Há muito tempo, numa galáxia muito distante, chamada “janeiro de 2024”, 65% dos investidores americanos acreditavam que o primeiro corte de juros por lá em quatro anos viria agora em março.
A falta de surpresas positivas para a inflação dos EUA virou essa chave. Ontem (dia 13), só 2% apostavam nisso (de acordo com a pesquisa diária da CME, a Bolsa Mercantil de Chicago). A maior parte dos agentes do mercado (52,8%) já colocava suas fichas numa redução inicial apenas em junho.
E hoje essa tendência tomou mais vitaminas. O Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) subiu 1,6% em fevereiro na comparação anual, contra a expectativa de 1,1% de consenso apurado pelo LSEG. Em relação a janeiro, foram 0,6%, ante 0,3% das previsões.
Com o novo baque, agora grossos 55,4% enxergam o primeiro corte apenas em junho.
A ala mais pessimista, que só imaginava os juros do Fed abaixo dos atuais 5,5% a.a. em julho, também cresceu, naturalmente: de 18,7% ontem para 19,4% hoje.
A onda bateu por aqui jogando para cima o DI futuro, que sobe por toda a curva temporal nesta quinta-feira – pois taxas mais altas nos EUA atrapalham o ritmo de quedas da Selic. Isso se traduz em juros mais altos nos títulos prefixados e de inflação. O IPCA+2035, por exemplo, foi a 5,74%, contra 5,68% ontem.
Em dinheiro, significa o seguinte. Quem tinha R$ 10 mil de saldo ontem em IPCA+2035, agora está como R$ 9.940. Um queda de 0,6% em um dia: pesada para um ativo de renda fixa.
Dia 29 de março chega o PCE (Gastos de Consumo Pessoal), índice de inflação favorito do Fed, e que vem se mostrando resiliente. A ver o que nos aguarda.
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