Uma área do tamanho da Suíça, feita de árvores protegidas.
Esse é o plano que está sendo traçado por um grupo de seis empresas que inclui a maior produtora de celulose do mundo, a Suzano (SUZB3), e o banco de varejo espanhol Santander. Mais especificamente, eles estão propondo plantar e preservar um total de 4 milhões de hectares de árvores em partes desmatadas do Brasil, financiando o projeto com a venda de créditos de compensação de carbono no mercado.
As empresas envolvidas – Suzano, Santander, Itaú (ITUB4), Rabobank, Vale (VALE3) e Marfrig (MRFG3) – estão criando uma nova empresa chamada Biomas, que começará por identificar áreas que sofreram desmatamento, incluindo Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado. Cada sócio investirá R$ 20 milhões (US$ 3,8 milhões).
A Biomas planeja contar com a experiência de empresas brasileiras que já administram grandes fazendas de eucalipto. A Suzano e seus pares, por exemplo, plantam mais de um milhão de eucaliptos por dia, embora muitos sejam colhidos posteriormente. Até 2025, o grupo espera começar a contratar trabalhadores e estabelecer viveiros de árvores, onde serão plantadas as mudas antes de irem para o campo.
Eles pretendem plantar mais de 2 bilhões de árvores nativas em 2 milhões de hectares, enquanto investem na conservação de outros 2 milhões de hectares de florestas nativas. O projeto deve durar 20 anos.
Assunto da COP27
O tema do desmatamento surgiu repetidamente na primeira semana da COP27. Alguns dos países vulneráveis ao clima exigem políticas que reduzam retornos financeiros enquanto outros buscam compensação para proteger suas próprias florestas. A Amazônia, onde o desmatamento atingiu um recorde no primeiro semestre de 2022, é um dos principais pontos de inflexão climática do mundo, criando uma necessidade urgente de resolver o problema.
Os cientistas dizem que colocar mais um trilhão de árvores no planeta poderia reduzir drasticamente as emissões, e existem várias promessas para atingir esse objetivo, incluindo uma iniciativa de trilhões de árvores do Fórum Econômico Mundial e o Bonn Challenge, um compromisso de vários países e empresas para plantar 350 milhões de hectares de árvores até 2030.
Mas cultivar essas fazendas e verificar se elas estão fazendo a diferença na luta contra o aquecimento global não será fácil. Algumas árvores nunca se desenvolvem, ou mesmo chegam ao solo. E iniciativas de grande escala exigem a combinação certa de espécies resilientes e proteções adequadas contra agroflorestas, bem como uma escolha equitativa de locais.
Outros tentaram e falharam em contornar esses desafios, em alguns casos minando a integridade mais ampla das compensações de carbono. Um estudo do Bonn Challenge, por exemplo, descobriu que a maior parte da área prometida seria usada para florestas de monocultura ou agrossilvicultura, em vez de restauração.
A Biomas espera financiar seu projeto com a venda de créditos de carbono e busca lucrar com os projetos florestais juntamente com seu benefício ambiental. Não está claro exatamente quanto o grupo espera que a iniciativa custe.
De acordo com um estudo liderado pelo WRI Brasil e The New Climate Economy, custaria pelo menos R$ 19 bilhões (US$ 3,5 bilhões) para restaurar 12 milhões de hectares de floresta nas áreas mais deterioradas do Brasil. Dependendo dos locais escolhidos pela Biomas, isso poderia colocar o preço de suas metas de plantio perto de US$ 500 milhões.
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