A General Motors anunciou nesta terça-feira (10) que encerrará o desenvolvimento de táxis robóticos realizado pela divisão deficitária Cruise – uma parceria com a Honda -, revertendo uma estratégia para a tecnologia que antes era considerada como prioridade máxima do grupo. Após a GM “tirar o pé do acelerador”, nesta quarta (11), a Honda também anunciou que irá interromper o financiamento do projeto que era tocado em conjunto.
A montadora norte-americana disse que não vai mais financiar o trabalho da Cruise “devido ao tempo e aos recursos consideráveis que seriam necessários para expandir o negócio, juntamente com um mercado de robotáxis cada vez mais competitivo”.
A montadora investiu mais de US$ 10 bilhões na Cruise desde 2016. A partir de agora, a divisão será incorporada ao grupo que trabalha com tecnologia de assistência ao motorista.
A medida vem na esteira da redução dos planos da GM para veículos elétricos, que inclui venda de participação em uma fábrica de baterias e reestruturação de seus negócios na China. As ações da GM subiram 3,2% em negociações após o fechamento dos mercados na terça-feira.
Em 2023, a presidente-executiva da GM, Mary Barra, disse que o negócio Cruise poderia gerar US$ 50 bilhões em receita anual até 2030, mas na terça-feira disse que o negócio era dispensável.
“É preciso realmente entender o custo de administrar uma frota de robotáxis, que é bastante significativo e, novamente, não é nosso negócio principal”, disse Barra em conferência com analistas.
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A GM espera que a reestruturação reduza gastos de cerca de US$ 2 bilhões para 1 bilhão depois que o plano for concluído até o final de junho.
Barra se recusou a dizer quantos funcionários da Cruise poderiam ser transferidos para a GM.
Já um porta-voz da Honda afirmou que a montadora japonesa “irá continuar a desenvolver novos produtos e serviços para o mercado japonês”.
Negócio caro
Os rivais que ainda estão no emergente setor de robotáxis incluem desenvolvedores com grande volume de recursos, como a Waymo, da Alphabet; Baidu e Tesla.
Mas alguns dos concorrentes da GM já pararam de financiar negócios de direção autônoma, citando os custos e as dificuldades envolvidos no desenvolvimento de uma tecnologia tão sofisticada.
Em outubro de 2022, a Ford começou a encerrar operação de IA Argo, que foi parcialmente financiada pela Volkswagen. A Ford ainda está trabalhando em sistemas avançados de assistência ao motorista internamente, diferentes dos sistemas totalmente autônomos que estavam sendo desenvolvidos anteriormente na Argo AI.
Ainda assim, o presidente-executivo da Tesla, Elon Musk – um conselheiro próximo do presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump – está otimista quanto ao futuro da tecnologia. A expectativa de Musk é que Trump facilite a implantação de veículos autônomos nos EUA.
Na semana passada, a Waymo disse que expandirá serviços para Miami. Em outubro, a companhia obteve uma rodada de financiamento de US$ 5,6 bilhões liderada pela Alphabet.
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No mês passado, a Cruise admitiu ter enviado um relatório falso para influenciar uma investigação federal e concordou em pagar uma multa criminal de US$ 500 mil como parte de um acordo.
O Departamento de Justiça dos EUA disse que a Cruise não divulgou detalhes importantes de um acidente ocorrido em outubro de 2023 aos órgãos reguladores federais, no qual um de seus carros em São Francisco atingiu e feriu gravemente um pedestre. A GM pagou um acordo substancial para a mulher que ficou ferida e enfrenta fiscalização intensa de órgãos reguladores de segurança automotiva dos EUA.
Em julho, a GM anunciou o fim do desenvolvimento de um carro sem volante ou outros controles humanos. Após a colisão de 2023, a empresa demitiu muitos executivos de alto escalão e dispensou de mais de um quarto dos funcionários da Cruise.
A GM tinha planos de implantar até 2.500 veículos Origin autônomos anualmente sem controles humanos, como pedais de freio ou espelhos.
*Com informações de Reuters e Bloomberg
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