O presidente-executivo da Azul, John Rodgerson, afirmou nesta quinta-feira (29) que a companhia aérea está saudável financeiramente, recebendo novas aeronaves e não tem planos de fazer um pedido de recuperação judicial.
“Não temos uma empresa aérea quebrada. Temos uma empresa aérea super saudável, que vai negociar com seus parceiros”, afirmou o executivo em entrevista à Reuters.
Um pedido de recuperação judicial (chamado de Chapter 11 nos Estados Unidos) “não é nosso plano. Não é meu plano, não é o plano dos parceiros”, disse o executivo. A Azul é a única grande companhia aérea em operação no Brasil que não fez um pedido de proteção contra credores.
“Estamos trabalhando em uma discussão amigável com todo mundo como sempre fizemos”, acrescentou o executivo, que negou reportagem publicada na véspera pela Bloomberg que citou entre as opções da companhia um eventual pedido de recuperação judicial.
As ações da Azul acabaram fechando a sessão em queda de mais de 24%, cotadas a R$ 5,50, enquanto o Ibovespa recuou 0,95%. A rival Gol, que não está no índice e apresentou pedido de recuperação judicial no início deste ano, encerrou em alta de 1,8%, a R$ 1,11.
A Azul encerrou junho com liquidez total de R$ 6,4 bilhões, acima dos R$ 5,5 bilhões de um ano antes. Ante o início do ano, a dívida bruta da empresa no final do primeiro semestre aumentou em R$ 3,8 bilhões, principalmente devido à depreciação de 11,7% do real ante o dólar o que elevou os gastos com arrendamento de aeronaves da empresa e as despesas com empréstimos denominados em moeda estrangeira.
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Rodgerson afirmou que as empresas de arrendamento de aeronaves “entendem” a situação criada com a desvalorização cambial e o cenário de juros elevados. “Ninguém imaginava que o mercado ia estar onde está”, disse o executivo, citando como exemplo da compreensão dos lessores o novo Airbus A330 recebido pela Azul nesta quinta-feira de um dos lessores com quem a empresa está negociando. O executivo não informou o nome da companhia de arrendamento.
Ainda na frente de melhora da estrutura de capital, o presidente da Azul afirmou que “com certeza” a empresa vai recorrer aos recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), aprovado na véspera pelo Congresso e que prevê 5 bilhões de reais anuais em crédito ao setor.
O Fnac foi criado em 2011 para fomentar o desenvolvimento do setor de aviação civil por meio de investimentos em infraestrutura. O texto aprovado na véspera permite a possibilidade de empréstimos garantidos pelo Fnac para companhias aéreas.
O executivo não citou valores, mas mencionou que a Azul pode se candidatar a receber “um terço” do montante do fundo. “É uma dívida um pouco mais barata do que conseguiríamos no mercado”, afirmou.
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