O presidente da Suzano (SUZB3), Walter Schalka, defendeu que a agenda de sustentabilidade e a busca por reduzir emissões devem ser um movimento conjunto de empresas e pessoas físicas. Em participação no evento COP27: o compromisso empresarial para o futuro sustentável, promovido pela Amcham São Paulo na capital paulista nesta sexta-feira (14), ele afirmou que muitas empresas querem ser zero carbono até 2050 mas que, para isso, ou toma a decisão imediatamente ou o objetivo não acontecerá.
“Não é uma agenda de competição, é de construção e de colaboração. Todos nós estamos na mesma jornada: ou ganhamos todos ou perdemos todos. O discurso é maravilhoso de reduzir as emissões, mas no dia seguinte se emite mais. O mundo está correndo em direção ao precipício. Se 8 bilhões de pessoas não fizerem alguma coisa, estaremos indo em direção ao fim. Não existe bioeconomia sem bioconsumidor”, disse Schalka.
O executivo explicou que a Suzano não teve dificuldade de implementar a cultura de sustentabilidade, pois há décadas vem trabalhando essa questão que já existia e está no “DNA”. No entanto, destacou que a companhia olhava muito para dentro da “própria cerca”, do que poderia fazer melhor, e que aprendeu nos últimos anos o que pode fazer mais para a sociedade.
Alternativa para redução de emissões
Durante o evento, o presidente da Suzano defendeu ainda três ações complementares no Brasil para reduzir a questão das emissões e se concentrar no limite máximo da temperatura média global de 1,5˚C: redução de emissões por parte de empresas e pessoas físicas; preservação da floresta Amazônica, endereçando a questão da biodiversidade, e regeneração de áreas que tenham sido degradadas e que possam ser usadas para criar florestas nativas e biodiversidade.
“Essas três questões precisam estar endereçadas no dia a dia. A Suzano está trabalhando com outras empresas. A companhia atinge hoje dois bilhões de pessoas com seus produtos no mundo. Isso não é o mais importante que a Suzano faz. O mais importante que a companhia faz é, junto com outras empresas, passar por uma jornada de transformação”, disse Schalka.
Expectativas para a COP27
Schalka defendeu que o Brasil tem uma grande oportunidade na inserção geopolítica global por meio da questão ambiental e que o país deve apresentar na 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP 27, que acontece em novembro no Egito, um plano efetivo de mitigação do desmatamento ilegal da Amazônia.
“A perda nos últimos anos da visibilidade e credibilidade internacional pode ser restabelecida de forma muito rápida. Tem que resolver um problema: o desmatamento ilegal da Amazônia. Precisa ser endereçada. Precisamos trazer e mostrar efetividade nas ações que serão tomadas para reverter essa tendência de desmatamento, que começou há 60 anos e não terminou em nenhum momento”, destacou, o presidente da Suzano.
De acordo com Schalka, não são necessárias novas leis, mas, sim, que a legislação brasileira seja cumprida como é e, caso aconteça, segundo o presidente da Suzano, 97% do desmatamento ilegal na Amazônia será resolvido.
“Temos que endereçar na questão ambiental como damos vazão ao equilíbrio entre o problema social da Amazônia com questão do desmatamento. Poucos lucram com o desmatamento ilegal, mas muitos vivem dele. Temos que endereçar a questão desses muitos que vivem”, destacou.
O presidente da Suzano defende que esse cenário pode ser resolvido pelo carbono, com o Brasil participando ativamente do mercado regulado de carbono, gerando pela preservação da Amazônia créditos de carbono que podem ser aplicados na questão social da população local.
Outro fator destacado por Schalka que vale ser destaco pelo Brasil na conferência no Egito é que o país é de grande potencial na questão ambiental e que é preciso mostrar a potência que possui na energia limpa.
“Estamos em uma equação positiva: temos commodites, petróleo e energia. Essa combinação é muito potente para mostrar que podemos ser uma potência global ambiental”, destacou o presidente da Suzano.
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