O mercado acionário chinês registrou nesta terça-feira (6) o maior ganho diário em dois anos após o governo intervir a fim de parar a sangria dos principais índices, o que tem afastado investidores. Isso porque bilhões de dólares seguem sendo retirados da segunda maior economia do mundo após duas décadas em que mercados globais apostam no crescimento do país.
Após as recentes promessas do órgão regulador chinês de estabilizar o mercado e uma série de ajustes nas regras de negociação das ações, a China anunciou hoje uma série de “apoios”, incluindo a promessa da empresa estatal de investimentos, Central Huijin Investment, adicionar ao portfólio mais fundos negociados em bolsa.
Somado a isso, foram proibidas emissões de ordens de venda por parte de hedge funds.
Mas outros esforços foram feitos anteriormente, como a compra de ações dos maiores bancos estatais, enquanto um fundo de estabilização de ações de US$ 278 bilhões também foi considerado.
Com isso, o índice Hang Seng subiu 4%, para 16.136,87 pontos, Já o índice Xangai Composto subiu 3,2%, para 2.789,49 pontos.
Medida do governo pode ser negativa
No entanto, a medida pode ser vista de forma negativa, segundo o estrategista chefe da Avenue nos EUA, William Castro Alves, já que sinaliza que o governo está entrando de forma ativa para para dar credibilidade e gerar força compradora, movimento este que deveria ser próprio do mercado – e não gerado de forma artificial.
Segundo a Bloomberg, o Goldman Sachs e o Morgan Stanley já estão direcionando os recursos alocados em China para a Índia, sendo inclusive país do Sul da Ásia como o principal destino de investimento para a próxima década.
Já o fundo de hedge Marshall Wace posicionou a Índia como sua maior aposta líquida de longo prazo, depois dos EUA, em seu principal fundo de hedge. Um braço da Vontobel Holding AG, com sede em Zurique, também tornou o país a sua principal participação em mercados emergentes e o Janus Henderson Group está a explorar aquisições de fundos na região. Mesmo os investidores tradicionalmente conservadores do Japão estão a abraçar a Índia e a reduzir a exposição à China.
Nos últimos 12 meses encerrados na segunda (5), o índice chinês Shanghai Shenzhen (CSI 300) acumula queda de 28% contra alta de 19,2% do índice indiano S&P BSE Sensex.
No mercado de fundos negociados em bolsa dos EUA, o principal ETF que compra ações indianas (iShares MSCI India ETF) recebeu entradas recorde no último trimestre de 2023, enquanto os quatro maiores fundos da China combinados registaram saídas de quase US$ 800 milhões, segundo a Bloomberg.
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