As taxas dos contratos futuros de juros fecharam esta sexta-feira (23) em baixa, com investidores reagindo a dados econômicos fracos na Europa e nos EUA que elevaram as preocupações com o crescimento mundial, e a mais um índice mostrando deflação no Brasil.
Na véspera, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) haviam avançado, com o mercado ajustando posições após o Banco Central (BC), em sua decisão de política monetária, não indicar claramente a intenção de cortar a taxa básica Selic, hoje em 13,75% ao ano, a partir de agosto.
Nesta sexta-feira, porém, os estímulos foram no sentido de queda para as taxas de juros.
Em primeiro lugar, o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) registrou deflação de 0,24% na terceira quadrissemana de junho, ampliando a taxa negativa de 0,17% vista na segunda quadrissemana do mês, conforme os dados da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Assim, o IPC-S foi mais um indicador de inflação recente que reforçou a percepção de que a inflação no Brasil está desacelerando.
Mais do que o IPC-S, a curva a termo brasileira repercutiu o cenário externo. Na zona do euro, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) Composto preliminar do HCOB para o bloco, compilado pela S&P Global e considerado um bom indicador da saúde econômica geral, caiu para a o menor patamar em cinco meses de 50,3 em junho, ante 52,8 em maio. O PMI preliminar do Reino Unido atingiu 53,7 em junho, ante 55,2 em maio.
Nos EUA, o PMI preliminar da indústria ficou em 46,3 em junho, ante 48,4 em maio. No caso dos serviços, o indicador atingiu 54,1 em junho, ante 54,9 em maio.
“O que realmente fez mais preço é a preocupação com o crescimento mundial. O PMI da zona do euro ficou abaixo do esperado, o que já havia colocado as taxas dos Treasuries em queda na parte da manhã”, comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho.
“Nos EUA, o PMI dos manufaturados também veio abaixo. Então, as preocupações com a desaceleração econômica global puxam as taxas futuras no Brasil para baixo”, acrescentou.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 13,073%, ante 13,073% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,02%, ante 11,137% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,395%, ante 10,519% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,385%, ante 10,503%.
Já a curva a termo voltou a precificar com mais força corte de juros em agosto, a despeito do comunicado ainda hawkish (duro) do BC na última quarta-feira. Estavam precificados 95% de chances de corte de 0,25 ponto porcentual da Selic em agosto e 5% de probabilidade de corte de 0,50 ponto. Na quinta-feira, em uma primeira reação ao comunicado, as apostas em corte em agosto haviam recuado para 68%.
No exterior, no fim da tarde, os rendimentos dos Treasuries seguiam em baixa.
Às 16:34 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– caía 6,00 pontos-base, a 3,7385%.
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