A Europa tenta voltar à normalidade com a retomada das aulas na França, a suspensão parcial das restrições na Itália e o anúncio da volta de turistas americanos a partir de junho aos países da União Europeia (UE). O avanço da vacinação permite traçar novas estratégias para superar os estragos humanos e econômicos causados pela covid-19.
Diante de uma opinião pública cada vez mais relutante com as medidas que restringem sua liberdade de movimentos e atividades, alguns governos optam por flexibilizar as regras com cautela, no momento em que a situação sanitária mostra alguma melhora. É o caso da Itália.
O país reabriu nesta segunda-feira (26) as áreas externas de bares e restaurantes, assim como as salas de espetáculos, apesar do toque de recolher noturno a partir das 22 horas continuar em vigor.
“Finalmente!”, afirmou Daniele Vespa, garçom de 26 anos do restaurante Baccano, perto da turística Fontana di Trevi de Roma, quase vazia no último ano, resumindo o sentimento de um dos setores mais afetados. “É o começo do retorno à normalidade, tomara que também acabem com o toque de recolher”, acrescentou com tom otimista. Cinemas, teatros e salas de concerto poderão receber público até 50% de sua capacidade.
O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, reconheceu que está assumindo um “risco calculado”, enquanto o país continua registrando a média de mais de 300 mortes diárias por covid-19, embora os contágios e as hospitalizações tenham diminuído.
Além disso, o governo apresentou um colossal plano de 222,1 bilhões de euros (R$ 1,46 trilhão) para estimular a economia, financiado em sua maior parte pela União Europeia (UE). A terceira maior economia da União Europeia perdeu quase um milhão de empregos e registrou uma queda de seu PIB de 8,9% em 2020.
Para obter o dinheiro inesperado, o governo teve que elaborar um plano de gastos detalhado e, entre as prioridades, estão a reforma de boa parte das infraestruturas, uma verdadeira modernização do país, que inclui a renovação e construção de novas ferrovias, estradas e portos. Outro ponto importante será a transição ecológica, projetos de energia com hidrogênio e fontes renováveis, assim como a digitalização do país.
Depois de meses de restrições, entre a segunda e terceira ondas da covid-19, com uma média de 300 a 500 mortes por dia, a Itália espera que as reaberturas sejam irreversíveis e representem o início de uma vida normal.
Aulas presenciais
Na França, onde o vírus continua circulando ativamente com um número de pessoas na UTI maior que o da segunda onda da pandemia, as crianças da educação infantil e ensino fundamental voltaram às aulas após três semanas de fechamento das escolas. Essa é a primeira fase da reabertura escolar e representa um retorno de cerca de 6,5 milhões de alunos.
Esta reabertura impulsionada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, desperta críticas por parte do corpo médico e alguns professores. Os alunos de ensino médio voltarão às aulas no dia 3 de maio, quando cerca de 5,7 milhões de estudantes retornarão às atividades presenciais.
Segundo afirmou Macron, o retorno à escola ajudaria a combater a desigualdade social, permitindo que os pais que lutam para pagar por creches voltem a trabalhar, mas os sindicatos alertaram que novas infecções levariam a uma “enxurrada” de fechamento de salas de aula.
Cautela
Um sinal de que a Europa ainda está longe da situação pré-pandêmica, a festa de São Firmino de Pamplona (norte da Espanha), conhecida pelas corridas de touros e que atrai milhares de turistas, foi suspensa pelo segundo ano consecutivo, anunciou o prefeito.
No mundo, os países, afetados economicamente pelo vírus, buscam impulsionar as viagens internacionais, mas esses tipo de “bolhas” tiveram um sucesso limitado até agora. A União Europeia (UE) anunciou que os turistas americanos vacinados poderão viajar para o bloco a partir de junho.
Em entrevista ao “New York Times”, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, disse no domingo (25) que a retomada das viagens será facilitada pelo fato de os americanos terem aprovado os mesmos imunizantes que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA).
O ritmo acelerado da vacinação nos EUA e as negociações avançadas entre americanos e europeus para a implantação de um certificado de vacinação, como prova de imunidade para os turistas, segundo Ursula, foram fundamentais para Bruxelas recomendar a mudança na política de viagens.
Até agora, viagens não essenciais para a UE foram oficialmente proibidas, com exceção de visitantes de uma pequena lista de países com um número muito baixo de casos de coronavírus, incluindo Austrália, Nova Zelândia e Coreia do Sul.