A atividade econômica do Brasil (IBC-Br) quase não cresceu no mês em novembro, em meio à tentativa do Banco Central de controlar a demanda do consumidor com o aument das taxas de juros.

O índice de atividade econômica do Banco Central, que serve como termômetro do PIB, subiu 0,1% em relação ao mês anterior, um pouco acima da previsão de que não haveria mudança, segundo economistas pesquisados pela Bloomberg. Em relação ao ano anterior, o indicador cresceu 4,11%, de acordo com um relatório publicado na quinta-feira (16).

O banco também revisou o crescimento mensal de outubro para 0,09%, de 0,14% anteriormente.

A atividade geral na maior economia da América Latina está finalmente mostrando sinais de arrefecimento após vários trimestres mais fortes do que o esperado. A renda disponível das famílias foi impulsionada pelo baixo índice de desemprego e, no final do ano passado, o governo anunciou isenções fiscais para as famílias mais pobres. Ainda assim, os banqueiros centrais se comprometeram a aumentar as taxas para 14,25% até março, em comparação com o nível atual de 12,25%.

Juros estrangulam crescimento do Brasil

O setor de serviços, o principal motor da economia brasileira, foi o mais impactado com queda de 0,9% em novembro. Esse é o maior recuo mensal da atividade desde abril de 2023. Seguindo a mesma tendência, a atividade industrial encolheu 0,6% em novembro e o varejo, 0,4%.

A maioria dos analistas vê o Produto Interno Bruto se expandindo em torno de 2% este ano, em comparação com as expectativas de que a economia cresça perto de 3,5% em 2024.

A leitura da atividade de novembro mostra que a economia “não será capaz de desafiar o arrasto dos choques externos e internos”, escreveu Andres Abadia, economista-chefe para a América Latina da Pantheon Macroeconomics, em relatório.

“As taxas de juros mais altas, as condições financeiras desfavoráveis e a redução do estímulo fiscal serão os principais obstáculos”, acrescentou ele, embora a forte atividade agrícola e um mercado de trabalho firme “evitem um quadro mais grave”.

A demanda robusta nos últimos meses impulsionou a inflação anual ainda mais acima da meta de 3% do Banco Central. Em dezembro, os preços ao consumidor aumentaram 4,83% em relação ao ano anterior, já que os itens alimentícios e os produtos industriais ficaram mais caros devido ao clima severo e a um real mais fraco.

Uma economia forte foi um dos fatores que impulsionaram o aumento da inflação em 2024, escreveu o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, em uma carta pública publicada na semana passada. No entanto, há “pouca dúvida” de que os custos dos empréstimos estão caminhando para um nível “bastante restritivo”, disse o Diretor de Política Econômica da instituição, Diogo Guillen, na segunda-feira (13), acrescentando que está “confiante” de que o banco tem as ferramentas necessárias para controlar a inflação.

Os investidores estão monitorando de perto os gastos do governo, à medida que cresce o ceticismo em relação às promessas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de reforçar as contas públicas. Um pacote de austeridade que foi diluído pelo Congresso, juntamente com os planos para aumentar ainda mais o consumo entre as famílias de baixa renda, provocou uma derrocada no mercado financeiro no ano passado, levando o real a se enfraquecer e atingir um nível recorde de baixa.

Uma depreciação cambial “significativa”, impulsionada principalmente por fatores internos, foi um dos principais motivos pelos quais a inflação anual ultrapassou o teto da faixa de tolerância do banco em 2024, disse Galípolo.