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Negócios

Investidores-anjo ampliam aportes em startups brasileiras

Facilidades de negócio por meio de plataformas de oferta pública pode crescer com nova regulamentação da CVM.

Guilherme Enck e Paulo Deitos, cofundadores da CapTable, enxergam mudanças no panorama do mercado de investimentos em startups. (Foto: Israel Baruk)


O mercado brasileiro de investimentos em startups movimentou o valor recorde de mais de US$ 9 bilhões em 2021. Na esteira desse crescimento, os investimentos coletivos via plataformas de oferta pública (também chamados de crowdfunding) cresceram mais de 224% no período. Grande parte desses aportes, que devem ganhar força após uma nova regulação da CVM, veio do chamado investimento-anjo, modalidade na qual pessoas físicas investem recursos próprios nas empresas.

De acordo com dados da Crunchbase, os investimentos-anjo e semente (feitos por fundos) trouxeram cerca de US$ 900 milhões para as startups em estágio inicial na América Latina, por meio das plataformas públicas. Já as rodadas série A e B arrecadaram por volta de US$ 5,5 bilhões. O Brasil foi o país mais atrativo da região, seguido por México, Colômbia, Chile e Argentina.

As plataformas de ofertas públicas funcionam como uma espécie de “bolsa de valores” alternativa para as startups, empresas recentes com alto potencial de crescimento, captarem recursos dos investidores. A maior parte destes investidores, historicamente, é formada por pessoas físicas, mas participantes de maior peso, como investidores-anjo, têm ganhado espaço nesses aportes.

Em 2021, foram registradas cinco rodadas em que houve participação de grupos de investidores-anjo, ultrapassando os mais de R$ 38 milhões levantados em 2020, segundo o Relatório de Evolução nos Investimentos em Startups via Plataformas 2020/2021, elaborado pela CapTable – maior plataforma de investimento em startups do Brasil.

No ranking listado pela Crunchbase, dos 14 principais investidores em estágio inicial e final mais ativos no mundo por contagem de negócios de 2021, as duas maiores concentram-se na América Latina (Kaszek e Monashees), com maior presença no Brasil. A terceira (Valor Capital Group) é sediada em Nova York, mas também conta com uma grande porcentagem de negócios na América Latina.

Além de oferecer às startups mais uma opção para levantar recursos, as plataformas de ofertas públicas também proporcionam aos investidores a oportunidade de participar de projetos com aportes relativamente baixos. Não só para investidores experientes, mas também para iniciantes.

“Temos a visão de um mundo em que o pequeno investidor possa ter a sua carteira de investimentos de renda fixa, um pouquinho de renda variável, e que tenha também um pequeno percentual do seu patrimônio alocado em startups”, disse o cofundador da CapTable, Guilherme Enck, em entrevista exclusiva para o InvestNews. 

Guilherme vê isso como uma oportunidade de estar com “o poder na mão, de contribuir para o empreendedorismo brasileiro, para geração de riqueza, o crescimento do país, dos empregos e da economia”, conta.

Futuro e inovação

No dia 27 de abril, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) atualizou a resolução CVM 88, trazendo inovações nas regras aplicáveis às ofertas públicas realizadas em plataformas de investimentos alternativos. A mudança ampliou os limites de emissão de R$ 5 para R$ 15 milhões, e aumentou o faturamento consolidado dos grupos econômicos que podem aderir esta modalidade para R$ 80 milhões. 

Guilherme acredita que o efeito gerado por essa mudança será “uma flexibilização muito grande para a atuação nas plataformas. “Vamos conseguir crescer em volume, captar mais para startups maiores. Nosso mercado deve crescer como um todo”, acredita. Com os números alcançados nos últimos dois anos, e os impulsionamentos recentes, a previsão é de aumento da adesão das plataformas ainda em 2022.

“Acredito que os investidores do Brasil vão ouvir falar bastante da gente, e ter cada vez mais oportunidade de investir em startups”, disse Enck. “Está todo mundo percebendo que o investimento de startups é a bola da vez. Tanto o mercado financeiro tradicional, quanto o pequeno investidor, quanto o próprio regulador. Está se criando um caminho bem fértil para os envolvidos nas startups brasileiras”.

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