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“Baby Shark Dance”, a música infantil irritantemente viciante, é o vídeo mais assistido da história do YouTube. Desde que foi publicada em 2016, tem sido reproduzida, em média, mais de 4,7 milhões de vezes por dia. A cantiga do “doo-doo-doo” já acumulou 16,4 bilhões de visualizações — aproximadamente o equivalente à soma dos 10 vídeos mais populares de Taylor Swift no YouTube.

Mas todo esse poder viral não se traduziu em uma megafortuna para a Pinkfong, a empresa sul-coreana por trás do jingle de dois minutos sobre uma família de tubarões. No ano passado, a companhia gerou o equivalente a cerca de US$ 67 milhões em receita, incluindo ganhos provenientes do YouTube.

O dilema evidencia como certas restrições impostas ao conteúdo infantil on-line limitam a capacidade de monetizar toda essa atenção.

Estreia na bolsa

A Pinkfong estreia na bolsa sul-coreana Kosdaq na terça-feira (18).

“Baby Shark”, que transformou uma cantiga de acampamento em um fenômeno viral, foi lançado há quase uma década. Em 2020, ultrapassou “Despacito”, de Luis Fonsi, e se tornou o vídeo mais assistido do YouTube. Desde então, essa diferença só aumentou.

O tráfego vem do mundo todo. A música está disponível em 25 idiomas diferentes. Os Estados Unidos são o maior mercado em visualizações, enquanto o Brasil é o país com mais curtidas.

A empresa sediada em Seul considerou abrir o capital pela primeira vez em 2019. A Pinkfong acreditava que valia mais do que os investidores estavam dispostos a pagar. O plano de IPO não avançou.

Nesta terça-feira (18), as ações da Pinkfong serão listadas a 38.000 wons sul-coreanos, ou cerca de US$ 26 cada. Isso avalia a empresa em aproximadamente US$ 375 milhões.

Um dos limites para a monetização via YouTube são as regras rígidas para conteúdo “feito para crianças”. Em 2020, o YouTube — após um acordo judicial no ano anterior com a Comissão Federal de Comércio dos EUA por violações da Lei de Privacidade Online Infantil — impôs restrições mais duras ao conteúdo infantil.

A plataforma aplicou a política globalmente, proibindo publicidade personalizada e desativando comentários e notificações de inscritos que ajudam a impulsionar engajamento. Isso provocou uma queda acentuada na rentabilidade de muitos criadores de conteúdo infantil.

Sem essas restrições mais rígidas, “Baby Shark” poderia gerar duas a três vezes mais receita direta para a Pinkfong, segundo estimativa de Garrett Johnson, da Universidade de Boston, que analisou o impacto do acordo de 2019 no conteúdo infantil on-line.

A maior parte da receita da Pinkfong vem da venda de conteúdo — o que inclui ganhos do YouTube e de outras plataformas, como shows — enquanto uma parcela menor provém de licenciamento ou produtos. O lucro operacional atingiu cerca de US$ 13 milhões no ano passado.

Com o IPO, a Pinkfong deve levantar quase US$ 50 milhões em recursos, descontando custos, o que ajudará a empresa a criar novos conteúdos. A meta é produzir três novos títulos até 2028.

Escreva para Jiyoung Sohn em jiyoung.sohn@wsj.com ze para Alana Pipe em alana.pipe@wsj.com

Traduzido do inglês por InvestNews