O Federal Reserve (FED) manteve a taxa básica de juros inalterada nesta quarta-feira (12) e as autoridades monetárias projetaram uma única redução de 0,25 ponto percentual na taxa este ano, em meio a estimativas crescentes sobre o que será necessário para manter a inflação sob controle.
A redução na perspectiva de cortes na taxa básica, ante estimativa de três reduções de 0,25 ponto percentual observadas nas projeções de março do Fed, ocorreu a despeito de o banco central norte-americano reconhecer, em sua nova declaração de política monetária, “progresso modesto” em direção à sua meta de inflação de 2% – uma melhoria em relação à declaração de 1º de maio.
Isso coincidiu com um aumento de 2,6% para 2,8% na taxa de juros estimada de longo prazo, ou “neutra”, o que indica que os formuladores de política monetária concluíram que a economia precisa de mais restrições para terminar a batalha contra o aumento dos preços.
O progresso recente tem sido lento, e as autoridades do Fed agora projetam uma taxa de inflação ligeiramente maior no final do ano, de 2,6%, em comparação com os 2,4% previstos em março.
Embora os cortes nos juros provavelmente começarão mais tarde e a um ritmo menor do que investidores previram, a taxa básica do Fed é vista caindo rapidamente no próximo ano, com reduções que somariam 1 ponto percentual em 2025 e o mesmo valor em 2026.
A declaração e novas projeções econômicas mostram uma luta do banco central sobre como reagir aos dados que muitos consideram apontar para uma inflação mais baixa – os preços ao consumidor norte-americano de fato não subiram nada em maio em relação ao mês anterior, de acordo com os dados divulgados nesta quarta-feira – mas também para um crescimento estável e criação de empregos.
LEIA MAIS: Mercado de cabeça para baixo: Brasil chora enquanto o mundo ri
Taxa neutra mais alta
As novas projeções mostram que a economia norte-americana ainda deve crescer 2,1% este ano, um pouco acima da tendência, apesar de um primeiro trimestre fraco, e que a taxa de desemprego permanecerá nos atuais 4% ao longo do ano.
“Indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir em um ritmo sólido. Os ganhos de empregos continuaram fortes e a taxa de desemprego permaneceu baixa”, disse o Fed em seu comunicado.
Depois de pouco progresso em relação à inflação nos primeiros meses do ano, o resultado foi um “gráfico de pontos” (dot plot) das previsões de juros projetadas pelos formuladores de política monetária que envolveu uma mudança quase generalizada para cima nas taxas consideradas necessárias para terminar a batalha contra a inflação.
Juntamente com o recente debate sobre a possibilidade de a taxa de juros “neutra” ser mais alta do que o estimado, o novo gráfico de pontos sugeriu que as autoridades do Fed concluíram que são necessários juros mais altos por um período mais longo para manter a inflação sob controle. Somado a um aumento anterior na projeção de março, essa taxa neutra agora é estimada em mais de 0,25 ponto percentual acima de onde terminou 2023.
O Fed aumentou agressivamente os custos de empréstimos em 2022 e 2023 em resposta a um aumento na inflação que atingiu o maior patamar em 40 anos há cerca de dois anos.
Veja também
- O que Trump e Lula têm em comum: a queda de braço com o Banco Central
- Presidente do Fed diz que Trump não afeta juros no curto prazo, nem a duração de seu mandato
- Sem surpresas, Fed corta juros em 0,25 p.p. e destaca e crescimento econômico sólido
- Empresas dos EUA voltam ao mercado de dívida após Fed cortar juros
- Fed terá de superar eleições americanas e “efeito Orloff” antes de comemorar vitória sobre inflação