A canadense Enbridge opera 29 mil quilômetros de oleodutos entre o Canadá e os EUA, metade em cada país. É a maior rede do mundo – em linha reta, o “encanamento” completaria 70% de uma volta ao mundo pela Linha do Equador.

E ela quer aumentar rapidamente a capacidade de seu sistema, caso a administração de Trump consiga mesmo impulsionar um boom na extração do líquido preto.

A empresa vê uma oportunidade de movimentar “centenas de milhares” de barris adicionais de petróleo por dia nos EUA nos próximos dois a três anos. Para isso, planeja duplicar dutos e aprimorar seus “agentes redutores de arrasto”, compostos químicos que ajudam o petróleo a fluir mais rápido das regiões produtoras até as refinarias, disse o CEO Greg Ebel em uma entrevista na sexta-feira.

A Enbridge transporta 5,8 milhões de barris de petróleo e derivados por dia na América do Norte – para dar uma ideia: isso equivale a toda a produção de óleo cru e refinados no Brasil.

Oleoduto no Alasca. Foto: Getty Images

A companhia pretende focar no transporte de mais petróleo das regiões produtoras das Montanhas Rochosas e do Bakken (uma formação de xisto na fronteira da Dakota do Norte com o Canadá) para refinarias no Centro-Oeste e na Costa do Golfo, afirmou Ebel.

Os comentários sobre uma possível expansão nos EUA foram feitos na mesma semana em que a empresa, com sede em Calgary anunciou uma iniciativa para encontrar formas de transportar mais petróleo canadense de Alberta para os EUA.

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Ebel afirmou que a expansão de oleodutos na América do Norte deve atrair uma administração que busca projetar o poder dos EUA ao redor do mundo, mesmo enquanto analistas alertam que a promessa de Trump de impor tarifas sobre todos os produtos do Canadá ameaça dificultar a expansão da infraestrutura de petróleo altamente interconectada do continente.

“Cada barril que movemos para os EUA ou captamos através de nossos sistemas nas Montanhas Rochosas e no Bakken também fornece petróleo adicional para exportação a partir da Costa do Golfo”, disse Ebel. “E, o mais importante, isso pode ser exportado para aliados dos EUA e garantir poder energético internacionalmente.”

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Ebel disse que não sabe se as tarifas se aplicarão ao petróleo e gás natural canadenses, mas a empresa está planejando para múltiplos cenários e continuará a fornecer serviços, independentemente da decisão do governo.

A Enbridge também vê uma chance, com a administração Trump, de concluir o trabalho no oleoduto Line 5, incluindo um túnel sob os Grandes Lagos que tem enfrentado oposição em Michigan.

“Essa é uma oportunidade significativa. E espero que a administração queira abordar, atendendo ao objetivo de superioridade energética americana”, afirmou.

Por Kevin Orland, com informações da redação InvestNews