A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 1,152 bilhão em fevereiro, com as importações crescendo em ritmo mais acentuado do que as exportações sob o impacto de operações de nacionalização de plataformas de petróleo no mês, mostraram dados do Ministério da Economia divulgados nesta segunda-feira (1).
Foi o pior resultado para o mês desde 2015, quando a balança comercial registrou déficit de US$ 2,847 bilhões.
Ainda assim, o superávit veio acima do estimado em pesquisa da Reuters com economistas, que apontava para saldo positivo de US$ 900 milhões para o mês. No mesmo período do ano passado, a balança havia registrado superávit de US$ 2,325 bilhões.
As exportações somaram US$ 16,183 bilhões em fevereiro, alta de 3,9% sobre os embarques do mesmo mês de 2020, na comparação pela média diária. Já as importações foram de US$ 15,030 bilhões, com crescimento de 13,4%, em dado impulsionado pelo efeito contábil de mais uma operação feita no âmbito do programa Repetro, que dá benefícios tributários ao setor de petróleo e gás.
No mês passado, em atendimento a exigências do programa, foram computadas operações de nacionalização de plataformas de petróleo no valor de US$ 1,4 bilhão, segundo a Economia. Essa operações são contabilizadas como importações, apesar de não envolverem novas compras de produtos no exterior.
Para o subsecretário de Inteligência e Estatística de Comércio Exterior do ministério, Herlon Brandão, ainda é “um pouco cedo” para se falar em uma tendência de aceleração das importações para o ano.
“Eu acredito que esse movimento esteja dentro desse contexto, de melhor atividade econômica, mas ainda há muita instabilidade, é difícil saber se isso vai se manter”, pontuou.
No acumulado do ano, a balança comercial registra leve superávit, de US$ 27 milhões. No período, as exportações cresceram 8,5%, pela média diária, em comparação a 2020, enquanto as importações avançaram 10,7%.
No mês passado, as exportações do setor agropecuário recuaram 10,8% pela média diária em comparação a fevereiro de 2020, enquanto as vendas ao exterior das indústrias extrativa e de transformação avançaram, respectivamente, 13,8% e 3,5%.
Pela ótica das importações, a agropecuária apresentou alta de 14,9%, e a indústria de transformação, que responde por mais de 90% das importações domésticas, cresceu 12,4%. Já as importações da indústria extrativa recuaram 1,4%.
Projeções mantidas
Questionado sobre uma possível revisão nas expectativas para o superávit em 2021, projetado em US$ 53 bilhões, em decorrência dos impactos de uma nova onda da covid-19, Brandão afirmou que o comércio, em escala mundial, está em “um bom momento”.
“A expectativa, com a informação que temos até agora, está mantida. Esperamos uma crescimento nas duas pontas, tanto exportação, quanto importação, de 5%, e com saldo comercial robusto. Pode ser que seja maior esse saldo comercial, ou um pouco menor, mas ainda assim o comércio brasileiro tem se mostrado muito estável nos últimos anos”, complementou.
Em janeiro, o Ministério da Economia projetou que as exportações devem crescer 5,3% no ano, a US$ 221,1 bilhões, enquanto as importações terão avanço de 5,8%, a 168,1 bilhões de dólares.