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Negócios

Mappin ressurge no e-commerce com promessa de ser grande marketplace

Diretoria da companhia diz que Mappin vai investir em produtos premium. Especialistas indicam dificuldades da marca se reposicionar no mercado.

Famosa loja de magazine brasileira que atingiu seu auge na década de 1980 e fechou após decretar falência, o Mappin ressurgiu no varejo brasileiro. A marca foi comprada por R$ 5 milhões pela Marabraz, que decidiu recriar a antiga rede em um site pala internet.

Com o inesquecível jingle “Mappin, venha correndo, Mappin, chegou a hora Mappin, é a liquidação”, a varejista teve o prédio da Praça Ramos de Azevedo, no centro de São Paulo, como referência.

Site Mappin Crédito: Adobe Stock

Apesar do verde escuro e logotipo da marca continuarem iguais, os produtos oferecidos pelo Mappin já não são mais os mesmos. A loja que era considerada um grande marketplace mesmo antes do surgimentos da internet e que oferecia uma diversidade de produtos que iam desde roupas, eletrodomésticos e materiais de papelaria, passou a ser uma réplica do site da Marabraz, com ofertas majoritariamente de móveis.

Em entrevista ao InvestNews, a diretoria da companhia disse que pretende tornar o Mappin um “grande marketplace”, mas não mencionou uma data para essa transformação.

“Neste primeiro momento o consumidor encontrará no Mappin o mesmo mix de produtos disponível no site da Marabraz: guarda-roupas, sofás, conjuntos de mesas e cadeiras, móveis multifuncionais, entre outros. Num segundo momento, o site se tornará um grande markeplace para a comercialização de diversos produtos.”

diretoria da marabraz

Para diferenciar os negócios do Mappin e da Marabraz, o Mappin diz que vai oferecer uma linha de produtos premium, enquanto a sua incorporadora é conhecida pela venda de produtos populares.

Renascimento do Mappin

Em 10 de junho de 2019, a marca Mappin passou ao comando da Marabraz, com um site de compras voltado para o seguimento de venda em departamentos. A plataforma ficou fora do ar e foi reativada em julho deste ano após a migração.

“A ideia era trazer de volta ao mercado varejista um dos maiores ícones de todos os tempos. A partir daí buscamos a renovação da tradicional marca, que é também uma das mais queridas pelo público consumidor, e referência em loja de departamentos com uma nova concepção e abrangência|, afirmou a diretoria da varejista.”

direitoria marabraz

Apesar de a marca ser desconhecida do público mais jovem, a expectativa é atingir o público na faixa etária entre 24 e 43 anos, das classes A, B e C.

Mappin
Antiga loja do Mappin. Crédito: Reprodução Instagram/Mappin

Loja física a caminho?

A varejista que foi ícone da década de 80 estuda a possibilidade de lançar uma loja física no conceito megastore, focada na inovação e omnichannel, com a integração dos canais de venda e comunicação, para oferecer aos clientes uma experiência de consumo diferenciada.

Para concorrer com os gigantes do e-commerce, a diretoria da Marabraz disse que conta com a “história da marca” para conquistar o público e vencer os rivais. “Trazer o Mappin à ativa resgata a essência e a história da marca, dando um tom mais atual e renovado”, diz a empresa.

Dificuldades à vista

Para Maurício Stainoff, especialista em varejo e presidente da FCDL-SP (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado de São Paulo), a estratégia utilizada pela Marabraz de trazer de volta a marca Mappin utilizando-se apenas do e-commerce como canal de vendas pode trazer dificuldades.

“Apesar de o e-commerce ocupar considerável fatia de consumidores, essa estratégia poderá causar algumas dificuldades, pois o e-commerce está sempre evoluindo e oferecendo novas experiências aos consumidores, além de um mercado com vários e consolidados concorrentes.”

Maurício Stainoff, especialista em varejo e presidente da FCDL-SP.

Já Sidney Lima, analista da Ouro Preto, também vê dificuldades para o Mappin se destacar entre os e-commerces.

“Honestamente, acredito que seja uma missão bem difícil, dado o cenário de alta complexidade envolvendo taxa de juros, margens baixas e empresas grandes que dominam grande parte do segmento”, disse.

Ele ressalta que o apelo quanto ao nome traz um sentimento de nostalgia para algumas gerações, o que pode acabar se conectando com o público, mas ressalta que não é somente isso que será necessário para a perpetuidade do negócio.

O fundador da Gava Investimentos, Ricardo Brasil, diz que a marca era mais conhecida em São Paulo do que em outras regiões do país.

“É um desafio homérico, você vai concorrer com Mobly, com a Cotovia. Pra quem não sabe, a Via tem uma moveleira que é a Móveis Bartira, que faz móveis para as Casas Bahia e Ponto Frio. Vai ser extremamente competitivo”, afirmou Brasil.

ricardo brasul, da gava investimentos.

De acordo com Brasil, o investimento da Marabraz no site do Mappin seria de de R$ 10 milhões, um valor “extremamente pequeno”, em sua visão. Do total investido, R$ 4 milhões foram aplicados em tecnologia, R$ 1 milhão em funcionários e R$ 5 milhões para compra da marca. Questionada, a companhia não confirmou os números.

Mappin foi uma das maiores varejistas do Brasil

“É uma operação que me parece toda terceirizada por meio de marketplace e muito mais uma empresa de tráfego digital do que algo que vá fabricar, talvez para ecoar alguma produção da Marabraz. Vai concorrer com marcas consolidadas e não sei qual vai ser o diferencial,”, declarou o fundador da Gava.

História do Mappin

A loja de departamento, que era referência no mercado da elite paulistana, foi criada na Inglaterra, em 1774, quando duas famílias, Mappin e Webb, inauguraram na cidade de Sheffield uma grande e sofisticada loja de pratarias e artigos finos. 

Anos depois, os fundadores fundaram a loja em São Paulo, na Rua 15 de Novembro, em 29 de novembro de 1913. A loja sempre inovou e foi a primeira a utilizar vitrines de vidros nas fachadas para atrair a atenção dos consumidores e a ter elevadores.

Após passar por algumas administrações, a loja que chegou a ter 70 departamentos foi vendida para o empresário Ricardo Mansur em 1996 por R$ 25 milhões. Em 1999, com a crise econômica e problemas de administração que resultaram em prejuízo financeiro, o Mappin teve sua falência decretada com dívidas de R$ 1,12 bilhão.

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