O financiamento foi incluído no projeto de lei de impostos e gastos que Trump assinou em julho, mas não havia sido publicamente vinculado a um contratado. O sistema planejado de “air moving target indicator” (indicador de alvos aéreos em movimento) pode chegar a ter até 600 satélites, segundo essas pessoas.
A empresa de Elon Musk, disseram também pessoas com conhecimento do tema, deve ter um papel importante em outras duas redes de satélites do Pentágono. Uma, chamada Milnet, faria a retransmissão de comunicações militares sensíveis; a outra envolveria satélites capazes de rastrear veículos em terra.
O espaço que a SpaceX está conquistando nesses futuros agrupamentos de satélites é mais um sinal da influência crescente da empresa na segurança nacional dos EUA.
Autoridades do governo descrevem o Golden Dome como um sistema complexo de satélites e outras tecnologias capaz de destruir mísseis antes que atinjam seus alvos. O Pentágono divulgou poucos detalhes sobre como funcionaria esse escudo antimísseis.
As autoridades de defesa ainda não concederam contratos grandes para o Golden Dome porque estão definindo seus planos de gasto. Parlamentares e executivos do setor esperam mais detalhes do Pentágono sobre o Golden Dome nas próximas semanas.
Um porta-voz do Pentágono se recusou a comentar o envolvimento da SpaceX nos sistemas de satélites planejados:
“Não fornecemos detalhes relacionados a especificações de arquitetura ou temas ainda em fase de decisão.”
A SpaceX não respondeu a um pedido de comentário.
A empresa espacial de Musk, conhecida por seus lançamentos de foguetes, construiu um grande negócio de satélites atendendo às Forças Armadas e às agências de inteligência dos EUA. Autoridades elogiam a capacidade da SpaceX de avançar tecnologias de segurança nacional e de colocar satélites em órbita rapidamente.
“O que esperamos é que a indústria nos ajude a inovar mostrando o que é possível — trazendo ideias para nós”, disse o general Chance Saltzman, principal oficial de operações da Força Espacial dos EUA, em um evento do setor no ano passado.
O Wall Street Journal informou em fevereiro que a SpaceX, junto com as empresas de tecnologia de defesa Anduril Industries e Palantir Technologies, tinha oferecido seus serviços para ajudar a desenvolver a infraestrutura do Golden Dome em um cronograma acelerado. Contratadas tradicionais de defesa, como Lockheed Martin, Northrop Grumman e L3Harris, também estão propondo tecnologias para o escudo.
Trump disse que o Golden Dome custaria US$ 175 bilhões, embora analistas estimem que o valor chegue a centenas de bilhões a mais.
O presidente tem pressionado para que o sistema esteja operando até o fim de seu mandato. Esse cronograma apertado dá uma vantagem à SpaceX na disputa por trabalho no projeto porque a empresa consegue fabricar e lançar satélites mais rápido do que suas concorrentes, segundo autoridades do governo e do setor.
A SpaceX afirmou recentemente que já lançou mais de 10 mil satélites para seu serviço de internet Starlink. O crescimento acelerado do Starlink o transformou na maior constelação de satélites da história.
O site Breaking Defense já havia noticiado o envolvimento da SpaceX no Milnet.
O sistema Milnet vem sendo desenvolvido há vários anos e envolve tanto a Força Espacial quanto o National Reconnaissance Office (NRO), a agência de espionagem dos EUA responsável por satélites sigilosos. O NRO, que contratou a SpaceX há alguns anos para desenvolver e lançar um enxame de satélites de inteligência, não respondeu a um pedido de comentário.
Muitos líderes militares e parlamentares têm receio de concentrar demais as redes de satélites de segurança nacional na SpaceX, temendo que os EUA se tornem excessivamente dependentes da empresa.
O senador Rick Scott (republicano da Flórida) disse recentemente que vai continuar defendendo competição à medida que o escudo antimísseis de Trump toma forma.
“Não quero acabar numa situação em que escolhemos uma empresa e seguimos por esse caminho”, afirmou, sem citar nomes.
Dentro do Departamento de Defesa, líderes chamam esse tipo de situação de “vendor lock” (dependência de um único fornecedor). Esses casos podem “neutralizar as forças de mercado ao sufocar a inovação e inflar preços”, disse no ano passado o Defense Science Board, grupo de assessoramento técnico do Pentágono, em um relatório sobre o espaço comercial.
Autoridades do governo disseram que algumas atitudes de Musk reforçaram a necessidade de ter vários contratados apoiando as operações espaciais de segurança nacional. Um exemplo: sua ameaça de desativar uma nave que transporta astronautas da Nasa para a Estação Espacial Internacional.
Musk recuou nessa ameaça, e executivos da SpaceX costumam destacar o relacionamento próximo da empresa com autoridades e agências do governo.
“O governo vai ter o que precisa — como sempre”, disse a presidente da SpaceX, Gwynne Shotwell, em um evento com investidores no ano passado, ao falar sobre como a empresa dedicaria o Starlink aos EUA em caso de conflito.
O Departamento de Defesa, por sua vez, vem tomando medidas para estimular uma base mais ampla da indústria de satélites. A Space Development Agency está implantando outra rede militar de satélites usando empresas como York Space Systems e Boeing.
Traduzido do inglês por InvestNews
Presented by