WASHINGTON (Reuters) – Um cenário com dólar forte “é sempre um problema” e pode gerar reação de bancos centrais pelo mundo, disse nesta quinta-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ponderando que a situação tem sido melhor no caso do Brasil.
Em entrevista à imprensa após reunião de ministros do G20, em Washington, nos Estados Unidos, Campos Neto mencionou o fluxo de recursos para o Brasil e as reservas internacionais do país como fatores que atenuam problemas.
Ele também disse que o câmbio no Brasil é flutuante e absorve choques, reiterando que o BC só intervém no mercado de câmbio quando detecta problemas no funcionamento do mercado, e não age contra questões que entende como estruturais.
Campos Neto argumentou que a dívida dos países está maior após a pandemia da Covid-19, e agora pagando juros mais altos, taxas que devem permanecer elevadas por mais tempo. Isso porque, segundo ele, o mercado vê menos cortes de juros à frente nos Estados Unidos do que esperava anteriormente.
Para Campos Neto, o movimento reduz a liquidez global, especialmente para países emergentes e de baixa renda, o que também impacta o câmbio.
“No caso do Brasil, o dólar é flutuante. O que é relevante para nós é o impacto do dólar na nossa função de reação, no que fazemos no BC, mas entendo que o Brasil tem uma situação diferente porque nossas contas externas são muito fortes”, afirmou.
“Sim, o dólar forte é sempre um problema e pode gerar reação dos Banco Centrais ao redor do mundo, mas no caso do Brasil nós vemos que a situação tem sido melhor.”
(Reportagem de Marcela Ayres, em Washington; reportagem adicional de Bernardo Caram, em Brasília)
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