Heshie Brody sabe o que vai acontecer em sua academia local em janeiro. No entanto, todos os anos, o engenheiro de software se surpreende com a quantidade de novos rostos e o nível do caos.
“Está lotado. Seu armário favorito está ocupado. As esteiras estão cheias. Você tem que esperar na fila pelo chuveiro”, disse Brody, de 29 anos, sobre sua academia no Brooklyn, em Nova York.
Para ele, é difícil ter empatia quando você sabe que muitos dos recém-chegados não voltarão.
“Olha eu respeito sua resolução de Ano Novo”, disse Brody. “Mas ficarei impressionado se ainda o vir em fevereiro.”
Nas academias por todos os EUA, os frequentadores esperam pelo fim da lotação de janeiro.
Ano após ano, os americanos adicionam “fazer exercícios” à lista de resoluções de Ano Novo, e 2025 não foi diferente. Exercitar-se mais foi a resolução mais popular feita pelos americanos este ano, de acordo com uma pesquisa nacional realizada pela Health & Fitness Association (HFA – Associação de Saúde e Forma Física). Eles vieram com força. Na 24 Hour Fitness, uma das maiores redes de academias dos EUA, a frequência em janeiro já superou as previsões.
Para as academias, é uma bonança inesperada. Para os aficionados por fitness, é um pesadelo.
Marlena Rodriguez, de 30 anos, frequenta a Crunch local em Fort Myers, na Flórida, na maioria dos dias para levantar peso ou pedalar. Durante o mês de janeiro, ela se considera com sorte se conseguir encontrar uma vaga no estacionamento. As aulas estão lotadas. E garantir sua vez em uma máquina se torna um esporte competitivo. “De repente, todo mundo quer malhar. É realmente frustrante quando você vai todos os dias”, disse Rodriguez, profissional de seguros.
E não é apenas o número de pessoas. É o que elas fazem.
Rodriguez disse que os recém-chegados muitas vezes não enxugam o suor das máquinas quando terminam e, pior, usam o botão de parada de emergência para encerrar a sessão na esteira — o equivalente a tirar o abajur da tomada em vez de desligá-lo.
Hayley Caronia chegou ao seu limite este mês durante um treino noturno na academia de seu prédio. Caronia, de 30 anos, achava que a academia estivesse relativamente silenciosa, dado o horário. Estava errada. Duas novas pessoas chegaram e uma delas pegou a esteira ao lado dela e começou a andar enquanto falava com um amigo no FaceTime — sem fones de ouvido.
“Aviso aos novos frequentadores de academias de janeiro: se todas as esteiras estiverem livres e você escolher a que está ao meu lado, vou ficar planejando sua morte durante todo o meu exercício”, escreveu Caronia, produtora do site de esportes OutKick, de Nashville, em letras maiúsculas na plataforma X.
Celulares na academia são uma questão por si só. Ryan Scott, de 43 anos, pastor e professor substituto em Middletown, em Delaware, disse que muitos recém-chegados parecem mais preocupados em mostrar às pessoas o que estão fazendo do que em se exercitar.
“Isso acontece o tempo todo — gente tentando tirar fotos para o Instagram”, disse Scott. Durante um treino recente, ele testemunhou uma mulher fazendo selfies durante os 40 minutos que passou no elíptico. Ela nem encostou em um peso.
Telas grandes também são um problema. Pouco depois do incidente na esteira, Caronia observou um homem ficar na frente do rack de peso por mais de dez minutos assistindo a um jogo de futebol americano universitário.
“Eu entendo que há muitos jogos acontecendo. Mas se você ficar em frente à TV com as mãos na cintura por [tanto tempo], é hora de ir para casa”, disse ela, rindo.
A etiqueta da academia, em última análise, se resume ao respeito às pessoas ao seu redor, conscientizar-se delas, disse o empresário e influenciador de positividade na academia, Joey “Swoll” Sergo. Sergo foi ao X pedir a Elon Musk que estabelecesse um “Departamento de Etiqueta na Academia”, uma referência ao Departamento de Eficiência Governamental, ou DOGE, que o bilionário foi encarregado de liderar no próximo governo Trump.
Primeira ordem: “Se você consegue levantar todo esse peso, consegue colocá-lo de volta no lugar”, disse Sergo.
Deixar as coisas espalhadas é uma gafe comum cometida por novos frequentadores de academias, disse Jayme Pietryga, de New Stanton, na Pensilvânia. Pietryga, de 48 anos, frequenta o Planet Fitness local quatro dias por semana. Nos últimos dias, ela estima que a academia tenha estado três vezes mais movimentada do que o normal, deixando alguns frequentadores irritados.
Mas Pietryga disse que tem mais paciência para a multidão da “resolução de Ano Novo” do que a maioria. Ela já fez parte dessa turma, matriculando-se em janeiro e aparecendo raramente. Foi necessária uma cirurgia no joelho que exigiu reabilitação consistente para levá-la de volta à academia. Então, quando um novo membro a parou para pedir orientação com uma máquina, ela o ajudou com boa vontade — apesar dos resmungos de outro cliente regular esperando sua vez.
“Eu já estive no lugar deles”, explicou Pietryga. “Todo mundo tem que começar em algum lugar.”
Os novos frequentadores de academias tendem a passar menos tempo matriculados, de acordo com os dados mais recentes da HFA. O ClassPass, serviço de assinatura mensal que fornece acesso a estúdios de fitness boutique, observa padrões semelhantes. Mais usuários se inscrevem e reservam aulas em janeiro do que em qualquer outra época do ano. E normalmente não continuam.
Nikki Walsh, de 49 anos, de West Hartford, em Connecticut, usa o ClassPass há cerca de dois anos para complementar sua programação regular de academia.
Walsh usa o ClassPass principalmente para agendar sessões de Pilates. Mas, em janeiro, ela tem que ser especialmente criativa para encontrar vagas nas aulas. Ela entra em listas de espera, define alarmes em seu telefone para marcar aulas e faz o possível para manter sua agenda flexível enquanto seus três filhos estão na escola. Ela sabe que isso não vai durar para sempre. “Talvez em uma semana ou mais as coisas vão desacelerar.”
Para Jeffrey Dajos, de 50 anos, engenheiro de sistemas de Lake Orion, em Michigan, a gota d’água veio anos atrás. “Não consegui entrar na academia na primeira semana de janeiro”, lembrou Dajos. “O estacionamento estava cheio, sem falar nas máquinas, então comprei tudo o que precisava e coloquei em minha casa.”
Mas, segundo ele, uma amiga teve uma solução ainda melhor:
“Ela disse que deveríamos abrir uma rede de academias pop-up em dois de janeiro que lentamente vão se transformando em bares em meados de fevereiro”, disse ele. “E vai se chamar ‘Resoluções’.”
Escreva para Gretchen Tarrant Gulla em [email protected]
Traduzido do inglês por InvestNews
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