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Finanças

Taxas futuras de juros têm queda forte com IPCA-15 abaixo do esperado

Núcleos do indicador também surpreenderam.

Bomba de gasolina em posto de combustíveis de Brasília 07/03/2022 REUTERS/Adriano Machado

As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a quinta-feira (25) com queda firme no Brasil, na esteira da divulgação de um índice de inflação abaixo do esperado, com núcleos de preços mais acomodados, o que reforça a perspectiva de que o Banco Central possa começar a cortar a taxa básica Selic.

Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou inflação de 0,51% em maio, após taxa de 0,57% em abril. O resultado ficou abaixo das projeções do mercado financeiro.

Além disso, os núcleos de inflação do IPCA-15 vieram aquém do esperado.

“A média dos núcleos também surpreendeu, vindo bem abaixo do esperado (0,42% vs 0,58%). Esse dado na margem é importante para melhorar a percepção quanto à dinâmica do índice, que vinha com um qualitativo bem ruim”, pontuou João Savignon, head de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital, em comentário a clientes.

Neste cenário, os investidores ajustaram posições na curva a termo, retirando prêmios em meio à percepção de que o Banco Central terá espaço para iniciar o ciclo de cortes da taxa básica Selic, atualmente em 13,75% ao ano, mais cedo do que se supunha antes.

“O mercado está antecipando o ciclo de cortes da Selic e vendo uma taxa terminal mais baixa no ciclo”, comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.

“A abertura do IPCA-15 foi positiva, com núcleos mais acomodados, o que reduz as preocupações com a resiliência da inflação. Estruturalmente, os dados sugerem que continua havendo uma redução das pressões inflacionárias, de forma disseminada”, acrescentou.

O fechamento da curva a termo nesta quinta-feira dá continuidade a um movimento de retirada de prêmios em dias anteriores, quando os juros futuros caíram na esteira do otimismo do mercado com o novo arcabouço fiscal, já aprovado na Câmara.

No fim da tarde, a taxa do Depósito Interbancário (DI) para janeiro de 2024 estava em 13,185%, ante 13,27% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,475%, ante 11,624% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,93%, ante 11,112% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,985%, ante 11,141%.

Perto do fechamento, a curva a termo precificava 16% de chances de o Banco Central reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária de junho e 84% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.

Também durante a tarde, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o IPCA-15 veio melhor, com os núcleos também um pouco melhores. Ao mesmo tempo, ele repetiu uma ideia que vem externando nas falas mais recentes: a de que a desinflação tem sido um pouco mais lenta do que o esperado pela instituição.

O presidente do BC também destacou a importância da votação, na Câmara, do novo arcabouço fiscal. Segundo ele, as taxas de juros longas caíram nas últimas semanas em função do avanço da proposta.

Nesta quinta-feira, o cenário brasileiro de queda para os juros contrastou com o exterior, onde os rendimentos dos Treasuries vinham sustentando altas em meio às preocupações com as negociações sobre o teto da dívida nos EUA.

O dia 1º de junho –data considerada limite para que um acordo seja alcançado sem transtornos maiores– se aproxima e a Casa Branca e os republicanos ainda não chegaram a um consenso.

Às 16:37 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 10,40 pontos-base, a 3,8232%.

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