Uma seleção semanal do jornalismo mais prestigiado do mundo
Presented by

A volta das recompras de ações: está aberta a temporada da gastança

As empresas americanas tiveram bons resultados no último trimestre e estão fazendo a recompra das próprias ações, a exemplo de Meta e Apple

The wall street Journal
Publicado em
5 min
traduzido do inglês por investnews

As empresas americanas estão satisfeitas com suas perspectivas e por isso, gastam bastante.

A temporada de balanços do primeiro trimestre está melhor do que muitos analistas de Wall Street esperavam. Ao mesmo tempo, as empresas estão intensificando as recompras de suas próprias ações, o que significa um impulso extra para o fortalecimento do mercado de ações.

As empresas do S&P 500 que divulgaram resultados do primeiro trimestre até segunda-feira (6) declararam a recompra de US$ 181,2 bilhões de suas ações durante o período, de acordo com dados compilados pela Birinyi Associates. Isso representa um aumento de 16% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. Nas últimas nove semanas consecutivas, o ritmo de compras tem sido mais acelerado do que o normal, disse a BofA Securities na quarta-feira (8) em uma nota.

As grandes empresas de tecnologia estão liderando a disputa: a Meta Platforms, controladora do Facebook, recomprou US$ 14,5 bilhões de suas ações no primeiro trimestre, um aumento de cerca de US$ 5 bilhões em relação ao ano anterior. Apple, Netflix e Nvidia estão entre as outras empresas que intensificaram as recompras, além do Wells Fargo, da fabricante de equipamentos de construção Caterpillar e da empresa de tabaco Altria Group. 

A expectativa é que os gastos continuem. As ações da Apple tiveram seu melhor dia desde 2022 na última sexta-feira (3), depois que a empresa disse que planeja recomprar US$ 110 bilhões de suas próprias ações. Ao todo, 443 empresas anunciaram um plano de recompra este ano, em comparação com 378 um ano antes, mostram dados da Birinyi.

Os investidores estão considerando o aumento das recompras como um sinal do aumento da confiança entre os executivos, apesar dos temores persistentes de que a economia possa enfraquecer ou que as taxas de juros permaneçam altas por mais tempo do que o esperado.

“As corporações americanas acham que seus fundamentos estão bem. Elas não estão preocupadas com os juros, não estão preocupadas com seus balanços”, disse Jeffrey Yale Rubin, presidente da Birinyi Associates. “Se as pessoas que conhecem mais de perto as empresas estão confortáveis em comprar suas ações, por que eu não estaria?”

O S&P 500 avançou 8,8% este ano. Isso inclui uma alta de 3% até agora em maio, que marca o melhor início de mês desde 2009.

O salto nas recompras até agora este ano ocorre após um forte recuo em 2023, quando as recompras feitas por empresas do S&P 500 caíram 14%. Essa foi a segunda maior queda anual desde a crise financeira global em 2008 e veio em meio a temores de que as altas taxas de juros poderiam levar a economia à recessão. Algumas empresas se apressaram na recompra de ações em 2022, antes que um novo imposto de 1% sobre a transação entrasse em vigor no ano passado.

Contudo, a economia permaneceu forte, desafiando os céticos. O crescimento dos lucros foi retomado, e os analistas de Wall Street esperam que esse fôlego continue pelo resto do ano. E, embora as taxas de juros permaneçam em seus níveis mais altos em mais de duas décadas, o rendimento extra em relação aos títulos do Tesouro, algo que os investidores exigem para emprestar a empresas maiores, está próximo do mínimo de várias décadas.

Analistas do Goldman Sachs projetam que as recompras totais do S&P 500 chegarão a US$ 925 bilhões este ano e US$ 1,075 trilhão em 2025, o que marcaria taxas de crescimento anual de 13% e 16%, respectivamente. 

As recompras são populares entre os investidores porque diminuem o número de ações em circulação, aumentando os ganhos por ação de uma empresa. As ações da Meta subiram 23%, seu melhor dia em quase uma década, depois que a empresa revelou um plano de recompra de US$ 50 bilhões em fevereiro. 

A recompra de ações é um uso relativamente flexível do dinheiro. Normalmente, ela pode ocorrer a critério da empresa, sem prazo fixo. Outros usos do dinheiro, como investir em uma nova fábrica ou pagar um dividendo regular, são muito mais difíceis de controlar caso a economia esteja sofrendo. Os investidores geralmente precisam pagar impostos sobre os dividendos que recebem. 

Grandes recompras podem tornar as ações mais atraentes, mas alguns investidores alertam que não são um incentivo para comprar. As recompras podem sinalizar uma desaceleração dos negócios, já que as empresas de rápido crescimento geralmente reinvestem seu dinheiro na expansão de suas operações. 

As recompras “devem ser um elemento de uma estratégia abrangente para aumentar o retorno dos acionistas”, afirmou Tim Thomas, diretor de pesquisa e gestão de patrimônio da Badgley Phelps. Grandes recompras não vão impulsionar ações das empresas que não estão aumentando a receita nem encontrando outras boas maneiras de investir seu dinheiro, continuou ele.

Grandes empresas de tecnologia estão entre as maiores compradoras de suas próprias ações, mas também estão gastando muito em outras áreas. A Meta e a Alphabet, controladora do Google, começaram a pagar dividendos este ano, o que significa que cinco das chamadas Sete Magníficas agora contam com esse pagamento. Isso se soma aos bilhões de dólares que muitas grandes empresas de tecnologia dizem que planejam gastar a cada trimestre para desenvolver recursos de inteligência artificial.

Em conjunto, essa é a razão pela qual as decisões de gastos são tranquilizadoras, disse Sarah Kanwal, diretora-gerente de ações da Crestwood Advisors. “Elas não estão recuando em seus investimentos.”

Escreva para Charley Grant em [email protected]

traduzido do inglês por investnews