Os futuros pais que usam fertilização in vitro em breve poderão classificar os embriões com informações genéticas, na esperança de estender a longevidade de seus filhos, de acordo com Kian Sadeghi, empresário de 25 anos por trás da Nucleus Genomics, empresa de testes e análises de DNA. Pode ser o próximo passo da reprodução assistida? “A expectativa de vida aumentou drasticamente nos últimos 150 anos”, disse Sadeghi, fundador e executivo-chefe da empresa. “O teste de DNA pode fazer isso acontecer novamente.”
A Nucleus planeja cobrar US$ 5.999 por uma análise de até 900 condições, incluindo doenças que ocorrem mais tarde na vida e são as principais causas de morte em idosos, como mal de Alzheimer, doenças cardíacas e câncer. A análise será feita em até 20 embriões.
Escolha de embriões
Cada embrião recebe algumas probabilidades para desenvolver condições crônicas. Cabe aos pais decidir as qualidades que consideram mais importantes ao escolher quais embriões usar. Eles podem agendar sessões com conselheiros genéticos se quiserem discutir os resultados.
Médicos e clínicas de fertilização in vitro rotineiramente se oferecem para testar embriões em busca de anormalidades cromossômicas que causam condições genéticas, como a síndrome de Down.
Os futuros pais que sabem que correm o risco de ter um filho com uma doença letal causada por mutações em um único gene, como Tay-Sachs ou doença falciforme, são aconselhados a examinar seus embriões.
A Nucleus está se oferecendo para gerar pontuações de risco para a probabilidade de embriões contraírem doenças causadas por centenas ou até milhares de genes. Chamados de scores de risco poligênico, esse tipo de análise não é recomendado atualmente pela maioria das sociedades médicas. As pontuações são probabilidades e não significam que alguém terá determinada condição.
A Nucleus também fornece avaliações de probabilidade para QI, altura e cor dos olhos dos embriões. Sadeghi disse que não traça uma linha entre as pessoas que querem fazer um teste de DNA para que possam conhecer seus próprios riscos e tentar prevenir doenças e aquelas que examinam e classificam embriões para escolher um com melhor chance de viver muito além dos 85 anos. “É a mesma motivação”, disse ele. “A ideia é ter uma vida mais longa e saudável.”
Ética
Paula Amato, médica de fertilidade da Universidade Oregon Health & Science, disse que os especialistas em ética temem que esses tipos de classificações resultem em uma sociedade que não valoriza certos tipos de crianças.
Em sua própria clínica, ela não transferirá um embrião com um número anormal de cromossomos para o útero de uma mulher como parte da fertilização in vitro. Mas se os pacientes procurarem análises adicionais e escolherem entre os embriões restantes com base em preferências pessoais, ela disse: “Essa é a prerrogativa deles. Não vou impedi-los”.
Pontuação de risco
A Nucleus não faz testes genéticos de embriões. A empresa fez um parceria com a Genomic Prediction, que trabalha com clínicas de fertilização in vitro para testar embriões em busca de anormalidades cromossômicas e calcular escores de risco para 13 doenças poligênicas, incluindo diabetes, doenças cardíacas e cânceres.
Nathan Treff, diretor científico da Genomic Prediction, disse que a empresa testou 120 mil embriões para clínicas e médicos de fertilização in vitro. Para cerca de 5 mil embriões, médicos e clínicas também solicitaram as pontuações de risco para ajudar as pessoas a tomarem decisões sobre quais embriões implantar. Treff disse que a empresa não fornece previsões de QI, algo frequentemente solicitado pelos pacientes.
A empresa enviará os dados sobre os embriões à Nucleus para análise posterior a pedido dos clientes. Os pacientes têm o direito, de acordo com a lei federal dos EUA, de solicitar os dados genéticos brutos dos laboratórios clínicos e também podem fazer o upload dos dados para a própria Nucleus.
Prever o risco futuro de doenças crônicas dos embriões está atraindo interesse na comunidade da longevidade. A Orchid Health, iniciada em 2021, faz testes genéticos em embriões e fornece pontuações de risco para muitas doenças relacionadas à idade, cobrando aproximadamente US$ 2.500 por embrião.
“A comunidade da longevidade tem se interessado significativamente por nosso trabalho porque estamos essencialmente permitindo que as famílias depurem seu código genético para a próxima geração”, disse Diba Massihpour, chefe de operações da Orchid.
Sadeghi, da Nucleus, o segundo de três filhos de imigrantes iranianos, se interessou por ciência quando criança, depois que um primo morreu do que os médicos suspeitavam ser um distúrbio genético desconhecido relacionado ao ritmo cardíaco.
Ele se interessou pelo Crispr — tecnologia de edição de genes — ainda no ensino médio e estudou biologia computacional na Universidade da Pensilvânia. Deixou a escola em 2020 durante a Covid e teve a ideia do que se tornou a Nucleus no porão da casa de seus pais.
Com US$ 200 mil de um investidor anjo, contratou alguns amigos e montou a empresa em 2021. Desde então, levantou US$ 32 milhões, incluindo US$ 1,5 milhão do Founders Fund, de Peter Thiel, e US$ 10 milhões da Seven Seven Six, de Alexis Ohanian, empresa de capital de risco.
Sadeghi é um palestrante frequente em conferências sobre longevidade, incluindo uma recente no Buck Institute for Research on Aging (algo como ‘Instituto Buck de Pesquisa sobre Envelhecimento’). No ano passado, a Nucleus, patrocinadora das conferências Don’t Die do biohacker da longevidade Bryan Johnson, coletou DNA de Johnson no palco.
Sadeghi vê uma conexão direta entre o movimento da longevidade e os testes de embriões. “O movimento da longevidade é pegar o remédio e colocá-lo nas mãos das pessoas”, disse Sadeghi. “Por que isso não se aplicaria agora à decisão mais íntima, pessoal, emocional e sensível que você tomará? A escolha de seu bebê.”
Traduzido do inglês por InvestNews
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