O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, defendeu nesta sexta-feira (25) que o banco precisa reduzir o pagamento de dividendos.
Durante participação no painel “Os desafios da infraestrutura brasileira: o novo PAC 2023” na 2ª edição do Fórum Esfera, realizada no Guarujá (SP), Mercadante criticou o fato de o BNDES passar a recolher dividendos em vez de usar esse dinheiro para investimentos. Ele citou que bancos públicos no mundo não pagam proventos do tipo.
“Não pagávamos. Depois, pagamos 25% e no ano passado, pagamos 60%. Precisamos reduzir. O papel do BNDES não é financiar o Tesouro, é financiar a produção, a indústria, a infraestrutura, o crescimento. Não é o Tesouro que está financiando o BNDES. Quero que ele desmame do BNDES para o banco financiar o PAC”, disse Mercadante.
PAC e o mercado de capitais
Mercadante disse que o BNDES vê nesse momento mudanças de incertezas que se tinham com o novo governo, que o estado democratico está sólido, que o arcabouço fiscal dá perspectiva sobre a trajetória da dívida pública, que a reforma tributária abre caminho para redução dos impostos, e que o Brasil melhorou seu rating internacional.
“Quero parceria com o mercado de capitais. O Brasil precisa de inovação, criatividade de ousadia e parar com ruídos e perda de tempo. Tem que olhar para o futuro”, disse Mercadante.
O presidente do BNDES defendeu ainda fazer sentido o banco ter uma letra de crédito para o desenvolvimento.
“O que preocupa o mercado de capitais é que não repita o que aconteceu. Podemos operar e estruturar juntos programas de debêntures. Precisamos de mais parceria público-privada. Precisamos de uma relação do setor público-privado de outro nível, devemos nos fortalecer, ser parte da reestruturação. Nesse momento de retomada, precisa dessa parceria, senão a gente não sai desse buraco que a gente entrou”, defendeu Mercadante.
Novo PAC
O governo federal lançou no último dia 11 a terceira edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
A previsão é que sejam investidos R$ 1,7 trilhão em todos os estados do Brasil, sendo R$ 371 bilhões da União, R$ 343 bilhões de estatais, R$ 362 bilhões de financiamentos e R$ 612 bilhões do setor privado.
Segundo o governo federal, o novo PAC irá viabilizar obras, como rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, linhas de transmissão, fontes de geração de energia de baixo carbono e mobilidade urbana, entre outros.
A primeira etapa do PAC será composta por empreendimentos propostos pelos ministérios e por governadores. Uma segunda etapa terá início em setembro, com uma seleção pública para estados e municípios.
Baseado na articulação entre municípios, estados e federação, os objetivos do novo programa são gerar emprego e renda, reduzir desigualdades sociais e regionais, promover a neoindustrialização e ainda o crescimento com inclusão social e a sustentabilidade ambiental.
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