A queda de 0,2% do Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) no 4º trimestre de 2022 coloca o país na 34ª posição em uma lista com 46 países. No ranking do PIB, o resultado do país aparece atrás de outros emergentes, como Índia e Turquia, e também antes de outras economias da América Latina, como Colômbia e México.
O levantamento foi elaborado pela Austin Rating com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Bancos Centrais, Eurostat, Fundo Monetário Internacional (FMI) e outras fontes.
Considerando o resultado anual de 2022, o crescimento de 2,9% do PIB coloca o Brasil na 31ª posição entre 47 países.
O economista chefe da Austin, Alex Agostini, comenta que o efeito positivo da reabertura pós-pandemia sobre o PIB já passou, e agora o Brasil volta ao seu ritmo de crescimento habitual, que é baixo.
“A gente já superou o carrego estatístico da pandemia, por isso falo que o Brasil voltou ao seu normal, que é crescer pouco. Lembrando que emergentes crescem, na média, o dobro que o Brasil, ou perto disso.”
Problemas internos
Agostini aponta que o Brasil tradicionalmente se destaca em posições negativas no ranking do PIB, muito em virtude de problemas internos – especialmente a questão fiscal.
“O governo anterior estava comemorando que subimos os juros primeiro do que outros países e começamos a combater a inflação antes. Só que não tinha nada o que comemorar. Primeiro porque a eficiência da política monetária nos EUA e na Europa é muito maior, porque lá a política fiscal não sabota a monetária.”
economista chefe da Austin Rating, Alex Agostini
O economista se refere à expansão dos gastos do governo, que tem efeito inflacionário e, portanto, dificulta o controle da alta dos preços na economia, mesmo com os juros subindo.
“Lá (EUA e Europa), a política expansionista é focada em investimento. Aqui, é expansionista focada em custeio”, acrescenta ele, ainda em referência ao aumento das despesas públicas e à destinação desses gastos. “Então, o Brasil sofreu com aumento dos juros para combater a inflação, só qu a política fiscal continuou dando vazão para uma alta inflacionária.”
Perspectivas
Se o crescimento econômico do Brasil se destacou negativamente em 2022 na comparação com outros países, as perspectivas para os próximos anos é de que esse cenário se mantenha.
Segundo o ranking do PIB elaborado pela Austin, a expectativa é de que, entre 2023 e 2027, a economia brasileira cresça, em média, 1,6%. Isso coloca o Brasil na 34ª posição em uma lista com 47 países, mesma colocação de países desenvolvidos: Dinamarca, Estados Unidos, Áustria e Suécia.
“O Brasil tem taxa de crescimento de economias desenvolvidas, mas com necessidades de países emergentes”, comenta Agostini.
Países com economias maiores costumam ter taxas de variação do PIB mais moderadas, enquanto os emergentes geralmente registram percentuais mais elevados.
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