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Economia

O mundo já tem 29 mil pessoas com mais de US$ 100 milhões; 210 delas vivem no Brasil

O número de “centimilionáros” no planeta cresceu 54% em 10 anos.

Se você tem um imóvel quitado mais uma boa carteira de investimentos, e o valor de tudo isso dá mais ou menos R$ 5,5 milhões, parabéns: você é um milionário em dólar.

Trata-se de um clube grandinho, até. 56,2 milhões de pesssoas no mundo têm o equivalente a US$ 1 milhão ou mais, segundo a UBS Global Wealth Management – um número comparável ao da população da Itália (59 mi).

A turma dos bilionários é, obviamente, minúscula. São 2.781, pelas contas da Forbes. Há prédios residenciais com mais gente do que isso.

Essa disparidade no topo da pirâmide deixa claro um fato: a taxonomia binária que separa os ricos entre milionários e bilionários é imprecisa. Ela não considera as riquezas intermediárias, vamos dizer assim. Por exemplo: uma pessoa que tenha centenas de milhões de dólares em patrimônio é alguém tão afluente quanto um bilionário. Mas essa fatia de riqueza raramente aparece nas estatísticas tradicionais.

Eesse não é o caso de um relatório da consultoria Henley & Partners. Feito em parceria com a New World Wealth, uma think thank especializada em mapear riqueza, ele foca nos “centimilionários” – o conjunto das pessoas que já acumularam US$ 100 milhões ou mais.

Como elas vivem? Onde moram? Como se reproduzem?

Como elas vivem dá para imaginar. Como se reproduzem, mais ainda. Onde moram? A maioria, nos Estados Unidos mesmo. São quase 10 mil centimilionários por lá. Em seguida vêm China, Alemanha e Índia, os únicos com mais de mil desses além dos EUA.

No mundo todo, são 29.350. Juntos, caberiam todos nas arquibancadas de um estádio mediano – como o Brinco de Ouro da Princesa, do Guarani. Lá dentro dessa versão realismo fantástico do estádio campineiro, os centimilionários do Brasil ocupariam um cantinho miúdo. Temos 210 (dados de 2023) – leve queda em comparação aos 215 registrados uma década atrás.

Seja onde for, o perfil do centimilionário é bem específico. Eles ou elas são herdeiros, fundadores ou CEOs de grandes empresas. A ideia média é de 61 anos. E boa parte se beneficiou do boom do setor de tecnologia, explicou Andrew Amoils, head de pesquisa da New World Wealth, em entrevista ao InvestNews. Tanto que a quantidade de centimilionários no planeta cresceu 54% nos últimos 10 anos.

Os membros desse grupo, aliás, costumam ter o grosso de suas fortunas em ações das empresas às quais estão ligados. Não é bem o que acontece no mundo dos meros milionários. No chão de fábrica da riqueza, é mais comum que imóveis respondam pela maior parte do bolo.

O relatório, vale notar, não faz uma divisão por gênero. Considera que o cônjuge de um centimilionário é outro centimilionário.

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Idoso trabalhando em iate
A idade média dos centimilionáros é de 61 anos. Foto: Uzhursky/Getty Images

Centimilionários do Brasil

O Brasil, oitava economia do mundo, fica na 18ª posição entre os países com mais centimilionários em dólar – uma categoria que, em reais, começa num patrimônio de meio bilhão.

Com 210 centis, estamos praticamente empatados com Israel (212), que tem uma população 21 vezes menor que a brasileira. Logo abaixo do Brasil estão Espanha (208) e México (200).

As cidades de São Paulo (com 45) e Rio de Janeiro (36) são as que mais concentram centis, como era de se esperar. As empresas que fizeram o levantamento não divulgam os dados relativos às demais cidades.

De qualquer forma, o relatório incluiu São Paulo e Rio na lista das metrópoles que devem ganhar mais centis até 2040. A projeção é que a quantidade pelo menos duplique em ambas.

O Rio também figura entre as 22 regiões favoritas para esse público no mundo. Mais de 60 centis que não moram na Cidade Maravilhosa têm uma segunda residência por lá. Outros refúgios populares entre o pessoal que toma café da manhã na Tiffany são Cannes, na França, The Hamptons, na região litorânea pertinho de Nova York, Costa do Sol, na Espanha, e o tórrido Algarve, em Portugal.

O pessoal cuida bem do bronzeado.

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Algarve: a região portuguesa é um dos lugares favoritos dos megarricos. Outra localidade nessa lista é o Rio de Janeiro.

EUA e China pisam no acelerador; Europa, na banguela

Se o número de centimilionários cresceu 54% em 10 anos, nos EUA, que lideram o ranking com folga, o crescimento foi maior. Eles saltaram de 5,4 mil para os atuais 9,8 mil. 81%. Ainda assim, a taxa acaba relativamente eclipsada pela da China: 108%, com o grupo dos centis saltando de 1,1 mil para 2,3 mil.

Hong Kong, que é considerada separadamente no levantamento, tem outros 320. Bem mais do que o Brasil.

De qualquer forma, dá para afirmar que a Europa puxou a média mundial para baixo: avanço de apenas 26% em 10 anos.

O Velho Mundo também está para trás quando falamos em formação de futuros megamilionários. Das 29 mil pessoas sobre as quais falamos aqui, 17% têm diploma de dez universidades específicas. São duas do Reino Unido (Oxford e Cambridge), uma da França (o Instituto Europeu de Administração e Negócios) e sete dos Estados Unidos – não por coincidência, o lugar que mais produz riqueza. Educação, afinal, é o item mais valioso que existe, em todos os degraus da pirâmide.

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