O Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central repetiu nesta terça-feira, por meio da ata de seu último encontro, que “avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude”, do que o deste mês em sua próxima reunião, em setembro. Na semana passada, o Copom elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 13,75% ao ano. Segundo a sinalização do BC, a Selic poderia ser mantida em 13,75% ou subir a 14% no encontro do mês que vem.
O Copom ainda destacou que seguirá “vigilante” e assegurou que os próximos passos de política monetária poderão ser ajustados para alcançar a convergência da inflação para suas metas, o que inclui o ano de 2023 e, em menor grau, de 2024.
“O Copom nota ainda que a incerteza da atual conjuntura, tanto doméstica quanto global, aliada ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional em sua atuação”, ponderou na ata, assim como no comunicado.
Apesar da cautela, o colegiado voltou a considerar que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem de expectativas para prazos mais longos, “é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”.
“O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.”
Estratégia
O Copom afirmou na ata de seu último encontro que a estratégia mais adequada para garantir é a alta de juros praticada este mês, seguida por monitoramento de se somente a perspectiva de manutenção da taxa por um período “suficientemente longo” vai assegurar o retorno para o “redor da meta”.
O colegiado disse que optou por sinalizar que “avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, na próxima reunião”, com o objetivo de “trazer a inflação para o redor da meta no horizonte relevante”, que inclui o ano de 2023 e, em menor grau, de 2024. Atualmente, as projeções do BC para esses horizontes são de 4,6%, contra o centro da meta de 3,25%, e 2,7%, ante o alvo central de 3,0%.
Além disso, o BC destacou que, em função da persistência dos choques recentes, “o Comitê seguirá vigilante e avaliará se somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente longo assegurará tal convergência”.
“Essa estratégia foi considerada a mais adequada para garantir a convergência da inflação ao longo do horizonte relevante, assim como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos”, disse, completando que também reflete o aperto monetário já empreendido, reforça a postura de cautela da política monetária e ressalta a incerteza do cenário.
Na ata, o BC também deu transparência à discussão de política monetária. Segundo o colegiado, com base nas projeções utilizadas e no balanço de riscos, a estratégia requerida para trazer a inflação para o “redor da meta” no horizonte relevante exigia “que o ciclo de aperto monetário continuasse avançando significativamente em território ainda mais contracionista”.
Isso, na visão do Copom, inclui um ajuste na reunião de agosto e, posteriormente, a manutenção da taxa de juros em território significativamente contracionista por um período suficientemente prolongado.
“Concluiu-se que um novo ajuste de 0,50 ponto porcentual na reunião de agosto era apropriado frente a um ambiente de elevada incerteza, apesar do estágio já significativamente contracionista da política monetária, que, considerando suas defasagens, deve impactar a economia mais fortemente a partir do segundo semestre deste ano”, avaliou.
Repercussão
Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, afirma que a ata não trouxe novidade no que diz respeito ao discurso do Banco Central.
“A ata só ratificou algo que o Comitê já vinha falando há bastante tempo. O BC continua preocupado com a escalada da inflação global e postura dos bancos centrais das principais economias, segue preocupado com escalada de preços internamente e cita o horizonte relevante para 2023 e em menor grau para 2024”, diz Jorge.
O especialista em renda fixa avalia que, muito provavelmente, o BC vai terminar o ciclo de alta na próxima reunião. Segundo ele, se os indicadores de atividade melhorarem, a taxa deve seguir prolongada por mais tempo.
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