Cenário global e bolsa de valores
No cenário externo, as bolsas globais tentam fazer um piso, estabilizar a queda do mês de setembro, mas o jogo está aberto e podemos ver a segunda perda semanal na Europa e nos EUA (ainda sobe 0,34% na semana), devido às preocupações com a desaceleração econômica da China e o crescimento global, além de acumularem sete meses consecutivos de alta, estão próximas do topo histórico e correções no meio do caminho são comuns. Além disso, os investidores devem adotar um tom de cautela até a próxima reunião do Fed na próxima semana, onde o mercado buscará pistas sobre o início da redução de estímulos monetários. No Reino Unido, as vendas do varejo caíram 0,9% em agosto ante julho, a previsão era de alta de 0,8%. Ainda na Europa, o índice de preço (CPI) sobe a 3% na comparação anual de agosto, ou seja, a inflação do mês se afastou ainda mais da meta de 2% do Banco Central Europeu, sendo o maior patamar desde novembro de 2011.
As bolsas asiáticas se recuperaram das perdas recentes e subiram nesta sexta-feira, apesar dos receios em relação à gigante do setor imobiliário chinesa Evergrande, que enfrenta graves dificuldades financeiras. Em Tóquio, o Nikkei subiu (+0,58%) a 30.500,05 pontos, perto das máximas em três décadas. Dentre os motivos, a saída do primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, cuja popularidade se deteriorou em meio ao aumento de casos de Covid no país. Na China, o índice de Xangai avançou (+0,19%) a 3.613,97 pontos. Em Hong Kong, o Hang Seng subiu (+1,03%) a 24.920,76 após quatro pregões seguidos em queda. A ação da Evergrande, que tem ajudado a derrubar os papéis do setor imobiliário, fechou em queda de (-3,42%) depois de despencar mais de 11% durante os negócios.
Cenário no Brasil
Como de costume, o noticiário de Brasília, principalmente envolvendo IOF e precatórios, segue sob forte atenção neste final de semana, enquanto as preocupações com o crescimento global e a China ainda pesam no mercado externo com reflexos diretos aqui. A nossa dependência em relação ao gigante asiático está nos números; as trocas comerciais com a China responderam pela maior parte do superávit acumulado pela balança comercial do Brasil de janeiro a agosto deste ano, segundo dados do Indicador de Comércio Exterior da FGV. Em agosto, a balança comercial atingiu um novo valor recorde na série histórica, de US$ 7,6 bilhões, o que levou a um saldo de US$ 52,1 bilhões acumulados nos oito primeiros meses do ano. O saldo com a China foi de US$ 35 bilhões (67% do total). Sem as trocas comerciais com os chineses, o superávit brasileiro teria sido de US$ 17,1 bilhões. O Icomex informa que o minério de ferro e o petróleo explicam 45% das exportações brasileiras de janeiro a agosto, período em que a China comprou 63% das vendas externas brasileiras de minério, 69% de soja em grão e 49% de petróleo. A China também teve elevada participação nas compras de carne bovina (57%) e celulose (42%).
Voltando para o cenário político, o presidente Jair Bolsonaro editou um decreto com aumento do imposto sobre operações financeiras IOF com o objetivo de custear o aumento no valor do novo programa social do governo que irá substituir o Bolsa Família, elevando a alíquota nas operações de crédito efetuadas por pessoas jurídicas da atual alíquota anual de 1,50% para 2,04%, e para pessoas físicas dos atuais 3,0% anuais para 4,08%. Já no Congresso, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou a admissibilidade da PEC dos Precatórios, primeiro passo na tramitação da proposta, que agora segue para uma comissão especial responsável pela análise de seu mérito.
Ibovespa
O Ibovespa fechou em queda na quinta-feira, em meio a persistentes incertezas no cenário brasileiro e minado pelo declínio do minério de ferro na China, que afetou ações da Vale. O Ibovespa caiu 1,1%, a 113.794,28 pontos, com volume financeiro de R$ 30,9 bilhões. No acumulado de setembro, o investidor estrangeiro ingressou com R$ 222,86 milhões; no ano, o saldo é positivo em R$ 47,33 bilhões.
O IBOV entrou em uma tendência de baixa no longo prazo ao cruzar abaixo da média móvel de 200 períodos, além disso, um movimento de queda no curto prazo já foi consolidado, após encontrar grandes dificuldades de seguir acima dos 130 mil pontos, em seguida romper abaixo dos 124 mil, 120 mil pontos e por último os 115 mil pontos e segue se afastando abaixo da média móvel curta (21 períodos).
Indicadores econômicos e eventos |
Fipe: IPC da 2ª quadrissemana de setembro (5h) |
Zona do euro/Eurostat: CPI de agosto (6h) |
FGV: IPC-S Capitais 2ª quadrissemana de setembro (8h) |
EUA/Universidade de Michigan: índice de sentimento do consumidor preliminar de setembro (11h) |
EUA/Baker Hughes: poços de petróleo em operação (14h) |