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Visibilidade negra no sistema financeiro: o que você precisa saber?

Liliane Rocha, colunista de ESG, trata da desigualdade racial presente no setor financeiro e orienta sobre como mudar essa realidade

A conversa sobre negros no setor financeiro é estratégica e fundamental para quem atua na área. Negros são 56% da população brasileira, um público com renda e status emergentes graças à consolidação de iniciativas e movimentos pela equidade racial no país, que, certamente, estarão cada vez mais em pauta, seja devido a ampliação de consciência sobre a ausência de ações com foco na garantia de direitos, seja por questões de justiça social e ESG (ambiental, social e governança) nas empresas, ou seja pelo aumento potencial do poder de compra e consumo dessa parcela da população.

Para fazer uma análise geral, comecemos lembrando que, apesar do avanço que representou a nomeação de Tarciana Medeiros – a primeira mulher negra a assumir a presidência do Banco do Brasil, após 214 anos de existência da instituição – o mercado financeiro ainda é excludente para pessoas pretas e pardas, fruto de um histórico desigual e de privação de cidadania, impedindo que as gerações anteriores prosperassem e tivessem acesso a espaços de poder ou de desenvolvimento econômico. 

Tarciana Medeiros
Tarciana Medeiros | Crédito: LinkedIn/Reprodução

Segundo Almir Costa de Aguiar, secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, mesmo compondo a maior parte da população brasileira, os negros também são a maioria entre os trabalhadores desprotegidos e com rendimento menor. “Na categoria bancária, pretos e pardos representam apenas 24% do total de trabalhadores no setor, isso piora quando olhamos para o Banco Central, onde a inserção de negros é menor do que a média registrada no sistema bancário: apenas 15,3% dos trabalhadores.”

Os movimentos sociais e de mercado têm se articulado em virtude dessa realidade. O VII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado no dia 11 novembro, aprovou seis medidas de incentivo à diversidade no setor que inclui bancos, financeiras e empresas de cartão de crédito.

Esse é um passo importante para garantir que as empresas do setor avancem e se comprometam com os temas da agenda ESG, principalmente aqueles relacionados à diversidade racial. Confira o detalhamento das medidas propostas durante o Fórum:

  1. Criação de um protocolo de intenções entre o Ministério de Igualdade Racial, Ministério da Educação e Cultura (MEC) e bancos públicos, para promover a inclusão de bolsistas do Prouni (Programa Universidade para Todos) nos programas de estágios;
  2. Debater junto aos bancos um novo Censo da Diversidade;
  3. Propor na mesa de negociação com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) a reserva de 30% das cotas raciais para contratação de empregados em bancos privados;
  4. Propor na mesa de negociação com a Fenaban a reserva de 30% das cotas raciais nos cargos de confiança dos bancos privados; e
  5. Propor protocolo de intenções entre o Ministério da Igualdade Racial e bancos públicos para promover a reserva de 30% para cotas raciais dos cargos de confiança dos bancos públicos, atendendo ao Decreto 11.443/2023, que dispõe sobre o preenchimento por pessoas negras de percentual mínimo de cargos em comissão e funções de confiança no âmbito da administração pública federal.

Por isso, quer você concorde ou não com as políticas de equidade racial que têm sido implementadas no âmbito público, nas empresas e nos movimentos sociais, este assunto é necessário e transformará o sistema financeiro nos próximos anos. Sua empresa e você estão preparados para essa mudança? 

mãos negras sobre teclado de notebook com gráficos financiros na tela do computador.
Por biasciolialessandro

Comento sempre que empresas e pessoas podem se mover por coerção, conveniência ou convicção. Se você e sua empresa já compreenderam a importância da diversidade e inclusão, sobretudo sobre equidade racial no Brasil, e estão na vanguarda, não só de um importante marco civilizatório humanitário, como também liderando um negócio com um grande potencial de competitividade no mercado atual, ótimo, pois esse é o caminho. 

Se você, no entanto, ainda não tiver compreendido a importância disso, certamente, em algum momento, este tema baterá à sua porta, e pode demandar mais esforço em menos espaço de tempo, e você terá que caminhar sob pressão legal (pela força da Lei e/ou por termos de ajuste de conduta); de mercado (perda de clientes e consumidores negros) ou social (pressão dos movimentos sociais, gestão de risco e exposição da sua marca). 

A hora é agora! Comece o seu planejamento de diversidade e inclusão para o ano de 2024 e no futuro poderá se orgulhar de ter, não só contribuído para a transformação do setor financeiro, mas, por ter feito parte ativamente dessa mudança, deixando um importante legado para as gerações futuras.

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