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Margem Equatorial: o que é e a sua importância

Considerada como o “novo pré-sal” brasileiro, a região apresenta um grande potencial para a produção de petróleo e se tornou a grande aposta da Petrobras; confira.

globo terrestre com foco na América do Sul, ilustrando a "margem equatorial"

O termo “Margem Equatorial” entrou em evidência novamente em 2023 com a aprovação da solicitação de exploração feita pela Petrobras (PETR3 e PETR4) ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Segundo a Petrobras, a Margem Equatorial representa um importante potencial petrolífero. Essa é uma região na qual a petroleira pretende investir para produzir petróleo de menor custo e menor emissão de carbono, que também tem chamado a atenção do mercado internacional de petróleo e gás.

No entanto, também há discussões acerca dos povos e do ambiente que serão afetados. Quer saber o que é Margem Equatorial e qual a importância da Margem Equatorial brasileira? Confira essas e mais informações neste texto.

O que é margem equatorial e onde fica?

Reprodução Petrobras

Margem Equatorial, ou “novo pré-sal do Brasil”, é o nome dado a uma região no Norte do Brasil, entre os estados do Amapá e Rio Grande do Norte, caracterizada pelo seu grande potencial petrolífero. 

Essa é uma continuação da jazida da costa da Guiana e abrange cinco bacias em alto-mar: Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar. Ou seja, é uma região entre bacias marítimas de exploração e produção de petróleo e gás.

A região ainda é pouco explorada, mas desperta interesse devido às características geológicas semelhantes às da Guiana e do Suriname, onde já foram descobertas reservas de petróleo estimadas em 13 bilhões de barris.

Importância da margem equatorial para a economia brasileira

Com grande potencial em petróleo, a margem equatorial surge como uma possível importante fonte de petróleo e gás para o Brasil.

“Pelas características do óleo e pela estimativa dos volumes existentes, a Margem Equatorial desperta interesse não só da indústria brasileira, como também do mercado internacional de petróleo e gás, que identifica oportunidades promissoras na região que precisam ser desenvolvidas”, diz a Petrobras.

Essa tem sido a aposta da petroleira para o atendimento da demanda crescente por energia, considerando que as reservas desses recursos não-renováveis têm um limite e estudos do governo já indicam que deve haver um declínio da produção de petróleo e gás no pré-sal até 2030.

Além de poder ser um recurso valioso na questão da possível perda da autossuficiência de petróleo no Brasil, a exploração da Margem Equatorial pode gerar aumento da produção de petróleo e gás, e até contribuir para o desenvolvimento das regiões Norte e Nordeste do Brasil.

No entanto, é importante lembrar que, para alguns especialistas, a exploração de petróleo e gás em águas profundas pode causar danos ao meio ambiente, além de impactar negativamente as comunidades que vivem na região, como os indígenas e os ribeirinhos.

Confira também o guia sobre offshore:

Empresa offshore: o que é, como funciona e como abrir esse tipo de empresa?

Por que a margem equatorial é considerada uma área estratégica?

A região em que a Margem Equatorial está localizada é estratégica, devido à proximidade com outras jazidas de petróleo, representando um grande potencial para a produção no Brasil, além de fazer parte da região norte e nordeste do país, podendo beneficiar os “excluídos da energia” (conforme citação do Ministério de Minas e Energia – MME) com a riqueza gerada por meio dela.

Segundo a Agência Câmara de Notícias, a Margem Equatorial é vista como uma nova fronteira exploratória por causa de descobertas de petróleo e gás natural realizadas nos vizinhos Guiana e Suriname.

“Na área offshore do Suriname, a TotalEnergies e a Apache anunciaram a descoberta de seis reservas desde janeiro de 2020. Além disso, descobertas nas bacias da chamada margem conjugada africana, que guarda similaridade geológica com a margem equatorial brasileira, aumentam as expectativas, podendo mudar inteiramente a atual situação socioeconômica dos Estados que compõem a Margem Equatorial”, diz o MME.

Ou seja, a Margem Equatorial é estratégica tanto por ser uma fronteira exploratória promissora em águas ultraprofundas quanto por sua localização geopolítica favorável.

Em seminário virtual, “Plays exploratórios em águas profundas das bacias da Margem Equatorial Brasileira”, realizado em agosto de 2021, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) divulgou estudos realizados em parceria com universidades brasileiras e estrangeiras a partir de dados disponibilizados por ela, sobre a região.

Na abertura do evento, o Diretor interino da ANP na época, Raphael Moura, falou sobre a importância da Margem Equatorial Brasileira por seu alto potencial para descobertas de petróleo leve, que tem elevado valor comercial, além de uma localização geopolítica estratégica.

“A margem equatorial brasileira é estratégica porque nós temos ali alto potencial para a descoberta de óleo leve, que tem um valor comercial maior, além de uma localização geopolítica estratégica, próxima dos maiores mercados consumidores do mundo e em uma região cujo índice de desenvolvimento humano. em relação à média brasileira, é menor”, disse, também durante o seminário, Raphael Moura.

Relação da Petrobras com a Margem Equatorial

A Petrobras é uma estatal brasileira e a maior petrolífera do país, além de planejar ser a pioneira na exploração de águas profundas na região da Margem Equatorial.

Tanques da Refinaria Henrique Lage – Revap (Foto: Geraldo Falcão/Agência Petrobras)

A relação da Petrobras com a Margem Equatorial é antiga e de grande importância, pois a petroleira é a principal operadora de exploração e produção de petróleo e gás na região. A companhia é a que possui a maior parte desses blocos exploratórios.

Há 42 blocos na Margem Equatorial concedidos pela ANP (Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural.

Segundo a Agência Câmara de Notícias, a produção na Margem Equatorial tem sido marginal, motivada por fatores como dificuldades para a obtenção das licenças ambientais e centralização de investimentos petrolíferos na camada pré-sal, na bacia de Santos. No entanto, no dia 2 de outubro de 2023, o Ibama confirmou a emissão de licença ambiental para que a Petrobras realize duas perfurações de poços exploratórios na Bacia Potiguar.

A Margem Equatorial está há anos sem receber novas atividades de exploração, mas a Petrobras já perfurou mais de 700 poços na região e outras empresas têm aguardado a posição dela para definir suas próprias estratégias e iniciar a empreitada. 

Em cinco anos, a petroleira pretende perfurar 16 poços exploratórios no local, com investimento previsto de cerca de US$ 2,9 bilhões para projetos de pesquisa e investigação do potencial petrolífero. 

Quais outras petroleiras possuem concessão na Margem Equatorial

A princípio, a Petrobras é quem vai iniciar a exploração da Margem Equatorial com uma perfuração em águas profundas, mas outras empresas também possuem concessões de óleo e gás na região. De acordo com a ANP, há 14 diferentes empresas (incluindo a Petrobras) que atuam em 42 blocos exploratórios sob concessão na região. Confira:

TotalEnergies

A francesa TotalEnergies possui uma participação minoritária em um bloco na Bacia de Barreirinhas, mas, segundo a EPBR (agência de notícias líder em petróleo, gás e energia no Brasil), fechou um acordo com a Petrobras para que a brasileira assumisse a participação da francesa em cinco blocos na Bacia da Foz do Amazonas.

Chariot

Chariot Oil & Gas Limited, empresa britânica de exploração e produção de petróleo e gás com foco na África, possui participações em três blocos exploratórios na Margem Equatorial brasileira.

BP 

A multinacional sediada no Reino Unido BP (British Petroleum, em português, petróleo britânico), uma das maiores empresas de petróleo e gás do mundo, opera um bloco em Barreirinhas e possui pequenas participações no bloco exploratório na Margem Equatorial brasileira. 

Shell 

A Shell, multinacional petrolífera britânica, opera dez blocos na Bacia de Barreirinhas e um na Bacia Potiguar, além de possuir outras participações.

Galp

A portuguesa Galp também tem participações minoritárias. De acordo com a ANP, a companhia participa das operações em quatro blocos situados na bacia de Barreirinhas, sendo sócia da Shell ou da Petrobras.

Enauta 

Entre as cinco empresas brasileiras que operam ou investem em blocos na região, a Enauta opera em três blocos: dois na bacia Pará-Maranhão e um na bacia da Foz do Amazonas.

PRIO

Outra brasileira, a PRIO, atua em dois blocos na Margem Equatorial na bacia da Foz do Amazonas.

3R Petroleum 

A brasileira 3R Petroleum é operadora de um bloco na bacia de Barreirinhas.

Aquamarine Exploração

A Aquamarine Exploração, também brasileira, atua em quatro blocos na bacia de Barreirinha com participação minoritária, em parceria com a Shell.

Murphy

Representando a única participação estadunidense na região, a Murphy do Brasil, vinculada à Murphy Oil Corporation, opera em três blocos da bacia Potiguar

Sinopec

Seguindo o exemplo dos EUA, a China também possui apenas uma companhia atuando na região. A estatal chinesa Sinopec opera em dois blocos na bacia Pará-Maranhão com participações minoritárias, como parceira da Petrobras.

Mitsui E&P

Representando o Japão na região, a Mitsui possui participações minoritárias e atua como parceira da Shell em quatro blocos na bacia de Barreirinhas.

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