A participação do senador Jean Paul Prates (PT-RN) em empresas de consultoria do setor de óleo e gás será analisada pelos comitês que avaliam currículos de futuros executivos da Petrobras (PETR3; PETR4), mas essa atuação pretérita não é vista como um empecilho para que o político assuma o comando da petroleira, apontou à Reuters a sua assessoria de imprensa.
A escolha do nome de Prates para presidir a Petrobras foi confirmada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda em 2022.
No entanto, seu nome ainda precisa ser oficialmente encaminhado à petroleira pelo governo, e o senador terá que passar por testes de integridade e elegibilidade dentro da estatal, antes que possa assumir o posto.
Experiência em consultoria
Com mais de 25 anos de trabalho nas áreas de petróleo, gás natural, biocombustíveis, energia renovável e recursos naturais, Prates chegou a fundar em 1991 uma consultoria pioneira especializada em petróleo, chegando a ter 120 consultores associados, segundo currículo publicado anteriormente.
O senador também participou de outras empresas com esse fim. No entanto, atualmente, as empresas das quais Prates participou “encontram-se desativadas há vários anos ou ele já se desligou delas também há alguns anos”, segundo a assessoria de imprensa do senador.
“Não há nada que impeça alguém de uma empresa do setor de exercer um cargo de gestão na Petrobras, desde que se desligue (ou já esteja desligado) dessa empresa”, disse a assessoria.
O trabalho de consultoria em petróleo e energia foi citado com um dos fatores que levaram o consultor Adriano Pires a declinar de um convite para assumir a presidência da Petrobras no ano passado.
Empecilho para assumir o cargo?
O site chamado O Bastidor publicou na véspera que Prates seria sócio de diversas empresas do setor de consultoria de óleo e gás, por meio de holding, e que isso seria um empecilho para ele assumir a presidência da petroleira.
O senador é sócio da Singleton Participações Imobiliárias, que foi criada para gerir alguns imóveis e participações em empresas.
Segundo a assessoria, a atuação do senador nessa holding visou justamente facilitar a sua saída ou desligamento da administração das empresas quando ocupou, por duas vezes não consecutivas, Secretaria de Estado no Rio Grande do Norte.
“Os contadores recomendaram fazer isso para facilitar a saída (sai-se da gestão da holding e automaticamente de todas as empresas, ao invés de ter que alterar vários contratos sociais)”, afirmou.
A participação de Prates no setor privado se soma a discussões em curso sobre se a escolha de seu nome poderia ser reprovada pela petroleira devido a possíveis exigências contidas atualmente na Lei das Estatais.
O senador disse, logo após ser indicado formalmente pelo presidente Lula, que está “totalmente tranquilo em relação à Lei das Estatais”.
Segundo ele, a sua candidatura à Prefeitura de Natal, em 2020, não é uma barreira para ele vir a assumir a direção da Petrobras, porque não há na Lei das Estatais qualquer artigo que impeça candidatos de ocuparem cargos de direção em empresas do Estado.
“A lei não onera os candidatos, a lei fala de trabalho remunerado em campanha…”, disse Prates, ressaltando que ele também não recebeu nada pelas sugestões feitas ao programa de governo de Lula.
“No meu caso, não trabalhei em campanha”, resumiu, destacando o que o fato de ter participado do programa de governo não implica em nenhuma relação financeira ou participação em estrutura decisória de campanha.
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