O desmatamento na floresta amazônica brasileira atingiu um recorde nos primeiros sete meses do ano, mostraram dados preliminares do governo nesta sexta-feira (12), enquanto o país caminha para o pior período da temporada anual de queimadas.
De acordo com dados do sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 5.474 quilômetros quadrados foram desmatados na região de janeiro a julho, um aumento de 7,3% em relação ao mesmo período do ano passado, o que significa que uma área sete vezes o tamanho da cidade de Nova York foi destruída no período.
Somente em julho, o desmatamento totalizou 1.487 quilômetros quadrados, praticamente igualando os níveis observados no mesmo mês de 2021. A área desmatada no mês passado foi quase a mesma da cidade de São Paulo.
Ambientalistas e especialistas culpam Bolsonaro por reverter a proteção ambiental, abrindo espaço para madeireiros e pecuaristas desmatarem áreas na Amazônia.
“É mais um número que estarrece, mas não surpreende”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do grupo ambiental Observatório do Clima, acrescentando que o desmatamento “fora de controle” na Amazônia veio na onda das estratégias do governo para reduzir a proteção.
O Palácio do Planalto encaminhou ao Ministério do Meio Ambiente pedido de comentário. O ministério destacou que “o acumulado dos últimos 12 meses aponta redução de 2,16%” no desmatamento.
Os números mais recentes ocorrem no momento em que o Brasil se aproxima do pior período de sua temporada anual de queimadas na Amazônia. Dados do Inpe mostram que os registros de incêndios na região tendem a aumentar em agosto e setembro.
Em julho, esses registros aumentaram 8% em relação ao ano anterior, para um total de 5.373, embora permanecendo abaixo da média de 6.213.
No mês passado, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu uma licença prévia que permitirá que uma grande rodovia seja asfaltada no centro da floresta amazônica, em um movimento que ameaça aumentar ainda mais o desmatamento.
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