Com qualidade de vida, praias paradisíacas e custo de vida relativamente baixo, João Pessoa é uma das cinco capitais do país que mais cresceram em número de habitantes nos últimos doze anos. De acordo com o último Censo do IBGE, de 2022, a capital da Paraíba contabilizava 833.932 moradores, 110 mil a mais do que em 2010. A renda per capita também chama atenção: segundo o “Mapa da Riqueza” do IBGE, construído a partir de dados do IRPF, a renda per capita da cidade está hoje em R$ 1.671,62, a 184ª mais alta entre os 5.568 municípios do país.
Essa combinação de fatores sustenta a tese de investimento da Setai Grupo GP, incorporadora com R$ 2,1 bilhões em VGV (Valor Geral de Vendas) – número que coloca a empresa na posição de segunda maior do Nordeste. E justifica a decisão do CEO, André Penazzi, de traçar os planos de expansão na região. “Tem muita oportunidade na área de construção por aqui. Por isso, nesta década temos que estar no Nordeste”, afirma.
A Setai acaba de emitir seu primeiro Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) de R$ 285 milhões em uma oferta fechada, estruturada pela Nova Milano Investimentos, de Alexandre Grendene. E já está negociando outras emissões, com o objetivo de financiar os próximos projetos. Este ano, diz Penazzi, a empresa trabalha para superar a marca de R$ 1 bilhão em lançamentos, todos na Paraíba. Em 2025, pretende estrear nos estados vizinhos de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.
O Nordeste é uma região cobiçada por muitas empresas que buscam ampliar o horizonte de atuação, inclusive por construtoras. Paraibano de carteirinha, Penazzi diz que esse movimento não é tão simples. “Para ser bem-sucedido, é preciso saber o jeito nordestino de fazer negócio, que é muito mais pessoal”, diz. “É olho no olho”.
Penazzi fundou, junto com o irmão Germano, a Setai Grupo GP em 2007 para atuar no segmento atendido pelo programa Minha Casa Minha Vida. Eles vêm de uma família ligada ao setor de construção por três gerações. Mas escolheram, muito cedo, abrir a própria empresa, porque o número de herdeiros era maior do que a companhia do pai e do tio conseguiria absorver. “Fui demitido antes de começar a trabalhar”, brinca.
O capital inicial da empresa veio do período em que André trabalhou na loja de acessórios automotivos da família. No começo, foram pequenas construções. Em 2014, eles eram líderes no segmento de MCMV. Quatro anos depois, estrearam no mercado de alto padrão, que hoje representa 50% do número de unidades construídas pela companhia – que já soma 6 mil ao longo dos anos. A julgar pelo ritmo recente, é possível esperar que os imóveis de alto padrão superem os do MCMV dentro de três anos.
Uma das apostas do Setai é um empreendimento em parceria com o estúdio italiano Pininfarina, que criou o design de carros de luxo como Ferrari, Jaguar, Maserati e Rolls Royce. O projeto ficará no bairro Altiplano, um dos mais luxuosos de João Pessoa, e terá três torres, com unidades entre 30 e 300 metros quadrados.
A empresa não tem planos de fazer um IPO tão cedo, diz Penazzi. Mas mesmo assim vem trabalhando para se adequar a padrões contábeis e de governança para o caso de decidir trilhar esse caminho. “A gente não vê motivo para abrir o capital hoje, mas queremos estar prontos para qualquer guerra”, afirma.
Veja também
- Polimix compra Cimentos Maranhão e confirma momento aquecido do setor
- O que a CSN vê na InterCement para renovar (mais uma vez) acordo para compra da companhia
- Para atrair os mais ricos, JHSF e KSM constroem até praias nos condomínios
- Em trimestre ‘bilionário’, Votorantim Cimentos acelera investimentos e rechaça IPO em NY
- A febre dos apartamentos estúdio se tornou uma bolha?