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‘Expecto Patronum’: Linhas Corrente convoca Harry Potter para voltar a ser lucrativa

Sob nova gestão desde 2022, tradicional fabricante de linhas aposta em licenciamento de personagens para avançar no varejo

Fábrica da Linhas Corrente
Fábrica da Linhas Corrente (Divulgação)

Na centenária Linhas Corrente, o executivo com mais tempo de casa tem pouco mais de dois anos. O chileno Martín Rodríguez chegou para comandar a transformação da tradicional fabricante de linhas em meados de 2022, após a britânica Coats vender a companhia para uma gestora de private equity.

O grupo representado por Rodríguez busca empresas que precisam ser reestruturadas, gestoras conhecidas no mercado como de special situations, e viu na Linhas Corrente uma oportunidade de resgatar uma famosa marca. O plano do CEO e dos controladores, da Reelpar, é de que a empresa volte a ser lucrativa já em 2025, concluindo assim um planejamento de três anos desde a aquisição.

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“Estamos falando de uma companhia que precisou ficar menor para ser mais eficiente. Primeiro reduzimos de tamanho para, no fim, voltar a ganhar dinheiro”, diz o CEO. E a principal aposta de Rodríguez é a de ampliar o faturamento junto ao público final, que possui margens mais robustas em relação ao B2B. Em termos gerais, enquanto o varejo de linhas para costura, tricô, crochê e bordado rende uma margem em média de 50%, as indústrias entregam algo próximo a 20%. 

E, antes da chegada dos novos donos, mais da metade da receita da empresa vinha de clientes industriais, como Guararapes e Track & Field. Hoje, o bolo está mais equilibrado, com metade para cada segmento – e o plano para 2025 é que o B2C passe a liderar.

Para isso, a empresa usou a criatividade para apresentar novos produtos ao mercado. Uma dessas inovações foi a de buscar o licenciamento de franquias famosas no cinema, explica Lara Mascarenhas, diretora de marketing e produtos da Linhas Corrente. 

Lara Mascarenhas e Martín Rodriguez, diretora de marketing e CEO da Linhas Corrente
Lara Mascarenhas e Martín Rodríguez, diretora de marketing e CEO da Linhas Corrente (Divulgação)

Com experiência de já ter trabalhado em grandes grupos de mídia, como Globo e Paramount, a executiva viu a oportunidade de negociar com a Warner Bros. o uso de personagens da saga Harry Potter para a linha de amigurumis – bonecos feitos em crochê ou tricô, que surgiram no Japão e se tornaram famosos no Brasil.

Amigurumi, what?

As negociações com a Warner levaram quase um ano, diz Lara. Tudo teve que ser feito do zero: da explicação do que é amigurumi até lidar com a burocracia típica deste tipo de contrato. “O que demorou mais foi fazer eles entenderem o produto e embarcarem na ideia”, conta. 

Amigurumis da saga Harry Potter, produzidos pela Linhas Corrente
Amigurumis da saga Harry Potter, produzidos pela Linhas Corrente (Divulgação)

“A equipe da Warner não lembrava que eles tinham um produto parecido licenciado nos Estados Unidos, e aí conseguimos avançar para sermos os primeiros na América Latina.” Os amigurumis são vendidos em kits com linhas e agulhas para que a pessoa faça o boneco com as próprias mãos. Do ponto de vista financeiro, é um produto com alto valor agregado: no mercado, um kit pode custar até R$ 200, a depender da marca. O da Linhas Corrente chegará às prateleiras com preço sugerido de R$ 59,90.

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Existem kits de diversas marcas, mas o mais comum são bichinhos ou bonecos genéricos. Os da Linhas Corrente vão ser os primeiros a oferecer personagens famosos, como o bruxo Harry Potter e seus amigos Rony Weasley e Hermione Granger. A ideia é que a linha de kits seja o “expecto Patronum“, encanto que, na série, significa afastar o mal.

“Se você olhar as cifras do negócio, nós não tivemos dúvidas de começar com a marca Harry Potter”, afirma Lara, lembrando que a franquia é uma das mais lucrativas do mundo do entretenimento, gerando mais de US$ 35 bilhões desde o lançamento do primeiro livro da saga, em 1997.

“É uma marca que tem presença tanto do público infantil, adolescente, adulto e da melhor idade”. Os amigurumis Harry Potter estão previstos para chegar às prateleiras em abril de 2025, e Lara Mascarenhas não descarta novos licenciamentos daqui para frente. 

Reestruturação em curso

Neste segundo ano do plano de três de Martín Rodríguez, o CEO da Linhas Corrente, foi para organizar a casa após um enxugamento da operação em 2023. E, neste segundo ano de transformação, a Linhas Corrente deverá encerrar 2024 bem perto do break even (ponto de equilíbrio, quando a empresa nem lucra e nem tem prejuízo). 

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“A última linha do balanço ainda não deverá vir positiva [em 2024]. Mas, quando olhamos o negócio de maneira recorrente, já estamos vendo sinal de reversão”, explica o CEO. O enxugamento significou revisão geral: a empresa reduziu pela metade o número de produtos.

Fundada em junho de 1907, a Linhas Corrente é dona das marcas Magna, Corrente, New Raffia, entre outras, e tem produtos que vão desde o crochê tradicional até linha de pipa. “Tínhamos dezenas de milhares SKUs e foi uma das medidas necessárias para deixar a empresa menos complexa”, acrescenta o executivo. 

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