O Federal Reserve (Fed) poderá fazer seu último corte de juros nos Estados Unidos na reunião desta quarta-feira (18)? Essa possibilidade não pode ser descartada.

Os mercados não sinalizaram reação diante dos dados de inflação divulgados na última semana, que mostraram os preços ao consumidor subindo 2,7% em novembro na comparação com o ano anterior – um aumento em relação aos 2,6% de outubro. O S&P 500 avançou 0,8%, e o Nasdaq fechou acima de 20 mil pontos pela primeira vez. Essa reação pode refletir um alívio pelos números estarem apenas dentro do esperado, sem surpresas desagradáveis.

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No entanto, os dados confirmam uma tendência preocupante: a queda da inflação estacionou ou, pelo menos, desacelerou. Os preços ao consumidor no núcleo, excluindo alimentação e energia, subiram 3,3% em relação ao ano anterior, mantendo um ritmo semelhante ao dos últimos meses. Merece especial atenção a inflação de serviços, que, excluindo serviços de energia, registrou 4,6% na comparação anual.

Isso não parece suficiente para desencorajar o Fed de realizar cortes de juros em sua última reunião de 2024. Até a última quarta-feira (11), os mercados de futuros precificavam 96% de chance desse movimento, segundo a ferramenta CME FedWatch. 

Os investidores apostam que a desaceleração gradual na geração de emprego nos últimos meses ainda deixa o Fed confortável para promover algum alívio monetário adicional. Variações mensais em fatores como greves trabalhistas e furacões tornaram os dados um pouco difíceis de interpretar, mas a tendência permanece clara: a média de três meses de ganhos de emprego caiu para 173 mil em novembro, ante 243 mil no início de 2024.

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Além de dezembro, o mercado futuro sugere dois ou três cortes adicionais de 0,25 ponto percentual até o final de 2025, atribuindo aproximadamente 30% de probabilidade a cada cenário. Essa expectativa pode ser excessivamente otimista.

Apesar da desaceleração, os empregos ainda registram ganhos decentes, e a economia continua aquecida, com o crescimento do PIB real atingindo 2,8% anualizado no terceiro trimestre. Com a inflação dando sinais de estagnação em torno de 3%, acima da meta de 2% do Fed, que razão convincente haveria para continuar cortando os juros?

E isso sem considerar as possíveis políticas da provável administração Trump, como cortes de impostos, uma ofensiva contra a imigração e novos impostos de importação. Ainda é incerto quanto de cada política será implementado e quando, mas parece altamente provável que haverá pelo menos um pouco de cada. E todas essas políticas provavelmente seriam inflacionárias.

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Publicamente, o Fed insiste que nem sequer está pensando nessas implicações políticas no momento. Mas os dados já fornecem motivos suficientes para pausar os cortes de juros, com o benefício adicional de permitir que a instituição observe o que acontecerá sob a administração de Donald Trump.

Portanto, pelo menos, não espere que o Fed continue alegremente cortando juros nos primeiros meses do próximo ano. E não descarte a possibilidade de que este possa ser o fim do tão esperado ciclo de afrouxamento monetário: corte de um ponto percentual completo nas taxas de juros, e nada mais.

Entre em contato com Aaron Back pelo e-mail [email protected]

Traduzido do inglês por InvestNews

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