A população da China diminuiu pelo terceiro ano consecutivo em 2024, embora os nascimentos tenham aumentado ligeiramente, ressaltando um risco persistente de longo prazo para a economia.
O número total de pessoas na China caiu em mais de 1,39 milhão, para 1,408 bilhão no ano passado, de acordo com dados divulgados pelo National Statistics Bureau na sexta-feira (17).
Nasceram cerca de 9,54 milhões de bebês, o que representa 520.000 a mais do que no ano anterior. Esse aumento pode se dever, em parte, à crença de que o Ano do Dragão no zodíaco chinês é um ano de sorte para ter filhos. Mesmo assim, esse foi o segundo menor número de nascimentos desde a fundação da República Popular da China em 1949.
“Muitos casais que adiaram a gravidez durante os três anos da pandemia de Covid-19 optaram por ter filhos em 2024 – essa é a principal causa do aumento”, disse He Yafu, um demógrafo independente. “Mas eu estimo que o número de recém-nascidos cairá em 2025.”
Para grande parte do mundo, a China foi por muito tempo o país mais populoso, mas décadas de políticas restritivas de planejamento familiar, aumento dos custos de cuidados com as crianças e mudanças nas normas sociais reduziram drasticamente sua taxa de natalidade. O número de recém-nascidos vem caindo constantemente desde a década de 1960, exceto por um breve aumento em 2016, quando o governo relaxou sua política de filho único.
O último declínio populacional aumenta a diferença da China em relação à Índia, que a ultrapassou como a nação mais populosa em 2023. A nação do sul da Ásia está agora se aproximando de 1,45 bilhão de pessoas, de acordo com as estimativas das Nações Unidas.
A Bloomberg Intelligence prevê que a população da China diminuirá para 1,36 bilhão até 2035, um nível não visto desde 2012, embora isso possa ser adiado se os casais puderem ser persuadidos a ter mais bebês. Em outubro, as autoridades se comprometeram a apoiar melhor as famílias com vários filhos, inclusive ajudando com moradia, assistência médica e emprego.
Os desafios demográficos da China podem acabar prejudicando as perspectivas econômicas do país, uma vez que a redução da força de trabalho pressiona o crescimento. Além disso, o aumento da população idosa aumentaria a pressão sobre o sistema previdenciário subfinanciado.
No ano passado, a China disse que aumentaria gradualmente a idade de aposentadoria pela primeira vez desde 1978, apesar do descontentamento público que a decisão causou.