Candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin (PSB) passou a ser cotado para comandar a política econômica em um eventual novo governo do petista, segundo fontes familiarizadas com as discussões, que ressaltaram que a decisão segue em aberto.
A escolha do ministro será feita por Lula apenas após as eleições – em caso de vitória da dupla, que lidera as pesquisas de opinião -, buscando refletir as alianças costuradas para a candidatura, disseram quatro fontes consultadas pela Reuters. Ainda assim, o nome do ex-governador de São Paulo tem emergido nos debates.
Peça-chave na campanha como um fiador da moderação política e fiscal que o ex-presidente petista quer sinalizar, Alckmin tem sido interlocutor de representantes de vários setores econômicos. Ex-opositor histórico de Lula – concorreu contra o petista pelo Planalto em 2006 -, o ex-tucano é bem-visto por empresários e pelo mercado financeiro por ser identificado como uma voz mais ao centro do espectro político.
“Há vários candidatos que preenchem as condições para serem bons ministros da Fazenda, certamente o Alckmin é um deles, é um competente administrador, já foi governador mais de uma vez, é qualificado”, afirmou Guido Mantega, que comandou o Ministério da Fazenda entre 2006 e 2014 nas gestões do PT.
Outras duas fontes ligadas a Lula confirmaram, reservadamente, que o nome de Alckmin está entre os cogitados para o comando do ministério em eventual governo do PT.
O deputado federal Alexandre Padilha, que também tem conectado a campanha de Lula a setores do mercado financeiro, pontuou que Alckmin tem sido um candidato a vice “muito leal e importante no diálogo político e com atores econômicos”, acrescentando que ele “certamente” terá papel ativo em um eventual governo Lula.
Padilha reforçou que a escolha do ministro para liderar a equipe econômica não será antecipada, enquanto o foco continua sendo em vencer o pleito.
“Alguns atores econômicos se acostumaram com modelo Bolsonaro, de presidente que precisava terceirizar política econômica e apresentar o nome da economia desde o começo da campanha porque não tinha credibilidade”, disse o deputado.
Pesa contra uma possível indicação a estatura política e o acúmulo de cargos do ex-governador. Se Alckmin for de fato alçado ao comando da Fazenda em caso de vitória nas urnas, o arranjo pode ser politicamente mais complicado de ser desfeito. Em caso de insatisfação, retirá-lo abriria crise numa pasta crucial e envolvendo um já poderoso vice, também lido como lastro da responsabilidade fiscal.
Não seria a primeira vez, contudo, que Lula teria um vice-presidente ocupando um posto na Esplanada dos Ministérios – ainda que numa pasta bem menos sensível que a Fazenda. O líder empresarial José Alencar, vice do petista em seus dois mandatos na Presidência entre 2003 e 2010, foi seu ministro da Defesa por pouco mais de um ano no primeiro mandato, tendo deixado o cargo para se candidatar nas eleições seguintes.
Outros nomes no páreo
Duas outras fontes, que participam dos debates econômicos, mas falaram em condição de anonimato, destacaram que outros nomes seguem no páreo para o cargo, em linha com estratégia já exposta por Lula em encontros com empresários e até em discursos: o ex-presidente tem repetido que quer um ministro de perfil político para o posto.
Fazem parte do grupo membros do PT, incluindo o governador da Bahia, Rui Costa, o ex-governador do Piauí Wellington Dias, o próprio Padilha e Fernando Haddad, atual candidato ao governo de São Paulo, caso ele não vença a eleição estadual.
Fora do PT, outro cotado é Josué Gomes, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e filho de José Alencar, o ex-vice de Lula morto em 2011.
Ressaltando ter participado de todas as campanhas de Lula à Presidência desde 1989, Mantega afirmou que a decisão sobre o tema apenas será tomada após o resultado do pleito porque é preciso garantir a governabilidade através de indicações de aliados qualificados, inclusive do PSB, partido de Alckmin.
“Ele (Lula) pode até pensar quando está a sós com o travesseiro dele, mas jamais estará falando isso antes de a eleição terminar, é uma tática razoável, uma vez que se você começa a indicar ministros antes de terminar a eleição, você pode perder aliados e desagregar forças”, disse.
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