Cenário global e bolsa de valores
No cenário externo, especificamente nos EUA, o foco é nos dados de emprego e do comércio, com os pedidos de auxílio-desemprego semanal e vendas no varejo (ambos às 9h30). Os investidores ficam de olho na recuperação econômica global e sua possível desaceleração, conforme já se observa na China, que divulgou dados da indústria e varejo decepcionantes ontem, em parte impactados pela variante Delta do coronavírus. Além disso, o protagonista no cenário global é a inflação, mas nos EUA na terça-feira mostraram desaceleração da alta dos preços e que provavelmente já atingiram o pico, enquanto no Reino Unido a inflação foi a mais alta em anos.
Os principais índices de ações da China caíram mais de 1% nesta quinta-feira, com os papéis de imobiliárias e bancos liderando as perdas em meio a receios de que os problemas financeiros da endividada incorporadora China Evergrande Group desencadeariam um amplo contágio. As ações da China Evergrande listadas em Hong Kong despencaram 6,4%, para seu menor nível em uma década, à medida que a empresa enfrenta uma crise de liquidez em meio às restrições de Pequim ao setor. A agência de classificação Fitch alertou que um “default” da Evergrande poderia expor vários setores a um risco de crédito elevado.
Mesmo assim, as bolsas europeias subiam neste início de pregão, com uma recuperação no setor de viagens e o fechamento forte de Wall Street na véspera ajudando a compensar temores sobre a desaceleração da economia chinesa, que impactaram principalmente as mineradoras.
Cenário no Brasil
Os investidores aguardam nesta quinta-feira novos dados do Ministério da Economia sobre a economia e a inflação. Na véspera, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a perspectiva de crescimento para o próximo ano “não está dada” e que, após fechar 2021 com um alta do PIB que pode chegar a 5,4% depois da retomada após a pandemia da Covid-19, o país tem o desafio de garantir uma taxa sustentada de crescimento.
Mas, o que vemos por aqui são as revisões para o PIB de 2022 sendo rebaixadas, o quadro é agravado pela inflação e pelas pendências fiscais, sobretudo, o impasse dos precatórios. Convencido de que o crescimento econômico do Brasil será sacrificado pela crise hídrica, pelo impacto das pressões inflacionárias e desemprego, o mercado não comprou ontem o IBC-Br acima do consenso. Considerado uma prévia do PIB, o dado subiu 0,60% em julho na margem, superando a mediana das estimativas (0,40%), e registrou alta de 5,53% contra um ano antes, também melhor do que se esperava (5%). Nem assim conseguiu melhorar o humor do mercado conforme as revisões negativas para o ritmo da economia em 2022.
Ibovespa
O cenário político continua pesando sobre a bolsa brasileira, a indefinição a respeito de precatórios, com Fux e Guedes se estranhando sobre um desfecho para o impasse, bem como dúvidas sobre o teto de gastos, aliadas à aceleração da inflação, levaram o Ibovespa a se descolar da alta em NY. O índice à vista fechou aos 115.062 pontos, em queda de 0,96%, com forte giro financeiro de R$ 46,3 bilhões, turbinado pelo vencimento de opções sobre índice.
O IBOV entrou em uma tendência de baixa no longo prazo ao cruzar abaixo da média móvel de 200 períodos, além disso, um movimento de queda no curto prazo já foi consolidado, após encontrar grandes dificuldades de seguir acima dos 130 mil pontos, em seguida romper abaixo dos 124 mil, 120 mil pontos e por último os 115 mil pontos e segue se afastando abaixo da média móvel curta (21 períodos).
Indicadores econômicos e eventos |
FGV: IGP-10 de setembro (8h) |
FGV: IPC-S da 2ª quadrissemana de setembro (8h) |
Bruno Funchal participa de evento da Uqbar (18h) |
EUA / Deptº do Comércio: vendas no varejo em agosto (9h30) |
EUA / Dpto Trabalho: Pedidos de auxílio-desemprego da semana até 11/09 (9h30) |