Na Mecca da publicidade mundial, Elon Musk fez sua mea culpa. Durante aparição nesta quarta-feira (19) no aclamado Festival Internacional de Criatividade de Cannes, o bilionário dono do X (o antigo Twitter) revisitou o episódio em que mandou os anunciantes se f**** e relativizou a fala.
“Em novembro, você tinha uma mensagem para nós, você nos disse para ‘ir nos f****’”, provocou Mark Read, CEO da WPP, uma das maiores agências de publicidade do mundo. “O que você quer dizer com isso?”, continuou.
Musk disse a Read que estava se referindo a um subconjunto de anunciantes que tentavam limitar a liberdade de expressão e que a empresa havia feito progressos para se tornar um lugar mais seguro para as marcas.
O ato verborrágico do ano passado reflete como estão sendo turbulentos os primeiros anos do antigo Twitter, uma rede social dependente de publicidade para sobreviver, na mão do bilionário.
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Na época, alguns grandes anunciantes abandonaram o aplicativo devido a preocupações sobre o tipo de conteúdo permitido na plataforma, e Musk disse estar preocupado com a condenação da empresa. “Os anunciantes têm o direito de aparecer ao lado do conteúdo que consideram compatível com suas marcas”, defendeu, acrescentando que a análise de terceiros deu à plataforma notas altas em segurança de marca.
Ainda assim, o X sempre escolherá a opção de ganhar menos dinheiro em vez de limitar a liberdade de expressão, prosseguiu Elon Musk.
O bilionário afrouxou restrições de conteúdo do aplicativo e acolheu de volta muitas contas banidas, o que deixou alguns profissionais de marketing inquietos. O próprio comportamento de Musk também tem sido um problema. Ele usou a plataforma para espalhar teorias da conspiração e amplificar opiniões extremistas para seus mais de 187 milhões de seguidores.
“Eu atiro no próprio pé de vez em quando”, disse Musk. “Se você passa constantemente por um filtro, agora você não está sendo real. É melhor ser real.”
A aparição desta quarta-feira marcou o retorno do X a Cannes, após ausência no último ano. O relacionamento tenso de Musk com a indústria publicitária começou logo depois que sua caótica aquisição do antigo Twitter levou algumas agências de publicidade, incluindo a WPP, a aconselhar os clientes a pausar ou considerar a suspensão de seus anúncios na rede social.
Em novembro, o X acusou a Media Matters for America em um processo de tentar “maliciosamente” afastar anunciantes da plataforma de mídia social ao relatar que anúncios da Apple, IBM apareciam associados a conteúdos nazistas.
O X não divulga mais suas receitas ou lucros publicamente após o fechamento de capital, mas estava a caminho de obter cerca de US$ 2,5 bilhões em receita total de publicidade em 2023 antes dos comentários de Musk, informou a Bloomberg. Isso teria refletido em uma queda de cerca de 45% desde 2021, o último ano completo antes da chegada do controlador da Tesla.
Musk e a CEO da X, Linda Yaccarino, tentaram impulsionar o negócio de publicidade da plataforma social por meio de novas parcerias de vídeo, o que teoricamente daria aos profissionais de marketing mais locais de alta qualidade para comprar anúncios dentro da X. Mas Musk também tentou diversificar os negócios da empresa longe da publicidade, e mais notavelmente começou a vender um serviço de assinatura renovado logo depois que assumiu e anunciou planos para tornar o X um “aplicativo para tudo” com serviços de pagamentos.
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