elaboradas com foco na “segurança e conforto durante todos os aspectos do voo”.
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Traduzido do inglês por InvestNews
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