Autoridades do governo, incluindo Bessent, sentiram que estavam fazendo progressos em acordos com vários parceiros comerciais, como Índia e União Europeia, à medida que o prazo anterior de Trump se aproximava, disseram as fontes. Uma pausa inicial nas tarifas recíprocas estava prevista para expirar a zero hora de quarta-feira, até que Trump, na segunda-feira, adiou ainda mais a data de implementação, dessa vez, por mais três semanas e enviou cartas alertando os países sobre as tarifas que enfrentariam a partir do fim do novo prazo.
No fim de semana anterior ao anúncio de segunda-feira, Trump deliberou por telefone e em conversas privadas com aliados em seu clube de golfe particular em Bedminster, Nova Jersey. Trump avaliava se deveria fixar um novo prazo para agosto ou enviar cartas sem data, apenas com a declaração das novas tarifas, disseram essas pessoas.
Trump já havia comentado publicamente sobre a possibilidade de abandonar a busca por acordos para evitar tarifas. Sua inclinação para permitir que as tarifas entrassem em vigor mudou após ouvir de Bessent que alguns acordos estavam próximos, mas precisavam de mais tempo. Bessent foi um assessor-chave que convenceu Trump com sucesso a implementar a pausa inicial de 90 dias nas tarifas do “liberation day” em abril, que abalou os mercados globais.
O porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, disse que os EUA estão recebendo grande interesse em reduzir tarifas, mas Trump foi claro: “os Estados Unidos, o maior e melhor mercado consumidor do mundo, detêm as cartas e a alavancagem nas negociações para estabelecer unilateralmente acordos com tarifas apropriadas para nossos parceiros comerciais.”
Nas ligações, Trump disse a assessores e aliados estar frustrado com a falta de progresso com os países, culpando essas nações por não apresentarem ofertas que, em sua visão, fossem boas o suficiente para os EUA. Trump argumentou, em privado, que estava surfando em uma onda de impulso após sancionar o “One Big Beautiful Bill”, a lei que mantém os cortes de impostos de sua primeira gestão e amplia esses benefícios, e bombardear o Irã, e queria usar essas percepções de vitórias para obter conquistas na política comercial.
No fim, Trump decidiu enviar as cartas juntamente com o adiamento como uma tática de negociação para arrancar concessões de última hora dos parceiros comerciais, disseram fontes próximas ao assunto. Na terça-feira, ele afirmou que mais cartas seriam enviadas, acrescentando que estava a cerca de dois dias de enviar uma carta à União Europeia. Autoridades dos EUA e da UE ainda estão em contato próximo.
O secretário de Comércio, Howard Lutnick, disse mais tarde à CNBC que entre 15 e 20 novas cartas tarifárias a líderes mundiais devem ser publicadas online nos próximos dois dias.
Trump, há muito defensor do uso de tarifas, disse estar ansioso para impor tarifas a uma série de países, apesar de sua nova ordem executiva. “AS TARIFAS COMEÇARÃO A SER COBRADAS EM 1º DE AGOSTO DE 2025. Não houve mudança nesta data, e não haverá mudança,” escreveu Trump no Truth Social, assim mesmo com as letras maiúsuclas, na terça-feira. Durante uma reunião de gabinete no mesmo dia, ele afirmou que suas cartas a outras nações constituíam um pacto de comércio bilateral: “Uma carta significa um acordo”, disse, observando que sua equipe continua negociando com outros países.
Na terça-feira, Trump também antecipou outras tarifas impostas sob uma autoridade legal separada, dizendo que imporia tarifas de 50% sobre cobre e de até 200% sobre produtos farmacêuticos, citando preocupações de segurança nacional. As empresas teriam até um ano e meio para transferir suas cadeias de suprimentos farmacêuticas antes que as tarifas entrassem em vigor.
Lutnick disse mais tarde que o anúncio sobre o cobre seria publicado durante o dia, mas isso ainda não havia ocorrido até a manhã de quarta-feira. Ele afirmou que os relatórios detalhando os níveis tarifários para semicondutores e produtos farmacêuticos seriam divulgados até 1º de agosto.
Trump também minimizou as chances de todos os países conseguirem acordos para evitar suas elevadas tarifas recíprocas. “Temos 200 países. Não podemos nos reunir com 200 países,” disse ele durante a reunião.
As tarifas recíprocas têm como alvo países que a Casa Branca considera maus jogadores no tabuleiro do comércio. Eles enfrentam uma taxa mais alta no lugar das tarifas globais base de 10% que Trump já impôs sobre quase todas as importações dos EUA. Em muitos casos, as tarifas recíprocas não correspondem às tarifas impostas às exportações dos EUA. A Casa Branca afirmou que as tarifas recíprocas, ou a tarifa base de 10% para as nações aplicáveis, não se aplicam a produtos sujeitos a tarifas específicas por setor, como cobre ou alumínio.
Na prática, teria sido difícil para o Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) atualizar milhares de códigos de produtos na Tabela Harmonizada de Tarifas para cada país sujeito a uma tarifa recíproca até o prazo de quarta-feira, especialmente depois que Trump alterou algumas dessas tarifas com acordos ou cartas que definiram novas alíquotas, disse Wilbur Ross, secretário de Comércio durante o primeiro mandato de Trump.
“Leva um tempo para o CBP implementar tarifas,” disse Ross, citando os muitos códigos que precisariam ser atualizados em 9 de julho. Um porta-voz do CBP chamou essa afirmação de falsa e disse que a agência “estava pronta para implementar desde o início, e continua preparada para cumprir qualquer ordem do presidente.”
Os países que receberam cartas ainda podem negociar tarifas mais baixas se reduzirem drasticamente suas tarifas e regulações sobre produtos dos EUA, disse Lutnick. “Mesmo quando ele envia uma carta, você vê que nela ele diz: se vocês mudarem a forma como tratam os Estados Unidos, nós ouviremos e consideraremos,” afirmou Lutnick.
Traduzido do inglês por InvestNews
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