*ARTIGO
As moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) têm o potencial de revolucionar o sistema financeiro. No entanto, o mais abrangente estudo de investimento global já feito do setor revelou que ainda há muitas questões que precisam ser resolvidas antes que elas sejam amplamente aceitas.
O estudo foi realizado pela CFA Institute, uma associação global de profissionais financeiros, entre novembro de 2022 e janeiro de 2023. Ele contou com 4.150 entrevistados de 103 países e revelou alguns dados que pegou muito de surpresa.
Surpreendentemente, os dados levantados apontam que o apoio às CBDCs em escala global é mais limitado do que muitos imaginavam: do total de pessoas entrevistadas, apenas 42% concordaram que essas moedas dos bancos centrais devem ser introduzidas nos países.
Ou seja, enquanto países como Bahamas e Nigéria já lançaram CBDCs e muitos outros estão estudando a possibilidade, ainda existe ceticismo sobre os benefícios.
Dados revelados estudo estudo
Ao realizar a pesquisa em diversos países de distintas realidades sócio-econômicas, os achados da CFA Institute constataram que o apoio às CBDCs é maior em economias emergentes do que em economias desenvolvidas.
Especificamente, apenas 37% dos entrevistados de mercados desenvolvidos disseram que eram a favor de um CBDC contra 61% dos mercados emergentes.
Na China, por exemplo, 70% dos entrevistados disseram que acreditavam que as CBDCs deveriam ser implementadas, enquanto na Índia, que espera lançar uma e-rúpia no próximo ano, foi de 66%. Por outro lado, no Reino Unido, região onde o ideal de privacidade e autonomia é mais proeminente, apenas 31% deles disseram o mesmo.
Apoio x crítica
Os principais motivos para o não-apoio às CBDCs foram a pouca — ou total — falta de compreensão sobre como elas funcionam (58%) e preocupações sobre os riscos potenciais que oferecem aos usuários, como a perda de privacidade (69%) e os ataques cibernéticos (64%).
Por outro lado, os dados do estudo também constataram que o apoio às CBDCs está crescendo à medida que as pessoas aprendem mais sobre elas. Entre os entrevistados que tinham um nível alto de compreensão sobre como as CBDCs funcionam, 72% disseram que acreditavam que elas deveriam ser lançadas.
Isso porque, apesar dos contras, as CBDCs podem tornar o sistema financeiro mais eficiente e mais acessível, contribuindo na redução do custo das transações e no aumento da segurança do sistema financeiro.
Uma nova tecnologia, um futuro incerto
As CBDCs são uma nova tecnologia e, como tal, existem muitas incertezas sobre como elas serão usadas e quais serão seus impactos. É importante ser cético em relação às promessas feitas pelas autoridades centrais e avaliar cuidadosamente os riscos potenciais antes de decidir se deve ou não usá-las.
Em primeiro lugar, é importante destacar que as CBDCs podem aumentar o controle do Estado sobre o dinheiro dos cidadãos, já possibilitam o rastreamento de forma muito mais fácil do que o dinheiro em papel, ocasionando em perda de privacidade.
Outro ponto que demanda alerta é a possibilidade de gerarem confisco a um clique. Com as CBDCs, os bancos centrais podem congelar, limitar transações ou confiscar o dinheiro de uma pessoa a qualquer momento, o que pode representar uma ameaça à liberdade financeira.
De fato, as CBDCs podem ser uma ferramenta útil para melhorar a eficiência do sistema financeiro. Mas a falta de confiança na tecnologia como apontada no estudo parece fazer — muito — sentido, já que seus riscos não devem ser ignorados.
*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.
Veja também
- Mastercard e JP Morgan se unem para facilitar pagamento internacional entre empresas usando blockchain
- Passou raspando: Bitcoin chega muito perto dos US$ 100 mil, mas alta perde força
- Bitcoin mantém ‘rali Trump’ e pode alcançar os US$ 100 mil em breve
- Bitcoin sobe e atinge nova máxima histórica de US$ 94 mil após estreia de opções do ETF da BlackRock
- ETF de Bitcoin da BlackRock já supera em US$ 10 bilhões o ETF de ouro