BUENOS AIRES — A Argentina entrou em uma recessão técnica no primeiro trimestre deste ano com aumento do desemprego, mostraram dados oficiais do país na segunda-feira (24). A retração ocorre em meio a uma dura política de austeridade do presidente Javier Milei, que colocou o ajuste fiscal do país como item prioritário de sua pauta.
O Produto Interno Bruto (PIB) argentino caiu 2,6% no primeiro trimestre do ano, em comparação ao último trimestre de 2023, a segunda contração consecutiva trimestre a trimestre — a definição habitual de recessão.
O trimestre marca o primeiro período completo com Milei, que assumiu o poder em dezembro.
A agência de estatísticas oficial Indec também divulgou dados sobre o mercado de trabalho, que mostraram que a taxa de desemprego chegou a 7,7% no primeiro trimestre, ante 5,7% no fim do ano passado, Isso significa aproximadamente 300 mil novas pessoas desempregadas desde o trimestre anterior.
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A inflação de três dígitos e a recessão atingiram os consumidores com força e prejudicaram as vendas de produtos, enquanto os cortes de gastos de Milei paralisaram projetos estatais de infraestrutura e provocaram grandes perdas de postos de trabalho em setores como a construção.
Milei, economista de formação, tem argumentado que o país precisa colocar as finanças em ordem após anos de déficits fiscais que levaram a calotes regulares da dívida soberana e feriram a reputação do país com investidores globais.
Desde que assumiu o poder, ele tem estimulado os mercados com um foco firme no superávit fiscal, o que, por enquanto, ele conseguiu produzir. Títulos e ações tiveram uma forte recuperação, mas a economia foi atingida, com o crescimento da pobreza e da falta de moradia.
Ele argumenta que um remédio fiscal duro é necessário e que a economia começará a dar a volta por cima.
Dados do Indec mostraram que, na comparação ano a ano, a economia caiu 5,1% no primeiro trimestre, enquanto analistas previam uma contração de 5,25%.
O consumo privado caiu 6,7% em termos anuais no trimestre, e o consumo público recuou 5%, segundo os dados. As importações despencaram 20,1%, mas as exportações subiram 26,1%.
(Reportagem de Aida Pelaez-Fernandez e Hernan Nessi)
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