A abordagem proativa da política monetária no Brasil foi oportuna e tem dado resultado, mas o processo está agora em uma fase na qual a redução da inflação é mais lenta, disse nesta quarta-feira (17) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ressaltando que o Brasil enfrenta desafios para consolidar a desinflação.
“O processo de desinflação deve continuar, porém, de forma não linear. Os núcleos de inflação estão mais resilientes devido à difusão da inflação entre os setores e pressões subjacentes ainda fortes em componentes mais rígidos, como serviços. Assim, a velocidade da desinflação tende a ser mais lenta nessa segunda etapa, tanto no Brasil como nos demais países”, disse.
Em apresentação por videoconferência na Conferência Anual do Banco Central, que está sendo realizada em São Paulo, Campos Neto disse que as expectativas de inflação para 2024 e 2025, que estavam estáveis, mostram desancoragem, com questionamentos sobre possível mudança nas metas de inflação e incertezas fiscais.
“Embora tenhamos progredido até agora, ainda enfrentamos desafios para consolidar a desinflação no Brasil”, afirmou, acrescentando que as expectativas para a inflação têm aumentando constantemente desde o fim do ano passado.
Campos Neto voltou a afirmar que o arcabouço fiscal proposto pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ajudar na missão de reancorar as expectativas, embora não haja uma relação direta entre a proposta fiscal e o nível de preços no país.
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